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Cláudia Lima: “Recebi um convite do melhor clube de Portugal, não tinha como dizer que não”

Cláudia Lima:

A VIVA! esteve à conversa com Cláudia Lima, jogadora de futebol feminino do FC Porto. Desde o seu percurso na modalidade, à experiência histórica de fazer parte da primeira equipa feminina do clube azul e branco, foi possível conhecer melhor a atleta de 28 anos.

Começando pelo início da carreira desportiva da Cláudia, ainda muito jovem, jogou no Folgosa da Maia, há mais de 15 anos. Para uma menina que começa agora a jogar futebol, quais são as grandes diferenças de começar nessa altura e agora?

Cláudia Lima (CL): Acho que o futebol feminino cresceu de tal forma que, neste momento, quase nada se mantém igual ao que era antigamente, falo das estruturas dos clubes, das condições que os clubes oferecem às atletas e do próprio futebol jogado. Antigamente existiam muito poucos clubes com futebol feminino e quando existiam era com futebol sénior, falhavam na formação o que fazia com que atletas mais jovens tivessem de começar num patamar que não era o adequado, fazia com que crescessem, é verdade, mas não da forma adequada, não com o acompanhamento correto. E não quero com isto dizer que não tenha gostado do que vivi anteriormente, eu sinto-me uma privilegiada por ter acompanhado o crescimento do futebol feminino e ter sentido “na pele” como as coisas foram mudando.

Numa entrevista ao Zerozero, referiu que chegou a conciliar os estudos, com o trabalho e o futebol (também ele um trabalho). Para além de uma gestão de tempo excecional, o que é que se aprende quando é preciso dividir a vida por todas estas áreas?

CL: Para dizer a verdade não é nada fácil, mas aqui aplica-se a frase de “quem corre por gosto não cansa”, portanto com algum esforço, dedicação acaba tudo por ser possível. Antes de mais, tenho de agradecer tanto as pessoas que estão comigo tanto no futebol como no trabalho porque sempre me ajudaram e facilitaram esta conciliação. Em relação ao que se aprende, tirando a gestão de tempo, eu diria como ponto principal o trabalhar com foco na tarefa, ou seja, não me adianta de nada ir para o futebol a pensar no trabalho ou na faculdade, ou vice-versa, porque acabo por não fazer nenhuma das 3 bem, foi algo que custou mas ao longo de alguns anos acho que já o consigo fazer bem.

Antes de chegar ao FC Porto, jogou no Valadares, um emblema histórico do futebol feminino em Portugal. Quais são os momentos que guarda com mais carinho da passagem pelo emblema gaiense?

CL: Para além de momentos, o que guardo com mais carinho são as pessoas, foram 5 anos no Valadares e sem dúvida alguma que acabaram por me marcar e ajudar a crescer. Tendo de escolher um momento, diria a final da Taça de Portugal, infelizmente perdemos, mas é a minha competição preferida e estar no estádio do Jamor com tudo o que envolve a final da taça, foi especial.

A Cláudia entrou para a história do FC Porto, ao ser oficializada como a primeira jogadora da equipa sénior do clube azul e branco. Sabendo que o FC Porto começaria na 3ª divisão e sendo que estava no Valadares, na Liga BPI, foi fácil a decisão de mudar?

CL: É uma opção válida ver as coisas por essa perspetiva, mas sinceramente nunca olhei para esta oportunidade dessa forma. Recebi um convite do meu clube do coração e do melhor de Portugal, não tinha como dizer que não.

O plantel do FC Porto em futebol feminino é muito jovem, sendo que muitas das atletas têm ainda idade de formação. Como tem sido esta experiência de jogar com talento tão jovem? Tem sido um desafio, tanto dentro de campo como no balneário?

CL: Quando cheguei ao futebol feminino eu era do grupo das mais novas, tem sido engraçado esta mudança de realidade, uma vez. que agora sou a mais velha. Mas tem corrido tudo bem, desde que haja vontade de trabalhar e compromisso com a equipa a idade torna-se apenas um número. Claro que há momentos que se nota a falta de experiência associada a estas idades tão jovens, mas faz parte e estou aqui para ajudar em tudo o que conseguir.

