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Casa Botónia

Casa Botónia

O Porto é como uma espécie de filme, daqueles que vemos no cinema. Podemos ver uma, duas, três mil vezes, que há sempre qualquer coisa que nos escapa. Andar pelas ruas da Invicta é descobrir, a cada recanto, um pedaço de história, muitas delas, que já vêm sendo contadas há várias décadas.

É esse o caso da Loja Botónia, que já existe há cerca de 115 anos, quando a proprietária nem sequer era nascida. Como é que era o negócio, antigamente? Eis uma questão à qual é difícil dar uma resposta concreta, na medida em que já lá vai há algum tempo desde que a Botónia abriu. No entanto, uma coisa é certa: falar nesta loja histórica do Porto, que fica na porta 23 da Rua de Cedofeita, é falar, certamente, em sucesso.

A atual dona, ainda que confesse não se lembrar muito bem de como era antes, recorda que, nos seus primórdios, “a casa era muito famosa” e trabalhava, essencialmente, com a Alemanha e com a República Checa. Hoje em dia, a proprietária, Maria Guilhermina, garante que “é diferente, pois a Botónia trabalha com artigos completamente diferentes. Eu trabalho com mais países, gosto de ter botões exclusivos. A minha casa tem de ter coisas diferentes, pois eu trabalho com alta costura, estilistas e passagens de modelos”.

Já dizia a canção de José Mário Branco, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Mudam-se, quer dizer, em praticamente todo o lado, menos na Casa Botónia, onde o tipo de cliente que frequenta o espaço continua a ser sensivelmente parecido ao de antigamente.

De acordo com a proprietária da emblemática loja, no tempo do seu “avozinho” e do seu “paizinho”, nome carinhoso pelo qual trata o avô e o pai, havia “muitos clientes de balcão, mas tinha grandes modistas de alta costura”. Atualmente, a responsável refere que “é a mesma coisa”.

É uma casa portuguesa, com certeza, onde família é uma das palavras de ordem. Não só na sequência de quem gere o espaço, que já passou de avô, para filho, para neta, mas também em quem o frequenta. Com base nas declarações da responsável à VIVA!, antes eram as avós que visitavam a Botónia, depois passaram a ser as mães, e só agora as filhas.

Os anos passam, a tradição perpetua-se, mas o sucesso mantém-se. Maria Guilhermina diz ter “muita clientela”, que tanto pode vir de Coimbra, como de Caminha, França, ou Brasil. Resumidamente, a Casa Botónia não conhece fronteiras, o que, vistas bem as coisas, não é muito difícil de explicar.

“Trabalho com muita gente, devido à exclusividade do que eu tenho e que é diferente e bonito em relação a tudo o resto. É um negócio familiar e se Deus quiser vai continuar a ser, pois tenho a minha filha que é a minha substituta” – acrescenta a responsável.

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O nome do espaço, por si só, é autoexplicativo. Não é preciso, propriamente, tirar um curso, para entender que “Botónia” faz referência ao principal ex-libris da casa: os botões. No entanto, nem só de botões é feita esta loja centenária. Sem qualquer tipo de hesitação, em resposta à pergunta “O que podemos encontrar na loja?”, a responsável não tem dúvidas: “encontramos tudo”.

Depois disso, é uma espécie de bola de neve. Uns transmitem aos outros, desde o cliente comum aos próprios estilistas, habituados a trabalhar com o topo de gama mundial. Saem botões, fivelas, aplicações a metro. Enfim… é só escolher! “Só”, como quem diz, claro, porque entrar na Casa Botónia é ficar indecisa, atendendo à grande variedade de escolha que existe no espaço.

“Eu tenho de ter novidades, ainda que os clientes não levem a novidade, mas sim o antigo. O meu pai ensinou-me que se entrarmos numa casa e disserem “não há”, o cliente não volta porque chegou a lá ir e não havia. E é muito bom a minha filha saber que a cliente entra e tem para ver e para comprar” – explica a proprietária.

Para além disso, outro fator que Maria Guilhermina considera muito importante em lojas deste género é, precisamente, o atendimento. Afinal de contas, “muitas vezes, podemos ter coisas, mas o atendimento é o mais importante que podemos ter. Admiram as antiguidades, mas os portugueses vêm cá porque gostam do atendimento”. Aliás, gostam tanto, que até chegam, por vezes, a trazer “caixas de bombons e chocolates”.

Relativamente a planos para o futuro, é simples: manter. Vistas bem as coisas, e tal como se dizia no futebol, em equipa que ganha não se mexe. Por isso, o objetivo da responsável da Casa Botónia é manter o legado familiar, pelo que “sair daqui, nem pensar”.

Quanto à relevância de ser abrangido pelo programa Porto de Tradição, a proprietária admite que “tem beneficiado no sentido dos estrangeiros quererem vir aqui”, no entanto a loja não vive tanto com os que vêm de fora, mas sim com os que são de cá.

Casa Botónia
R. de Cedofeita 23, Porto
Contacto: 222 007 234

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