Há cerca de um ano e meio registou-se, em Portugal, o primeiro caso positivo por infeção do novo coronavírus, SARS-CoV-2. Aconteceu, precisamente, a 2 de março de 2020, na região Norte do país, tendo sido tratado no Hospital de Santo António. O segundo caso foi também detetado a Norte e foi, imediatamente, encaminhado para o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ): dois cidadãos do género masculino, o primeiro na casa dos 60 anos e o segundo na dos 30, ambos com ligações confirmadas ao estrangeiro.
Imediatamente, soaram os alarmes em Portugal e as atenções centraram-se, particularmente, na região Norte e nas duas principais unidades hospitalares da cidade do Porto, o São João e o Santo António.
A partir de então, multiplicaram-se os números de novos infetados por covid-19, com casos a surgirem em, praticamente, todas as regiões do país. Uma verdadeira “bola de neve”, que colocou muitas preocupações sanitárias em Portugal.
Os casos registavam-se em todas as regiões de Portugal continental – Norte, Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Algarve. Contudo, alguns órgãos de comunicação social sempre puseram, com alguma evidência, acento tónico na circunstância de ser a Norte que se registava o maior número de casos e óbitos por covid-19.
Volvidos vários meses, e sabendo, agora, alguns meios que a velocidade a que o vírus se propaga extravasa estratos socioecónomicos, a tendência inverteu-se exponencialmente, pelo menos no que respeita ao número de óbitos, com a esmagadora maioria a concentrar-se, atualmente, em Lisboa e Vale do Tejo. A região concentra, atualmente, 7.538 óbitos e 395.619 casos de infeção por covid-19. Por sua vez, a Norte contabiliza um total 390.920 infeções e 5.478 mortes.
O mais recente boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde mostra, assim, que, para praticamente o mesmo número de casos por infeção SARS-CoV-2, se está a morrer muito mais na região de Lisboa e Vale do Tejo do que propriamente no Norte.
No entanto, curiosamente, os alarmes deixaram de soar com a mesma pujança…
A VIVA! tentou obter um comentário relativamente ao assunto em análise junto dos gabinetes de comunicação dos principais hospitais do Porto, nomeadamente o Centro Hospitalar Universitário do São João (CHUSJ) e o Hospital de Santo António, por considerar ser imperioso perceber as razões que levaram à morte, segundo os últimos dados, de mais 2.060 cidadãos em Lisboa e Vale do Tejo, em comparação com a região Norte.
O São João recusou tecer comentários, por se tratar de um “tema demasiado sensível”, e o Santo António, por ausência, em férias, do diretor clínico e do diretor de infeciologia, adiou a resposta. Adicionalmente, entramos em contacto com especialistas na área da saúde, que, pelo mesmo motivo do Santo António, remeteram uma resposta para o início do próximo mês.
Em causa, note-se, está uma questão de interesse público, à qual todos os cidadãos almejam uma resposta urgente e pela qual a VIVA! continuará a procurar respostas.