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Sabia que as mulheres da Maia foram as primeiras a usar calças em Portugal?

Sabia que as mulheres da Maia foram as primeiras a usar calças em Portugal?

Entre lavadeiras e leiteiras, galinheiras ou guardas da linha do comboio, foram várias as profissões desempenhadas pelas mulheres da Maia nos séculos XIX e XX, entre as quais as de pinheireiras, que exigia “grande destreza física” e as calças do marido, razão pela qual ficaram conhecidas como as primeiras mulheres a usar calças no país.

A história é contada no livro “A Mulher da Maia – da Maia à urbe portuense”, editado em setembro de 2018, pelo Clube Unesco da cidade maiata, com o objetivo de “conservar e homenagear o património cultural e imaterial da Maia”.

“A pinheireira mostrava uma grande destreza física e, em vez de apanhar as pinhas que se encontravam no chão, escalava as árvores. As calças que usava eram as do marido e, cá em baixo, as colegas tinham a função de apanhar as pinhas que ela, lá em cima, lançava”, recordou o jornal Público, na altura, a propósito de um trabalho que caracteriza como “duro” e que terminava com as mulheres a “percorrerem alguns quilómetros a empurrar um pesado carrinho de mão”.

As pinhas secas, explicou, por sua vez, Armando Mário Moreira Tavares, citado pelo Notícias da Maia, eram utilizadas para “vender nas casas ricas para uso das lareiras e nas grandes cozinhas”, de forma a “angariar alguns centavos para trocar por um naco de broa e uns pequenos couros com gordura”. Um trabalho que acontecia “mesmo ao lado de Moreira, em Vila Nova de Telha”.

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“Os ofícios que as mulheres ocupavam eram mais de 50. Uns mais residuais que outros, como é o caso das galinheiras ou das guardas da linha do comboio”, sublinhava ainda o Público, enquanto Armando Mário Moreira Tavares assegurava que profissão de pinheireiras era tão exigente que muitas mulheres ficaram irremediavelmente inutilizadas para sempre, como consequência de “monumentais quedas do cimo dos pinheiros bravos”.

As mulheres foram assim, “mão-de-obra muito importante na sociedade maiata”, trabalhando ao lado dos homens e sobre quem “pesava a organização as suas casas, tomando para si a responsabilidade acrescida quando o marido embarcava para além mar rumo ao Brasil”, acrescentou.

De acordo com os onze investigadores que assinam a publicação, o livro tem como objetivo “conservar o património cultural da Maia”, focando-se em questões relacionadas com a igualdade de género, que retratam “mulheres versáteis, polivalentes e laboriosas”.

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