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Descoberta Ipatimup

Descoberta Ipatimup
Portuguesa propõe método de deteção precoce do cancro do pâncreas

A investigadora Sónia Melo, do Instituto de Patologia Molecular e Imunologia da Universidade do Porto (Ipatimup) descobriu um novo método de diagnóstico precoce e não invasivo do cancro do pâncreas através de uma análise ao sangue. O estudo, publicado esta semana na revista “Nature”, veio mostrar que uma proteína minúscula, identificável através da referida análise, é a resposta que faltava para a identificação de um dos cancros mais letais na atualidade. A proteína em causa, que se chama GPC1 (de glypican-1), poderá, assim, ser utilizada como biomarcador deste tipo de patologia, antes mesmo de a lesão ser detetável por ressonância magnética.

De acordo com dados da CUF, todos os anos “surgem, em Portugal, cerca de 500 casos novos de doentes com cancro do pâncreas”. A prevalência da doença estabilizou nas últimas décadas, mas esta continua a ser a “a terceira neoplasia maligna mais frequente do tubo digestivo em Portugal e a segunda no mundo ocidental”, logo após o cancro do cólon. Os métodos de diagnóstico precoce são praticamente inexistentes e, por isso, na maioria dos casos, este cancro acaba por ser fatal: quando é detetado, em estado avançado, já ‘contaminou’ outros orgãos, dificultando o tratamento.

A investigação liderada por Sónia Melo poderá, desta forma, representar uma nova esperança neste campo, revelando que o cancro do pâncreas produz, no sangue dos pacientes, uma espécie de “assinatura biológica” reveladora da sua presença: a tal proteína GPC1. Assim, as lesões malignas no pâncreas poderão passar a ser detetadas ainda em estado inicial (quando ainda não são percetíveis por ressonância magnética). “Iniciámos este estudo no final de 2013 e avaliámos dois grupos de pacientes alemães, num total de 246”, informou a cientista, acrescentando que “o biomarcador funcionou em 100% dos casos, sem falsos positivos ou negativos para o cancro pancreático”.

ipat2Teste de diagnóstico para aplicação médica ‘a caminho’

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A patente do novo biomarcador já foi registada pela autora principal da investigação, juntamente com Raghu Kalluri, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. E segundo adiantou Sónia Melo, já existem negociações com vista ao desenvolvimento de um teste de diagnóstico de rotina para aplicação médica. A descoberta permitirá igualmente acompanhar a eficácia das opções terapêuticas, nomeadamente da quimioterapia, já que, tal como esclareceu a investigadora, os valores da proteína GPC1 no sangue poderão revelar se um determinado tratamento está a surtir o efeito desejado ou não.

Licenciada em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da U.Porto, Sónia Melo terminou em 2010 o Programa Graduado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada (GABBA), durante o qual passou pelo Ipatimup, pela Faculdade de Medicina da U.Porto, pelo CNIO-Centro Nacional de Investigaciones Oncológicas (Madrid) e pelo ICO-Institute Catalan de Oncologia (Barcelona). Após quatro anos de pós-doutoramento nos Estados Unidos (Harvard Medical School e MD Anderson Cancer Center), regressou ao Ipatimup em meados de 2014, como investigadora principal.

ipat3Medalha L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência assegurada no início do ano

De referir que, em janeiro de 2015, Sónia Melo foi uma das três jovens cientistas portugueses galardoadas com a Medalha L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, precisamente pelos seus estudos sobre exossomas (pequenas vesículas que, normalmente, circulam no sangue e nas quais está presente a GPC1 (associada ao cancro do pâncreas).

Lançado em 2004, numa parceria da L?Oréal Portugal, Comissão Nacional da UNESCO e Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o galardão visa “distinguir e incentivar o trabalho das mais promissoras jovens cientistas”, com menos de 35 anos, que desenvolvam a sua pesquisa em instituições portuguesas, com projetos originais no âmbito das ciências da saúde e do ambiente. Entre as 34 cientistas permiadas nas dez edições anteriores estão cinco da U.Porto: Sandra Sousa (IBMC, 2005), Maria Oliveira (INEB, 2009), Joana Marques (FMUP, 2010), Inês Gonçalves (INEB, 2014) e Joana Tavares (IBMC, 2014).

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