A peça “Lorenzaccio”, de Alfred de Musset, um dos nomes incontornáveis da dramaturgia francesa, estreia esta sexta-feira, 23 de outubro, no Palácio do Bolhão, fruto de uma coprodução do Teatro Nacional São João (TNSJ) e do Teatro do Bolhão.
De acordo com Alexandra Moreira da Silva, responsável pela dtradução e dramaturgia, a estreia nacional desta obra canónica da dramaturgia ocidental constitui um marco “hercúleo”, tendo em conta que, no próprio país de origem, foi considerada irrepresentável, pelo facto de o número de personagens e as mudanças bruscas de lugar não facilitarem o processo.
“Por outro lado, sempre que foi feita a tentativa de levar o texto à cena, razões de censura moral ou política alteravam o espírito ou amputavam o contexto. Por cá, já desde a sua fundação que o próprio Teatro do Bolhão ambicionava levar “Lorenzaccio” à cena”, explica.
No programa de sala do espetáculo, o Teatro do Bolhão apresenta Lorenzaccio como um espetáculo sobre uma cidade: “um ser coletivo feito de inúmeras vozes, comunidade humana que a corrupção política destrói e divide, ou seja, traduz uma das mais significativas preocupações do mundo atual: a inexistência de um sistema de valores que consiga confrontar-se com a degradação política generalizada e com um poder que aprende a dissimular-se de um modo cada vez mais sábio”, refere, em comunicado.
Contada a partir de relatos de Florença, do século XVI, a peça em cinco atos tem como protagonista Lorenzo – conhecido pelo nome depreciativo “Lorenzaccio” porque frustra os ideais de mudança. Este jovem inquieto acaba por assassinar o seu primo, o duque Alessandro de’ Medici, numa tentativa de resgatar “a sua virtude”, também ela tomada e abalada pelos vícios, numa crítica a uma sociedade em decadência.
Com encenação de Rogério de Carvalho, o espetáculo pode ser visto às quartas e quintas-feiras às 19h00, às sextas-feiras e sábados às 21h00 e aos domingos às 16h00, até 14 de novembro.
O preço dos bilhetes é de 10 euros.
Foto: João Tuna