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Colégio Novos Rumos

Colégio Novos Rumos
Por uma educação “muito especial”

São pais que conjugam uma vida profissional com a gestão, em regime de voluntariado, da única escola que conseguiu devolver o sorriso aos seus filhos. Com um percurso de duas décadas de história, o colégio Novos Rumos – instituição de educação especial e de reabilitação destinada a crianças e jovens com problemas cognitivos, emocionais e comportamentais – tem vivido meses difíceis. Em janeiro deste ano, os pais dos alunos foram confrontados com o anúncio da insolvência da escola e viram-se obrigados a reagir. “Ficámos aflitos porque consideramos que o ensino que cá é prestado tem qualidade. Aliás, os nossos meninos passaram por graves problemas de falta de resposta das escolas públicas e, quando aqui chegaram, começaram a ter estabilidade emocional e a evoluir de outra forma”, contaram Anabela Gonçalves e Irene Barreira, duas das mães que não hesitaram em “agarrar” a gestão do colégio, situado em Matosinhos.  

“Só tivemos uma hipótese: juntámo-nos (somos seis pais) e colocámos mãos à obra”, referiram, assegurando que a continuidade do projeto educacional é a grande prioridade da equipa. Contudo, conciliar a gestão da escola com as suas profissões não é, neste momento, a única dificuldade enfrentada pelo estabelecimento de ensino. O atraso no pagamento das prestações da Segurança Social e da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) está a dificultar o seu funcionamento, tanto ao nível do pagamento de salários como das despesas diárias com alimentação e transporte. “Temos tido a compreensão das pessoas, mas não sabemos até quando”, lamentaram.

colegio3Apesar de ser uma instituição particular, o colégio Novos Rumos recebe crianças e jovens dos 6 aos 18 anos, por indicação da DGEstE, e até aos 24 anos, por sugestão da Segurança Social. “São meninos com necessidades educativas especiais que não têm encontrado a resposta adequada na escola pública. Encaminham-nos para cá, só que depois não pagam, ou melhor, vão pagar, não sabemos é quando. E os meninos estão a ter aulas, temos professores nos quadros a receber os seus ordenados, temos de pagar o ensino, o transporte e a alimentação e não estamos a ser comparticipados”, constataram.

A escola está, atualmente, a trabalhar com 29 crianças e jovens, sendo que as verbas em atraso dizem respeito a 16 alunos. O projeto do colégio não está em risco – “não vamos deixar que isso aconteça”, garantiram as duas mães – mas, numa altura em que não existe qualquer fundo de maneio, as prestações do Estado são fundamentais para o cumprimentos das obrigações do espaço. “Já nem pedimos apoios, só queremos que nos paguem a migalha que nos devem”, confessaram, revelando que a Segurança Social não paga mais de 440 euros pela educação, transporte e alimentação de cada menino.

colegio2Atividades à medida das necessidades

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Entretanto, enquanto o dinheiro não chega, é com grande esforço (e “muita energia”) que o dia a dia destas crianças e jovens segue com toda a tranquilidade. O colégio funciona de segunda a sexta-feira com atividades académicas funcionais e de autonomização. Há terapia da fala, psicomotricidade e psicologia, natação, hidroterapia, expressão corporal, equiterapia e ações no exterior para treino de competências. “Eles aqui estão bem, estão felizes”, defenderam, assegurando que não tencionam baixar os braços e que encontram força para “lutar” nos “motores” lá de casa: os seus filhos.

Apesar de reconhecerem que a escola pública pode, efetivamente, “ser a melhor solução para muitas crianças que conseguem essa inserção”, as responsáveis do colégio recordam que existem muitos miúdos com dificuldades de aprendizagem que não conseguem acompanhar o que lá é feito, uma vez que as turmas não estão preparadas. “Não basta ter um professor do ensino especial. É preciso que toda a escola esteja vocacionada para isso”, sustentaram.

colegio4Dar-lhes um “Rumo à Vida”

Para dar continuidade à ação desenvolvida no colégio Novos Rumos – que procura ajudar os alunos a serem mais independentes – os responsáveis do estabelecimento têm em mãos outro projeto destinado a solucionar a falta de respostas a que estes cidadãos estão sujeitos a partir dos 18 anos. A IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) Rumo à Vida nasceu em 2007 e está à procura de uma sede para desenvolver a sua ação. Fazer com que os jovens se sintam úteis à sociedade e dar-lhes um projeto de vida são as grandes metas da entidade.  “Vamos querer ter três oficinas: uma voltada para a agricultura, outra para as artes e outra para a culinária. Depois, o objetivo é ir crescendo”, sublinharam. “Quando colocamos em cima da mesa uma taça pintada por um dos nossos filhos ou quando pomos ao pescoço um colar feito por eles, os meninos ficam felizes porque percebem que estão a fazer algo que é usado. É este nível de desenvolvimento que nós pretendemos”, acrescentaram.

Entretanto, as responsáveis pretendem continuar a apostar na divulgação do colégio, não só através da sua página oficial e das redes sociais, mas também através da carrinha utilizada no transporte dos jovens. “Precisamos de mais meninos para podermos pagar tudo”, frisaram, reconhecendo que, apesar das dificuldades enfrentadas, o balanço “é muito positivo”. “Pagam-nos em amor e carinho. Não há nada mais gratificante do que entrar na escola e receber um abraço de todos”, concluíram.

Texto: Mariana Albuquerque    |    Fotos: https://www.facebook.com/novos.rumos.96?fref=ts

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