
O percurso tem início no Salão Nobre que, ao longo dos anos, juntou ilustres figuras das mais variadas áreas. “Esta casa foi concluída em 1907 e, por essa altura, o Porto não tinha nenhum museu”, contou, à Viva, Delfim Sousa, diretor da estrutura. No entanto, Gaia era uma cidade muito procurada devido ao vinho do Porto e à cerâmica, que exportava para todo o mundo. Assim, “quando as pessoas da cultura e das artes queriam mostrar alguma coisa, vinham à casa do mestre”, espaço de música, poesia e teatro. Deste modo, para Delfim Sousa, apesar de a residência atelier só ter sido consagrada museu em 1933, já funcionava como tal “muito antes de o ser”.
Em declarações à Viva, o responsável explicou também que o Porto e a casa-museu tiveram um papel preponderante na história da música no nosso país. “Aqui [no Salão Nobre] tocaram personalidades como Vieira da Mota, Moreira de Sá e Óscar da Silva. Até 1900, só havia ópera em Portugal e estes artistas foram estudar música para Berlim. Quando regressaram consagrou-se a música clássica no país”, afirmou Delfim Sousa, garantindo que o seu objetivo é o de prolongar a missão da família Teixeira Lopes e continuar a promover concertos, peças de teatro, recitais de poesia e lançamento de livros. “Aqui há uma vida cultural intensa”, resumiu o diretor, descrevendo um espaço que, noutros tempos, recebeu o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia.
Segredos de uma cama “de um corpo só”

Mesmo ao lado do quarto é possível ver o pequeno escritório de António Teixeira Lopes, onde se destacam um quadro do rei D. Carlos com uma dedicatória, um tinteiro de Almeida Garrett, oferecido por Ramalho Ortigão, fotografias e outros objetos pessoais. Segue-se, ao fundo, a sala de jantar, na qual a família passava grande parte do tempo.
As Galerias do discípulo Diogo Macedo
Um museu “fora de portas”
Através de workshops e exposições, algumas até posteriormente apresentadas na Casa-Museu, a instituição pretende provar que é possível conciliar as temáticas aprendidas em idade escolar com os conceitos artísticos de um núcleo museológico. “Eu acredito que as pessoas vão perceber que o museu tem algo a dar à sociedade e que representa, de facto, um saber olhar, um saber ver, pensar e sentir, sendo um belíssimo exemplo do exercício da democracia”, afirmou o diretor, acrescentando que o papel de um museu é contribuir para a educação dos mais novos e para a promoção do respeito pela pluralidade de opiniões. “Era assim que Teixeira Lopes queria que a sua obra fosse apresentada”, notou.
Jardins onde “vibram recordações”
Os jardins da casa, “espaços de puro e delicado romantismo” estão também repletos de obras de arte, uma vez mais como queria o escultor, responsável pela criação de trabalhos “dos tempos de ontem e de sempre”.
Mariana Albuquerque