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Junta da Galiza

Dulce Félix

Dulce Félix

“Foi o ponto mais alto da minha carreira. Subir ao pódio e ouvir o nosso Hino a tocar, sabendo que fui eu que conquistei esse momento… até me arrepio”

Se a expressão popular “dar corda à sapatilha” fosse exemplificada através de uma pessoa, o nome provavelmente seria este: Dulce Félix. A atleta, nascida na cidade berço, Guimarães, já foi campeã europeia de 10 000 metros, tendo ganho múltiplas medalhas que enchem os portugueses de orgulho. Como se ser um nome de referência no desporto nacional já não fosse tarefa suficiente, concilia a excelência no atletismo com uma loja de roupa e com a maternidade.

Dulce Félix esteve à conversa com a VIVA! e contou-nos um bocadinho de tudo, sobre um percurso que tem tanto de admirável como de inspirador.

A Dulce começou no atletismo com 12 anos, ainda criança. Lembra-se do que é que lhe fez ter vontade em ingressar no atletismo?
Lembro-me perfeitamente. Eu andava na escola, e com uma amiga, decidimos, em conjunto, ir para o atletismo, no clube ACR Conde. Na altura, era o único desporto que existia na nossa freguesia. No fundo, era a única maneira de estarmos todos na brincadeira, era onde os nossos pais nos deixavam estar.

Hoje, certamente, a seriedade com que encara o atletismo não é a mesma relativamente a quando começou. Quando a nossa paixão se transforma num trabalho, ainda por cima com metas exigentes, acha que é possível manter a inocência de alguém que fazia desporto apenas por prazer? É possível continuar a amar uma modalidade, mesmo quando ela exige tanto de nós?
Eu, no início, e como qualquer miúdo, levava o desporto como uma brincadeira, mas depois comecei a fazer algumas provas e os resultados eram positivos. Eu treinava com o treinador Paulo, que era uma belíssima pessoa. Ele gostava muito de atletismo e fez com que outros treinadores de outro clubes como o Futebol Clube Vizela me viessem buscar. Quando cheguei ao Vizela, fui treinar com o Senhor Joaquim Santos, que fez toda a minha formação no atletismo e me fez gostar da modalidade. Ele sempre viu que eu tinha talento para a modalidade. Posso dizer que me fui apaixonando, cada vez mais, pelo atletismo e pelos resultados que ia alcançando. É óbvio que é muito exigente, mas quando fazemos aquilo que gostamos, tudo supera a exigência..

Foto: @dulcefelix31

A Dulce é um exemplo de superação. Para levar o nome de Portugal bem alto, teve de sacrificar-se de forma a conciliar o trabalho com o atletismo. Como é que se gere uma vida familiar, pessoal, profissional e também de atleta?
Todos os dias, tento superar-me. Depois da minha filha nascer, ela sempre esteve em primeiro lugar em tudo, mas temos que ter sempre um apoio familiar. Às vezes, não é fácil conciliar tudo, porque queremos estar a 100% em tudo, mas tento sempre ter um pouco de tempo para mim, na medida em que tenho que estar bem comigo para depois estar bem para os meus amigos, família, marido e para a minha filha, que é a minha maior motivação e força para lutar.

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Num país onde o futebol é rei, o que é que acha que deveria ser feito para que as gerações vindouras de atletas se possam dedicar apenas ao atletismo?
Não nos podemos comparar com o futebol, que é o desporto rei do nosso país. No entanto, acho que as outras modalidades mereciam mais reconhecimento. Deviam dar-nos o devido valor, porque nós lutamos sempre por levar o nosso país bem longe.

Foto: World Athletics

Para quem não consegue sequer imaginar, como é que é participar nos Jogos Olímpicos? Como é o dia-a-dia na aldeia olímpica?
Sempre sonhei em estar nos Jogos Olímpicos, que são o maior palco de todos. Tive essa oportunidade, pela qual lutei muito para lá estar. Fiquei super feliz, porque é, no fundo, ver o nosso trabalho recompensado. Estar na Aldeia Olímpica também é brutal, por termos a oportunidade de estar com atletas de outras modalidades, de realidades completamente diferentes da nossa. São, sem dúvida, momentos que ficam para a nossa história…

De todos os momentos que já viveu no atletismo, qual aquele que recorda com mais carinho?
De todos os momentos, recordo com muito carinho aquele em que fui Campeã da Europa de 10 000 metros. Foi lindo. Foi o ponto mais alto da minha carreira. Subir ao pódio e ouvir o nosso Hino a tocar, sabendo que fui eu que conquistei esse momento… até me arrepio. Foi brutal, mesmo.

Ao longo do seu percurso, passou por vários clubes já. Naturalmente que todos eles acabam por ser importantes à sua maneira. No entanto, se tivesse de destacar o que mais a marcou em cada um, o que é que seria?
Todos os clubes foram importantes na minha carreira. Foi cada um deles que me fez crescer como atleta e chegar até onde eu cheguei. Só tenho uma palavra para cada um desses clubes: obrigada!

Foto: @dulcefelix31

A Dulce tem uma filha ainda pequenina. Gostava de a ver seguir as pisadas da mãe?
Tenho uma filha de 5 anos, a Matilde. Estou aqui para a apoiar em tudo o que ela quiser ser. Nunca a irei forçar para que seja atleta de atletismo.

Esperemos que esse dia ainda esteja muito longe, mas eventualmente deixará de ser atleta, um dia. Gostaria de se manter ligada ao atletismo ou há alguma área que, quando deixar o desporto, sente que deve experimentar?
Já estou quase em final de carreira, mas gostava de ficar ligada à modalidade, até porque vai fazer sempre parte da minha vida. Juntamente com a minha irmã, abrimos uma loja de roupa de criança chamada “Félix Sister’s Fashion”. No entanto, sem dúvida que não me vejo fora do desporto.

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