
O Dia de São Bartolomeu assinalou-se esta quinta-feira, dia 24 de agosto, e até há quem já tenha ido dar um mergulho para “afastar todos os males”, mas “o ponto alto” das festas em honra ao padroeiro, o Cortejo do Traje de Papel, ainda está por vir. Este domingo, dia 27 de agosto, às 10h00, o desfile sai do Jardim das Sobreiras, na Cantareira, e “só termina no «banho que vale por sete», no mar da Praia do Ourigo”.
Cerca de 500 pessoas vão sair à rua e dar “corpo e vida” ao tema que une as freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. Portanto, “se vir Amália Rodrigues, D. Afonso Henriques, mas também as vinhas do Douro ou a Torre dos Clérigos a desfilar pela Foz, não se espante. Ou melhor, espante-se”. Espante-se pois os trajes feitos de jornal são incríveis e deixam qualquer um, portuense ou visitante, espantado.
De acordo com a notícia avançada pelo portal da autarquia, o tema deste ano é o Património Material e Imaterial da Humanidade. Ora não fosse este mesmo cortejo candidato ao título.
O intuito da candidatura, além de preservar a tradição, é “trazê-la aos olhos do mundo”, afirma Tiago Mayan Gonçalves, presidente da União de Freguesias. “Identificámos uma oportunidade de, atendendo à natureza desta tradição e percebendo que ela tinha, de facto, um caráter muito único, associá-la a uma candidatura a Património Imaterial da Humanidade”, explica o autarca.
Quanto aos trajes, estes são feitos artesanalmente pelas pessoas locais e voluntários num processo que dura meses. São roupas feitas de jornal, como no início da tradição, “trabalhos manuais, cestos, sacholas, chapéus em cartão”, cosidos e colados, para dar forma ao que enche os olhos de quem assiste ao cortejo.
Joana Bourbon, designer e participante no cortejo, recriou “as inconfundíveis roupas de Amália Rodrigues, Carminho, Mariza ou Maria da Fé” a fim de “contar a história do Fado através das grandes protagonistas”.
Para a artista, esta é “uma oportunidade de mostrar a todos que nós temos coisas tão incríveis, manualidades e uma cultura que pode, perfeitamente, estar lado a lado com o resto da Europa”.
E, se está a perguntar-se porque é que o cortejo termina com um banho no mar, saiba que, além das superstições de cura e boa fortuna, é também um sinónimo de alívio para quem passou meses a trabalhar para manter a tradição viva.
“É um pouco o terminar de um ciclo, depois de tanto tempo de trabalho árduo, é o alívio de ter corrido tudo bem e um sentimento de alegria por fazer acontecer esta tradição há tanto tempo”, diz Ana Catarina Ferreira, vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira.
Em modo de conclusão, Manuel Picarote, cujos antecessores participam nos festejos desde 1963, remata: “Festa é festa. São Bartolomeu é São Bartolomeu. De uma forma ou de outra, o que interessa é que se faça, que se mantenha viva esta chama e que as pessoas da Foz, uma Foz agora mais alargada, continuem a aderir”.
Foto: Miguel Nogueira