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Pingo Doce- Revista Sabe Bem

Cremilda Medina

Cremilda Medina

“Músicas originais, mas com a essência do antigamente”

Cremilda Medina integra a nova geração de cantores/intérpretes da música tradicional de Cabo Verde, já reconhecida e premiada dentro da sua terra natal assim como a nível internacional. Propomos uma viagem pela sua ainda curta, mas promissora carreira.

Cremilda Medina apresenta ao público o seu primeiro trabalho completo de nome “Folclore” onde a cantora explora os ritmos tradicionais de Cabo Verde, em especial a morna e a coladeira, mas onde também se aventura pelo fado, numa composição, “Sou Crioula”.

As colaborações com referências são uma realidade bem presente. “Felizmente já tive algumas oportunidades, e espero vir a ter muitas mais, pois são momentos únicos. Pessoas que eu estava acostumada a ver e a ouvir nas rádios e nas televisões e de repente estava ao lado delas, em cima do mesmo palco, a cantar com elas, é uma coisa indescritível para mim”, começa por nos revelar a cantora.

Com a gravação do tema ‘Sou Crioula’, “o fado que tenho do meu álbum, tive a oportunidade de gravar com o Luís Guerreiro, o Luís Pontes e o Ricardo Cruz. No primeiro dia de ensaio para a gravação foi uma emoção única, estava acostumada a vê-los na televisão a acompanhar grandes nomes reconhecidos mundialmente como por exemplo a Mariza, Carminho, Carlos do Carmo ou a Cuca Roseta, e naquele momento estavam ali comigo, a tocar para mim, não consegui conter as lágrimas da emoção do que estava a sentir”, continua.

“A música para mim é isto, emoções, realizações, partilhas, vivências, sempre com a maior simplicidade possível para que eu possa aprender cada vez mais”, refere.

Folclore é uma viagem rica e fértil pelos ritmos, vivências e influências que Cremilda Medina vai somando ao seu percurso e que agora se aventura a reunir no seu primeiro trabalho.

cremilda_medina1Os próximos concertos para já serão em Cabo Verde, dia 8 de maio na ilha do Maio e dia 12 de maio na ilha da Boa Vista. “Está prevista uma ida também a Portugal em maio ou junho, mas ainda sem data confirmada. Estas são as datas já confirmadas, na esperança de que entretanto possam surgir mais”, revela-nos Cremilda Medina.

“Faz parte dos meus planos fazer um tour internacional, começando por Portugal em alguns sítios que eu adorava cantar, para isso estamos a equacionar algumas das hipóteses que temos em cima da mesa”, adianta.

Como começou a paixão: influências

“Comecei a cantar com nove anos, mas mais por brincadeira numa gala de pequenos cantores na minha ilha natal, São Vicente. Como gostei da experiência e as críticas que recebia eram muito boas, fui participando em algumas atividades culturais. Quando tinha 19 anos as coisas começaram a ficar mais sérias, pois foi aí que passei a fazer parte de uma banda musical de nome ‘Noites de Mindelo’. A partir daí, a música começou a ter um papel fundamental na minha vida”.

No entanto, acrescenta, “foi através da minha participação num programa televisivo de procura de novos talentos em 2011 que comecei a ser conhecida do grande público, pois era um programa que tinha transmissão televisiva e assim uma grande parte das pessoas ficou a conhecer não só a minha voz, como também a minha cara. Nesse mesmo ano venci o prémio de Melhor Intérprete Feminina na gala ‘Mindel Premio’, uma gala que se realiza anualmente na ilha de São Vicente, o que me deu mais ânimo para continuar em frente com a minha carreira”.

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“Ao longo dos tempos as minha maiores influências sempre foram os intérpretes de antigamente, muitos deles já falecidos pois com as suas interpretações conseguiam passar um sentimento muito forte, além das próprias letras já serem muito ricas, as suas interpretações levavam as músicas para outros patamares”, revela Cremilda Medina.

E descreve: “interpretar a nossa Morna para mim é uma grande responsabilidade, pois encaro isso como se em cada música que cante, é como seja o meu país que esteja a cantar, pois a ‘Morna’ é a música que define o povo cabo verdiano, assim como o fado em Portugal”.

cremilda_medina5Os reconhecimentos

Entre as referências musicais de Cremilda Medina podem-se citar Cesária Évora, Bana, Ildo Lobo, Paulino Vieira, Morgadinho, Titina Rodriguês, Nancy Vieira, Lura, entre tantos outros.

Este álbum “Folclore” já mereceu quatro nomeações nacionais nos CVMA – Cabo Verde Music Awards deste ano, onde a Cremilda está nomeada nas categorias de “Artista Revelação”, “Melhor Interprete Feminino”, “Melhor Morna” e “Melhor Coladeira” e mereceu já também uma nomeação Internacional nos IPMA – International Portuguese Music Awards na categoria de “Best World Music”.

Juntando as duas nomeações nacionais nos CVMA – Cabo Verde Music Awards do ano passado com o single “Raio de Sol” na categoria de melhor Morna e melhor Videoclip e a nomeação internacional também do ano passado com o mesmo single nos IPMA – International Portuguese Music Awards na categoria de Music Video of the Year, este álbum conta com oito nomeações, seis nacionais e duas internacionais.

O CD conta com produção musical de Kim Alves e participação de músicos de renome mundial como Catherine Bent, Scott Lesser, Melissa Bull, John Repiogle, Kim Alves, Luis Guerreiro, Luis Ponte, Ricardo Cruz, entre muitos outros.

“Até aos dias de hoje não tem sido um percurso fácil, pois o género de música que eu canto, a música tradicional de Cabo Verde, é um género que a juventude de hoje não liga muito, todos falam muito bem da música tradicional, mas são muito poucos aqueles que realmente se interessam por estes estilos musicais”, reconhece Cremilda Medina.

cremilda_medina8Como definir o álbum “Folclore”?

“Aqui tenho que destacar a força e carinho do Morgadinho, que me ajudou em muito neste álbum, compôs uma música especialmente para mim, ‘Sonho dum Criola’, que acaba por retratar na perfeição os meus sonhos”.

Mas não ficou por aqui: “Surgiu depois o desafio do Miguel em eu gravar um fado, onde tive a honra de ter o escritor José Eduardo Agualusa a escrever uma letra também propositadamente para mim, com música do Ricardo Cruz, músico e produtor que já produziu nomes como Mariza, Dulce Pontes, António Zambujo, entre muitos outros. Sendo eu de Mindelo, cidade conhecida como um ‘Brasilin’ que em português significa ‘Brasilinho’, devido ao seu Carnaval e como amante também destes ritmos, o meu álbum tinha de ter um samba, que o João Carlos Silva e o Anísio Rodrigues compuseram de forma sublime para mim”, explica-nos.

“Aqui podemos encontrar toda a minha essência assim como o regresso ao passado na música tradicional de Cabo Verde em especial com o meu estilo, a Morna”, remata a voz de “Sou Crioula”.

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