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Num curto espaço de tempo, o buzz à volta da equipa feminina do FC Porto disparou. Tanto em termos de assistência na bancada, como nas redes sociais, como está a encarar todo este salto de mediatismo, enquanto jogadora?

CL: Em relação à assistência é ótimo, sentir os adeptos perto de nós e a apoiar é o que qualquer jogadora ou jogador quer e, como é óbvio, ainda nos dá mais força e motivação. Em relação às redes sociais, admito que sempre fui um bocadinho desligada desse lado então acaba por ser um mundo a descobrir, mas está a ter a sua piada. E aproveito para voltar a agradecer aos adeptos pela forma como nos têm recebido, a nós e à modalidade. No Futebol Clube do Porto, acho que nenhuma de nós sonhava com isto.

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Para a história, ficará sempre o FC Porto vs União de Leiria, em que o Dragão bateu o recorde de assistência num jogo de futebol feminino. De tudo o que se passou nesse dia histórico, o que é que mais a impressionou?

CL: Os adeptos, eu ainda hoje estou sem palavras para eles. O entusiasmo que demostraram por termos criado futebol feminino no Futebol Clube do Porto foi notório, o carinho e a energia que nos têm passado tem sido incrível. É por isto que muitas vezes se diz que são os melhores adeptos do mundo, estão sempre lá quando o clube chama por eles.

No Instagram, escreveu que “no Futebol Clube do Porto sempre me ensinaram que só devemos à história aquilo que lhe podemos acrescentar e neste clube, sem dúvida alguma, que devemos muito”. O que gostava de acrescentar à história do FC Porto?

CL: Numa pergunta anterior, disse que eu estava na história do FC Porto por ser a primeira jogadora oficializada da equipa sénior, mas eu quero fazer parte da história pelo que conquistei e pelo que me dediquei ao clube.

A Cláudia Lima é um nome que dispensa apresentações no futebol feminino em Portugal, tendo já sido internacional por Portugal, inclusive. De qualquer maneira, para quem só agora começou a acompanhar, como se define aos adeptos enquanto jogadora?

CL: Enquanto jogadora sou alguém que gosta de ter bola, gosta de se divertir com a bola nos pés e quando não a tenho não descanso até a conseguir de volta. Acho que poderia dizer várias coisas, mas há duas coisas que faço questão que estejam presentes nos meus jogos e que gosto que me definam, alegria dentro de campo e compromisso para com a equipa e clube.

Há muitos anos se falava que a chegada do FC Porto era urgente para o futebol feminino. Com essa aposta finalmente feita, qual acha que é o próximo passo mais importante a dar, para que o futebol feminino continue nesta senda de crescimento?

CL: Eu sou apologista de que qualquer modalidade sénior para ter qualidade e para continuar num bom nível de desenvolvimento tem de ter uma formação estável e bem desenvolvida. Com a entrada do FC Porto no futebol feminino vamos atrair ainda mais atletas de diversas idades, e na minha opinião, há que pensar na formação e com perspetivas de futuro.

Agora, entrando no extra-futebol, o que é que a Cláudia mais gosta de fazer quando não está nos relvados?

CL: Sinceramente com dias tão agitados são poucos os momentos livres, mas descansar ou ir passear com a minha família ou amigos faz sempre parte dos planos.

Se não fosse o futebol, qual seria o seu outro trabalho de sonho?

CL: Tirando o futebol eu já trabalho no controlo de gestão numa empresa e essa área, o lado dos números, sempre foi algo que me cativou muito. Mas o futebol é o futebol e traz outra felicidade.

Para acabar, pedíamos que completasse esta frase. “Devo acompanhar a equipa feminina do FC Porto, porque…”

CL: vamos fazer história juntos. A equipa está pronta, isso eu posso garantir aos adeptos, mas claro que eles nos fazem falta e o apoio deles é uma mais valia para nós. Acredito que todos juntos estamos prontos para continuar a fazer história no futebol feminino do Futebol Clube do Porto.

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