“O Porto tem uma magia diferente, quando atravesso a ponte do Freixo a minha alma respira, estou em casa.”
A VIVA! esteve à conversa com Diana Monteiro. Muito possivelmente, conhecerá a artista por ter participado nos Morangos com Açúcar, no entanto é também na música onde a cantora pop portuense tem apostado.
Enquanto “LA DIANNA”, nome artístico de Diana Monteiro, a artista já lançou temas como “Mulher” ou “Solteira”, que já somam vários milhares de reproduções, nas plataformas digitais.
Na conversa com a VIVA, a artista falou-nos um bocadinho sobre o seu percurso pessoal e profissional.
Revista Viva (RV): A Diana é atriz, cantora, apresentadora. De todas as coisas que já fez e continua a fazer, qual é que é a área onde se sente mais confortável? Abdicaria de alguma?
Diana Monteiro (DM): Não me sinto apresentadora, fiz apenas um projeto neste registo, por isso abdico facilmente dessa área. Cantora e atriz sim, eu respiro música de forma natural, desde que nasci, estudei música e escrevo e canto a todo o momento, é algo que faz mesmo parte de mim. Representar eu descobri que tinha jeito, quando entrei nos Morangos com Açúcar e mesmo assim não me apercebi totalmente. Depois dos Morangos, tive algumas aparições na Série Beirais, depois fiz uma novela chamada “ Mundo ao contrário”, na TVI, e só depois, quando o Nicolau Breyner me chamou para fazer o filme “Virados do Avesso”, é que eu comecei a perceber que viam algo em mim que eu própria não sabia que tinha. Amava voltar a fazer cinema um dia.
RV: Se entrasse numa espécie de máquina do tempo e pudesse ver, em criança, aquilo que é agora, ficaria espantada com o sucesso artístico que tem tido?
DM: Ficaria sim, mas acima de tudo orgulhosa por ter conseguido manter-me na indústria. O sucesso é muito relativo, eu tive projetos melhores e outros não tão bons, uns que correram bem e outros que nem por isso, mas ser resiliente é uma qualidade que eu tenho desde sempre e que me ajudou a não desistir. Como Diana Monteiro tenho um projeto a solo chamado ”LA DIANNA” e estou a conseguir coisas muito bonitas na música com este projeto. Mas ainda não atingi o sucesso, está a ser construído e eu estou ok com isso! Acho que a Diana criança ficaria muito feliz por tudo aquilo que teve oportunidade de experimentar numa indústria tão difícil!
RV: A Diana nasceu no Porto. Diria que a alma da cidade moldou-a, de alguma forma? O que mais a orgulha em ser portuense?
DM: Tenho muito orgulho em ser do Norte, acho que tenho uma garra que nos é muito característica, lembro-me quando cheguei a Lisboa, há 15 anos, e me diziam que se via logo que eu era uma mulher do norte e isso fazia-me sentir especial! O Porto tem uma magia diferente, quando atravesso a ponte do Freixo a minha alma respira, estou em casa.
RV: Falando um pouco no percurso dos Morangos com Açúcar, a Diana interpretou a personagem “Carolina”, onde fez parte da banda Just Girls. Diria que esta experiência foi essencial, para hoje seguir a música?
DM: Eu já cantava, tive bandas na escola, fiz muita coisa antes, mas claro que foram os Morangos que me ajudaram a dar o salto. Foi ali que me dei a conhecer ao público e sem dúvida que foi onde eu percebi que era mesmo isso que eu queria fazer: cantar!
RV: Associado aos Morangos com Açúcar, é impossível não falar nas bandas da série. Diria que o que aconteceu com os D’Zrt, nos últimos tempos, que deram vários concertos, poderia acontecer no futuro com as Just Girls? Haveria abertura por parte da banda a regressar em força, de forma definitiva?
DM: É muito cedo para responder a isso, nós ainda estamos muito focadas no concerto Reunião, queremos absorver essa experiência e depois disso vamos poder parar e falar do futuro.
RV: O que é que podemos esperar da grande “Reunião”, no dia 8 de junho?
DM: Podem esperar um concerto diferente de tudo aquilo que viram das Just Girls no passado, mas que ainda assim vos vai transportar para aquela era. Vai ser uma viagem ao início dos anos 2000 com um cheirinho de 2024!
