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Ciência

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“Andávamos há vários anos a tentar criar na universidade um espaço de comunicação de ciência”, contou José Azevedo, um dos responsáveis pelo projeto, defendendo a necessidade cada vez mais evidente de se apostar numa perspetiva de comunicação de ciência “para lá dos conteúdos que não sejam de dimensão escolar”.

Com os objetivos já bem delineados, o passo seguinte foi o de “agarrar a oportunidade”. “Surgiu um concurso que tentava promover a colocação de ciência em meios de comunicação e nós concorremos”, contou o docente, assinalando, assim, a possibilidade de arranque da iniciativa, co-financiada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) – através do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) – e por fundos nacionais através da Ciência Viva.

ciencia2Caráter multiplataforma com diferentes níveis de profundidade
Uma das particularidades do Ciência 2.0 é o facto de ser um projeto multiplataforma. A primeira ferramenta de trabalho – o sítio na Internet: http://www.ciencia20.up.pt  – já está em funcionamento, mas, até ao final do ano, a equipa vai produzir vários conteúdos de audiovisual. “A ideia é termos, por exemplo, o conteúdo audiovisual a passar na televisão para que depois, as pessoas que queiram saber mais, possam recorrer à página”, explicou José Azevedo, sublinhando a importância dos diferentes níveis de profundidade aplicados aos conteúdos nas várias plataformas. “Se fazemos um programa de televisão que não pode ser demasiado complexo, poderemos ter, na internet, o aprofundamento desse conteúdo. Queremos procurar diferentes níveis de profundidade para diferentes níveis de interesse”, sintetizou.

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Para isso, está, neste momento, a decorrer um concurso para a contratação de produtoras que trabalhem em parceria com a equipa, exigência colocada pela Ciência Viva. “O que acontece é que, se ficarmos só na universidade, tende a não haver uma qualidade técnica em termos comunicacionais suficientemente alta para que os conteúdos sejam divulgados num canal aberto”, justificou o responsável.

Sensibilizar cientistas e comunicadores
Num país onde a cultura científica “é relativamente baixa”, o professor responsável pelo projeto admite que “é difícil comunicar ciência”. “Por um lado, há a questão de os profissionais de comunicação não terem, por vezes, um conhecimento científico básico que lhes permita fazer um trabalho mais eficaz. Por outro lado, os cientistas não têm noção do que é a comunicação, tendo muito receio de que se façam conteúdos pouco rigorosos”, salientou, em declarações à Viva.

ciencia3Deste modo, acrescentou o docente, “é preciso trabalhar com os cientistas para eles perceberem o que é a dimensão da comunicação e trabalhar com os comunicadores para que entendam a complexidade do conhecimento científico”. A meta do Ciência 2.0 é fazer “uma comunicação bem feita, inteligente e para o público em geral”. “Não é feita de cientistas para cientistas. Queremos promover a cultura científica dos cidadãos em geral. É uma primeira entrada sobre alguns dos conteúdos”, sustentou José Azevedo.

Promover a “inteligência coletiva”
Na génese do projeto está a criação de conhecimento em rede, de forma a envolver diferentes comunidades. Assim, o Ciência 2.0 trabalha não só sobre temas idealizados pela própria equipa, que integra profissionais de várias áreas, mas também sobre as sugestões do público. “Vamos tentar promover aquilo que pode ser chamado de inteligência coletiva – cada um de nós traz algo, podendo contribuir para um todo mais rico”, acrescentou o professor, segundo o qual a equipa do Ciência 2.0 está “motivada” e empenhada em prolongar o projeto para além dos seus dois anos de duração.

Mariana Albuquerque
Fotos: Ciência 2.0

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