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Conheça a história de 5 expressões que só se usam no Porto

Conheça a história de 5 expressões que só se usam no Porto

Diz-se, e bem, que a cultura é a alma de um povo. Assim sendo, se o Porto é uma cidade especial, não é apenas pela sua história e pelo que esta significa, tanto para nós, portuenses, como para o resto do país. É também pelas suas gentes, pelos seus trejeitos, e pelos maneirismos tão típicos que só se podem mesmo encontrar na Invicta.

Se está familiarizado com a cultura portuense, certamente sabe que existem algumas expressões que apenas nós sabemos utilizar. O mais engraçado de tudo? É que, algumas delas, são tão naturais que nem nos lembramos do que está por detrás das mesmas.

Desta forma, porque não sentirmo-nos “turistas” da nossa própria cidade por uns instantes e aprender a origem de algumas palavras que tanto gostamos de usar? 

Carago

Ora bem, comecemos pela expressão que, provavelmente, mais se associa ao Porto: a palavra carago, que advém do espanhol e significa um pau curto e grosso. Não é preciso ter nascido cá para já a ter ouvido, mas para nós, portuenses, é o “pão nosso de cada dia”.

Pode parecer esquisito, mas, para além do seu significado literal, associa-se a expressão carago à tradição dos marinheiros. O carago, ou carajo, como diziam os espanhóis, no fundo, é uma pequena cesta no ponto mais alto de um navio em que se pode observar o mar. No entanto, atenção, na altura, ir para o carago não era propriamente uma coisa boa.

Em muitos casos, funcionava como castigo para os marinheiros, atendendo ao facto de que era um local desagradável para estar, mais sujeito a chuvas fortes e muito vento.

Foto: Billiken

Chuço

Provavelmente, a expressão que se usa mais frequentemente, não só no Porto como no resto do país, é “guarda-chuva”, no entanto quem é que nunca ouviu falar no típico chuço

Ora bem, o que é que é um chuço? Supostamente, é uma vara aguçada que se utiliza para trabalhos que envolvam a terra. No entanto, é também uma arma, uma espécie de lança com ponta de ferro, que se associa maioritariamente a um modo de combate dos tempos antigos.

Curiosamente, o guarda-chuva assemelha-se a um chuço, o que pode fazer prever que a adoção do nome em questão pode-se dever às parecenças. No entanto, há outra teoria, ainda que haja quem a conteste. Quem terá razão? Não sabemos, mas diz-se que a marca de guarda-chuvas Chussol, que existe há mais de 50 anos, para a criação do nome, partiu da expressão chuço.

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Foto: Educalingo

Fino como um alho

Cá no Porto, quando queremos elogiar alguém pela sua inteligência, é comum dizermos que essa pessoa é “fina como um alho”. Provavelmente, nunca refletimos sobre a expressão, mas o mais engraçado é que, neste caso, o “alho” não é aquele que estamos a pensar e que usamos para temperar a carne, é mesmo um nome próprio.

A expressão faz alusão ao mercador Afonso Martins Alho, que, no século XIV, foi responsável por estabelecer um tratado com os ingleses, tendo conseguido condições extremamente vantajosas para os portugueses.

O mercador era da cidade do Porto, pelo que a Invicta, carinhosamente, adotou a expressão em homenagem a um homem que se destacou pelo seu perfil astuto e pela capacidade que teve de defender os interesses, não só da cidade como do país.

Foto: Pintura na Câmara Municipal do Porto; excerto de foto de Emanuel Rocha, 200

Vai no Batalha

Todos temos aquele amigo, colega de trabalho, ou até mesmo familiar, que, quando fala, sentimos que não está a dizer a verdade. Ou isso ou, pelo menos, dá a sensação que está a exagerar a realidade.

Quando tal acontece, é frequente dizer-se “oh, vai no Batalha!”, que é como quem diz, “que grande filme estás a fazer”. Ora bem, juntando as peças do puzzle, é possível estabelecer uma ligação entre a expressão em si e o icónico Cinema da Batalha, um dos espaços culturais mais emblemáticos da cidade Invicta.

É frequente dizer-se também que “vai no Batalha”, quando já não sabemos de alguma coisa. Por hipótese, se alguém perguntar “onde é que está o casaco?” e a resposta for “O casaco já vai no Batalha”, é como quem diz que já está numa realidade distante, que só se pode encontrar, claro está, na ficção exibida no Cinema da Batalha.

Foto: António Passaporte / Arquivo CMP

Molete

Quem nunca foi a uma padaria e pediu meia dúzia de moletes? No fundo, esta palavra “inventada” pelas gentes do Norte, mais concretamente do Porto, significa “pão”, no entanto, é curioso saber a origem por detrás desta palavra, que foi apropriada da língua francesa.

A palavra original é mollet, tendo passado a ser usada pelos portuenses, aquando do ataque dos franceses ao Porto, em 1809. Na altura, reza a lenda que o general Mollet, aquartelado em Valongo, era um grande apreciador de pão, principalmente ao pequeno-almoço.

No entanto, como os homens eram muitos, os pães tinham de ser confecionados em porções mais pequenas, para servirem para todos os combatentes. Assim, aqueles pequenos pãezinhos de Valongo (concelho muito forte no setor da panificação), passaram-se a chamar moletes.

Foto: Autor Desconhecido (via João Carlos Brito)
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