RV: Na biografia de Instagram, a Diana descreve-se como uma “apaixonada por moda”. Estabelece algum paralelismo entre o que veste e a música que cria?
DM: Muito! Eu não consigo imaginar uma coisa sem a outra. A música para mim precisa da componente visual e estética. A música é para os ouvidos e alma e a moda para os olhos. Tudo junto é uma explosão sensorial, não me conseguiria expressar totalmente se não aliasse as duas coisas.
RV: No seu projeto musical a solo, as raízes latinas são bem vincadas. Diria que a cativa mais cantar em espanhol do que em português? Musicalmente, o que é que aprecia mais em cada um destes idiomas?
DM: A “LA DIANNA” é um lado meu que o público até ao dia de hoje desconhecia, a minha ligação a Espanha, por parte do meu pai. Eu cresci entre os dois países mas grande parte da minha família vive em Madrid. Cresci a falar as duas línguas e ambas fazem parte de mim, neste momento estou a amar escrever e cantar em espanhol, percebi que é onde me encaixo. É muito natural para mim então estou a deixar -me levar e a compor um álbum todo em espanhol que vai sair este ano ainda .
RV: Ainda que seja bastante bem-sucedida na música que faz, consideraria, no futuro, enveredar por outro estilo musical? Tem curiosidade em experimentar outras sonoridades?
DM: Eu considero que as Just Girls foram bem sucedidas e que alcancei muita coisa com esse projeto, mas a solo ainda sinto que estou a caminhar. Só agora encontrei a minha sonoridade, portanto, para já, a “La Dianna“ vai continuar a fazer música em espanhol, mas eu sinto que apesar de cantar em espanhol eu sou uma cantora pop, tudo que faço mesmo sendo noutra língua será sempre pop e o pop mistura-se com muita coisa. No meu álbum tenho músicas mais eletrónicas, outras reggaeton, tenho muitas influências no álbum, mas sou e serei sempre pop!
RV: Na sua música “Mulher”, fala sobre as mulheres serem postas em caixas e sempre rotuladas. Citando a própria letra, a Diana diria que, com o seu trajeto, tem conseguido superar eventuais “expectativas baixas”?
DM: Sim, tenho. A música “Mulher” é um grito, fala de experiências pessoais, mas eu acho que reflete a realidade de muitas mulheres. Temos sempre que superar as expectativas em dobro e mesmo assim muitas vezes não chega. Eu não quero provar nada ao mundo, apenas a mim própria e se pelo caminho ajudar outras mulheres a sentirem-se capazes de superar os obstáculos, então aí a missão está cumprida.
RV: Para além de cantar, a Diana também escreve. De tudo o que envolve a criação de uma música, o que é que mais a fascina no processo criativo?
DM: Escrever canções é a parte melhor do processo, quando vou para estúdio com o meu produtor normalmente o processo começa por falar, acontece de forma natural. Começamos a falar do que se tem passado na nossa esfera e também no que temos observado do mundo, coisas muito “random” às vezes mas que despertam ideias, que provocam sentimentos e normalmente começamos a construir ali no momento. Temos sido apenas nós os dois nesta viagem e posso dizer que é o que mais amo, ir para estúdio e fazer música. Deixo toda a minha alma ali e saio leve, pronta para viver mais!
RV: Passatempos favoritos?
DM: Estar com o meu cão , viajar , sou viciada em documentários sobre tudo, adoro experimentar restaurantes diferentes, desporto não vivo sem, e adoro tudo que seja arte e cultura .
RV: Pratos favoritos?
DM: Comida italiana, massa, japonês e o cabrito e cozido à portuguesa da minha mãe.
RV: O que é que faz que mais irrita os outros?
DM: Sou muito “control freak” (risos).
RV: O que é que os outros fazem que mais a irrita?
DM: Odeio pessoas mal educadas e sem empatia.
RV: Quando, daqui a uns anos, se falar em Diana Monteiro, o que é que mais gostava que dissessem sobre si?
DM: Gostava que dissessem que “a Diana nunca teve medo de se reinventar e marcou a minha geração“.