“Um ano depois: o que relataram as mulheres de diferentes gerações” a propósito dos sentimentos em relação à covid-19? Foi este o tema que deu mote ao mais recente relatório “Diários de uma Pandemia”, desenvolvido pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) em parceria com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).
De acordo com os resultados agora divulgados, sentimentos negativos como “tristeza, ansiedade, desespero e depressão” foram os que mais prevaleceram junto das “mulheres mais jovens”, com mais de um terço das inquiridas a manifestar esses sentimentos.
Estas foram, contudo, sensações que “diminuíram com a idade”, ainda que quase metade das mulheres, entre os 30 e os 39 anos, admitam tê-las sentido. Um sentimento que, realça o estudo, foi mais frequente nas mulheres (54,6%) com crianças até aos 10 anos.
De acordo com os investigadores, a generalidade dos indicadores relacionados diretamente com a infeção mostra “frequências semelhantes entre mulheres e homens”. Contudo, os “indicadores de bem-estar foram quase sempre menos favoráveis entre as mulheres”.
No que respeita aos sentimentos das mulheres durante a pandemia, houve uma discrepância entre as mulheres mais novas e as mais velhas, com estas últimas a admitiram como maior receio a possibilidade de contraírem a infeção pelo SARS-CoV-2, ao invés dos sentimentos negativos apontados pelo primeiro grupo.
“24% das mulheres com 60 ou mais anos e 22% das mulheres entre os 50 e 59 anos afirmaram ter medo de ser infetadas, sempre, quase sempre ou muitas vezes”, revelou o estudo, indicando ainda que estas foram as que mostraram também “uma maior preocupação com a sua saúde e a dos entes queridos”.
Em relação às pessoas infetadas pelo novo coronavírus, o estudo “Um ano depois: o que relataram as mulheres de diferentes gerações” mostrou que, durante o último ano, mais de 50% das mulheres inquiridas, com menos de 30 anos, contactaram com um caso positivo de covid-19, sendo este grupo que reportou “mais infeções no agregado familiar”.
“Foram as mulheres mais velhas que reportaram menos contactos de risco, menos necessidade de isolamento profilático e menor risco percebido de infeção”, salientaram os investigadores.
O estudo envolveu um total de 3.674 inquiridos, 2.636 dos quais do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos ou mais.
Recorde-se que o relatório “Diários de uma Pandemia” foi lançado durante o ano passado, com o objetivo de perceber o que mudou na vida da população desde o primeiro confinamento e a forma como se têm vindo a adaptar à pandemia. A iniciativa conta com a colaboração do jornal Público.