
Falar na cidade do Porto é falar, invariavelmente, em história. A cada recanto da cidade, a cada ruela, há sempre alguma coisa por descobrir, isso é certo. Uma imensidão de primeiras vezes que são tantas, que já nem delas fazemos caso. No entanto, estamos cá, também, para isso.
Para falar do presente e do futuro da nossa Invicta, mas também para recordar o seu passado. Afinal de contas, é preciso sermos conhecedores da nossa história, de forma a valorizarmos mais o que temos, que diga-se de passagem, é tanto!
Dessa forma, a VIVA! convida-o a entrar numa espécie de “Máquina do Tempo”. Nesta cápsula do tempo imaginária, viaje connosco até ao ano de 1877, aquando da fundação do “Grande Hotel de Paris”, o mais antigo hotel da cidade Invicta.

Faça de conta que desce as imponentes escadarias de mármore branco, atravessadas por uma passadeira vermelha. Enquanto faz o check-in, imagine-se a cumprimentar Guerra Junqueiro, Rafael Bordalo Pinheiro, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós. Sim! Todos estes nomes têm algo em comum, que é o facto de terem estado hospedados no Grande Hotel de Paris, o célebre edifício localizado na Rua da Fábrica, na Baixa do Porto.
Tal como refere a Evasões, o hotel, na época, era marcado por claras influências da Belle Époque, num espaço interior que sempre se encontrou repleto de madeira, “desde a receção com as suas paredes trabalhadas pintadas de branco e azul bebé, até ao bar e sala de refeições”.

Outro ponto de interesse acerca do hotel baseia-se na presença de objetos que se associam a épocas mais antigas. No local, objetos como uma máquina de costura Singer, um gramofone, uma máquina de escrever ou de registar serviam de adornos a um espaço pautado por uma beleza ímpar. Objetos tão comuns à época, mas que, hoje, são autênticas relíquias, raríssimas de encontrar em hotéis.
Um ponto de interesse do local que sempre serviu de ex-libris é a sala de refeições, o maior espaço comunitário do hotel, envolto por janelas, através das quais se podia observar um esplendoroso jardim repleto de arvoredo, num cenário que mais parece saído de um postal.

Mesmo ao lado dos pequenos-almoços, a tradição era seguir para a Sala Dupuy, onde se podia usufruir de verdadeiros momentos de lazer, através de “jogos de tabuleiros, baralhos de cartas e diversas fotografias nas paredes, com datas entre 1920 a 1964, e com legendas que contam parte da história do hotel” (via Evasões).
Há sempre algo de romântico em remontar ao passado, mas, agora, passemos deste para o presente. Como tudo o que é antigo, a tendência é haver algum desgaste. Assim, e na tentativa de dar uma nova vida ao local, o Grande Hotel de Paris esteve encerrado para obras, desde 2021, quase durante 2 anos, para uma “remodelação profunda” e “expansão”, que fez com que, de 42 quartos, o espaço passasse a contar com um número total de 79 quartos, pouco menos do dobro.

Este rejuvenescimento do Grande Hotel de Paris foi levado a cabo pela Stay Hotels, que, na voz do administrador do grupo, Jorge Bastos, salienta que “sempre foi um marco na cidade e estamos orgulhosos de trazer este empreendimento de volta à vida de todos os portuenses” (via Público).
Desde os quartos, à sala para pequenos-almoços, até aos espaços comuns e partilhados pelos visitantes, o site oficial do Grande Hotel de Paris reforça que, ainda que o espaço esteja perante uma nova vida, a beleza do antigo permanece, sendo que “a relevância histórica do edifício na cidade do Porto é evidente em cada detalhe”. Se é exatamente como era antes? Certamente que não, mas uma coisa é certa: o ADN e a mística de um local tão nosso e que albergou nomes como Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco continua bem presente.
Assim, garante-se a manutenção de um hotel que continua a fazer os seus visitantes remontar a épocas do século XIX, ainda que com um toque mais contemporâneo, que promete fazer o deleite de todos aqueles que pretenderem pernoitar pelo Grande Hotel de Paris, no Porto.
Fotografia de destaque: Stay Hotels