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Recheio 2024 Institucional

Estudantes do ensino superior reclamam mais apoios sociais

Interromper os estudos e começar a trabalhar para poder, mais tarde, concluí-los é, muitas vezes, a única solução encontrada pelos alunos do ensino superior, que reclamam mais apoios sociais.

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É cada vez maior o número de estudantes do ensino superior que, com pais desempregados ou a receber o salário mínimo, ponderam interromper os estudos e começar a trabalhar para que, posteriormente, tenham condições de os prosseguir. A aquisição de materiais para as diversas disciplinas, as propinas, a alimentação, o alojamento e o transporte estão, normalmente, na origem da corrida às bolsas de estudo e a outros apoios. Em declarações à Lusa, João Miguel Pontes, caloiro de Ciências de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) explicou que as dúvidas e dificuldades em concorrer a uma bolsa de estudo decorreram, sobretudo, da condição peculiar de possuir, simultaneamente ou em função do entendimento de quem processa as candidaturas, um agregado familiar ora “demasiado grande” ora composto por si só. O estudante, natural de Vila do Conde, usa o metro diariamente para ir às aulas no Porto, mas como cresceu acompanhado pela instituição de ação social Casa da Criança, naquela cidade, os obstáculos que defrontou na candidatura à bolsa de estudo “passavam mais por documentos pessoais e a nível de família”, dado que o agregado familiar, “como estava no colégio, era bastante grande”. Desta forma, João Miguel Pontes está à espera de uma resposta dos serviços sociais da FCUP quanto ao deferimento da sua candidatura a uma bolsa de estudo, que lhe permitirá fazer face às “dificuldades a nível de transporte e [da compra] de materiais”. “Acho que até lá consigo aguentar-me. Como no secundário consegui ganhar dinheiro através de bolsas de mérito, uso esse dinheiro para me safar, por assim dizer, mas também a Santa Casa da Misericórdia ajuda-me quando é preciso”, contou.
Igualmente à espera de uma resposta dos serviços académicos estão Catarina e Cristiana, do 3.º ano de Ciência da Engenharia. “O meu pai está desempregado já há dois anos, a minha mãe ganha o salário mínimo e, portanto, preciso”, resumiu Catarina, acrescentando que, para poder tirar mestrado, “que ainda é mais caro”, deverá ter de “parar um ano para trabalhar e angariar dinheiro “. Para a colega de turma, Cristiana, pedir bolsa para este ano letivo, algo que faz pela segunda vez durante o curso, “não foi assim tão difícil”, porque já tinha “as coisas prontas desde o primeiro ano.” “No primeiro ano, se não me engano, recebi quase dois mil euros de apoio, mas a minha irmã gémea recebeu mil, por isso não sei quais são os critérios”, contou, partindo do princípio de que passarão pelo facto de uma irmã estudar num politécnico e outra numa universidade pública. “Só as propinas são mil euros, por isso é preciso um esforço dos pais para pagar casa, contas, transportes… não é fácil, temos de fazer um esforço”, acrescentou a estudante.

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