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Colecionador de brinquedos

Colecionador de brinquedos

Apitos de barro, soldadinhos de chumbo, peões e bonecos de madeira são alguns exemplos de brinquedos que faziam “as delícias” das crianças há algumas décadas e que foram sendo substituídos pelas mais sofisticadas “criaturas”, na procura de uma crescente interação do brinquedo com a criança. Os gostos evoluíram e há quem diga que é difícil agradar os miúdos – numa altura em que os brinquedos se acumulam nas estantes – mas, a verdade, é que ainda há quem consiga surpreender os mais novos com os materiais que os seus avós utilizavam durante as brincadeiras de infância.

brinq320 mil “pedaços de vida” dos mais variados materiais

Exemplo disso é a coleção de Carlos Anjos, que dará corpo ao Museu do Brinquedo, em Ponte de Lima, e que, segundo o colecionador, é apreciada “por miúdos e graúdos”. A poucas horas de se comemorar o Dia Mundial da Criança – assinalado esta sexta-feira, 1 de junho – Anjos explicou à Viva tratar-se de “uma das maiores coleções de brinquedos que é conhecida no país”, sendo constituída por cerca de 20 mil peças, “de todas as matérias-primas de que foram feitos brinquedos”. “Peças em pasta de papel, soldados de chumbo, carros com pedais, triciclos, cavalos, brinquedos de plástico, baquelite e madeira” constituem apenas uma parte do espólio que começou a arrancar gargalhadas há várias dezenas de anos.

Hoje, a magia em torno dessas “recordações” mantém-se, razão pela qual Carlos Anjos soma já trinta anos de colecionismo. “Comecei a colecionar em 1980 e dediquei-me, desde logo, aos brinquedos portugueses, também porque os estrangeiros eram mais caros”, contou. Estes pequenos “pedaços de vida” começaram por ser “apanhados” em “lotes muito grandes” aos quais Anjos teve acesso, trocando, depois, os do exterior pelos nacionais. “Na altura em que comecei a colecionar não havia feiras. Os primeiros brinquedos que encontrei estavam em fábricas já inativas mas que ainda tinham peças”, acrescentou. A busca pelos “segredos” dos entretenimentos antigos estendeu-se, depois, às lojas, bazares e drogarias. “E foi uma bola de neve”, admitiu o colecionador.

O “sonho” de abrir um museu

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Há trinta anos, Carlos Anjos começou por adquirir “um peixe, um carro de bombeiros e mais umas peças de madeira” e, atualmente, o espólio conta já com cerca de 20 mil brinquedos. “A minha coleção representa uma luta, digamos assim. A certa altura, decidi fazer um museu e lutei muito para consegui-lo”, reconheceu, acrescentando que, na impossibilidade de abrir o museu na cidade do Porto, onde residia, viu-se obrigado a ir viver para Ponte de Lima, para não se separar da sua coleção. “O sonho que eu tinha quando comecei a colecionar foi concretizado com o museu que vamos abrir agora no dia 8”, afirmou, com satisfação, revelando que o projeto foi preparado, em conjunto com a câmara de Ponte de Lima, durante vários meses.

brinq1Mostrar às crianças um pouco do passado

Para Carlos Anjos, uma das mais valias do espólio é o facto de os mais novos terem oportunidade de ver “o que foi feito no passado”. “Todos gostam de admirar a coleção. Os miúdos de agora não contactaram com estes brinquedos e é uma forma de os mais velhos lhes poderem mostrar as peças. Além disso, é uma coleção que permite reviver os segredos do passado”, sublinhou.

E como o conceito de “antiguidade” está, para o colecionador, completamente transformado, uma vez que, “num dia, fazem um modelo de brinquedo e, passado um mês, já estão a fazer outro”, Carlos Anjos já começou a guardar, por exemplo, os bonecos oferecidos com o Happy Meal do McDonald’s. “Os brinquedos de agora não são antigos, mas, daqui a 30/40 anos já o são”, notou, com o gosto de quem estima “religiosamente” as mil e uma histórias escondidas nos objetos de eleição dos mais novos.

Mariana Albuquerque
Fotos: http://www.bazarparis.pt

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