De forma a assinalar o dia de São Martinho a VIVA! foi para as ruas mais emblemáticas da cidade do Porto para perceber se a tradição ainda é o que era. Entre os vários ditados associados a esta data este é, provavelmente, dos mais conhecidos: “No dia de São Martinho lume, castanhas e vinho”, o que quer dizer que essas duas iguarias não podem faltar na mesa nesta sexta-feira.
Os portugueses estão habituados a comer castanhas de várias formas, cozidas, assadas, em sopas ou doces, mas é sem dúvida neste dia que estas são mais procuradas nos vários locais de venda ou nos famosos «castanheiros».
Quem passeia em diferentes zonas da Invicta vê ao longe o fumo e sente o cheiro a castanha assada e por muito que seja difícil resistir à tentação, a verdade é que na opinião de Rosa Cardoso o negócio “está fraco”. Comparando com o período pré pandémico “não tem nada a ver, está mau”, acrescentou.
Com negócio há quatro anos, a vendedora, que estava em Santa Catarina, no dia da nossa reportagem, afirmou que são os turistas quem mais compram castanhas assadas, salientando que “os portugueses não têm dinheiro e estão sempre a reclamar dos preços”.
“Aqui vivemos dias bons e dias maus e uns acabam por compensar os outros. A nossa vida é esta, vender, e temos que nos governar com aquilo que ganhamos”, reconheceu Rosa Cardoso, quando questionada sobre se a venda de castanhas assadas dá lucro.
Noutro dos locais mais movimentados do Porto, no metro da Trindade, encontramos António Fernandes, que desempenha esta profissão há 44 anos, assumindo ser o «castanheiro» “mais antigo da cidade”.
O sitio onde esteve mais tempo a assar castanhas foi no Marquês de Pombal, contando 39 anos. “Depois de os locais passarem a ser por sorteio, nunca me foi atribuído nenhum e, por isso, decidi alugar aqui este espaço”, revelou.
Contrariando as declarações de Rosa, entrevistada pela VIVA!, o vendedor sublinhou que o negócio “está a correr bem e melhor do que antes da pandemia”. Considera que o local também pode influenciar esse fator, uma vez que na Trindade “passa muito turismo” e 50% das suas vendas são “ a estrangeiros”.
Glória Santos tem o seu negócio em frente ao Hospital de São João, embora já tenha estado em vários espaços da cidade, como Santa Catarina, Rua Fernandes Tomás e Rua Formosa. Sobre o negócio disse “que está a ir devagarinho”, no entanto o sentimento é positivo até porque “está a correr um pouco melhor do que no ano passado”.
No que toca à tradição de vender castanhas assadas na rua essa será para manter, pelo menos é nisso que acredita Rosa Cardoso: “Isto é algo que se vai manter durante toda a vida. Os vendedores mais antigos já faleceram ou estão a começar a deixar de vender, mas ainda há muita gente neste negócio e vão sempre surgindo mais”.