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Blind Zero

Blind Zero
Often Trees: “Não sendo um disco conceptual, às vezes parece”

Os Blind Zero preparam-se para apresentar, pela primeira vez, o seu mais recente álbum, “Often Trees”. Este concerto acontece já esta sexta-feira, dia 20 de outubro, pelas 23h, na Casa da Música, Porto. Motivo mais do que suficiente para uma conversa com Miguel Guedes, vocalista desta icónica banda portuense.

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A banda composta por Miguel Guedes, Nuxo Espinheira, Pedro Guedes, Vasco Espinheira e Bruno Macedo apresenta neste espetáculo os 10 temas que compõem “Often Trees”, editado no passado dia 6 de outubro, incluindo o single “You Have Won”.
Com 23 anos de percurso, os Blind Zero revelam, uma vez mais, e sem surpresas, a sua capacidade de reinvenção sem perder a identidade que os distingue e os tem projetado ao longo destas duas décadas. Um longo percurso que será celebrado em palco onde conseguem demonstrar a força que os anos têm solidificado.
“É um balanço muito afetivo. Estamos a falar de uma relação de mais de 20 anos. É extraordinário sentirmos que contra todas as probabilidades continuamos a fazer coisas novas e mais, com o nosso público em conjunto, algo fundamental”, diz-nos Miguel Guedes.
bio-1O novo trabalho da banda já está nas lojas em vários formatos: CD, cassete e vinil. Produzido por Nuxo Espinheira, “Often Trees”, foi misturado por Nelson Carvalho e masterizado em Nova Iorque por Andy VanDette (David Bowie, The Dear Hunter, Beastie Boys, Tim Burton e Danny Elfman).
Ao já conhecido single “You Have Won”, tema de avanço, juntam-se “Our Place by The Lake”, “Tormentor”, “Lost in Another Mental Escape”, “Queen: Someone”, “Palm”, “The Siren”, “It’s a Bright Bright Night”, “Chromosphere“ e a participação em “War is Over” de Jo Hamilton (compositora e multi-instrumentista de Birmingham, autora do muito aclamado “Gown”).
“É um disco com uma densidade muito própria. Apresenta também um caráter muito específico. Disco porventura mais complexo, em comparação com o que temos vindo a desenvolver nos últimos tempos. Evoca uma escuta atenta. Tem pormenores mais densos, mais negros. Não sendo um disco conceptual, às vezes parece”, sintetiza à VIVA! Miguel Guedes.
É um disco introspetivo?, questionamos. “Sem dúvida. É mais negro. As personagens que deambulam neste disco estão enquadradas num ambiente específico”. Resumidamente, um disco que acaba por ser mais “psicológico”.
bio-27Quanto à recetividade a este registo, apesar de ser ainda muito cedo, já começam a nascer feedbacks. “Já se sente uma relação mais próxima das pessoas com este disco. É sinal que a carga específica das canções mexe com o público”.
As entradas para o espetáculo na Casa da Música desta sexta-feira custam 15€ e podem ser compradas através da Casa da Música ou da Ticketline.
Trata-se, nas palavras do icónico vocalista, de “um regresso ao Porto, um momento muito afetivo para nós. Vamos tocar este novo álbum de início ao fim. Sentimos que é necessário. Será um concerto único”, afiança Miguel Guedes.

A história
Nascidos na década do rock e do grunge, na altura em que a música feita nos EUA e em Inglaterra invadia o nosso país e era consumida em grandes doses, os Blind Zero formaram-se em 1994 e, um ano depois, lançaram o primeiro EP, “Recognize”, que esgotou em apenas nove dias e é, hoje, uma peça de coleção.
“Foi um início muito urgente. Fazíamos o que nos estava no sangue. É um disco muito jovem nesse sentido. Era a fase do grunge, tínhamos 19, 20 anos.” Com o tempo, conta, “vais trabalhando a tua própria personalidade. Vais percebendo que esta te leva para outros pontos. E essa faceta está de alguma forma presente nos nossos discos”, adianta.
Seguiu-se o primeiro longa-duração, “Trigger”, que agitou o panorama musical português tornando-se no primeiro disco de rock cantado em inglês de uma banda nacional a atingir o galardão de Disco de Ouro.
Em 1996 o grupo editou, em parceria com os Mind Da Gap, o EP “Flexogravity”, um disco “experimental e de fusão”.
bio-19Os Blind Zero editaram, ainda, “Redcoast” que, para muitos, vai para além do rock misturando ambientes, sons e emoções.
“A Way to Bleed your Lover” (2003) conta com a participação de Jorge Palma e Dana Colley (Twinemen/ex-Morphine) e reflete um novo imaginário, atitude e um enorme passo em frente na carreira do grupo. Em 2005 o grupo editou “The Night Before And A New Day.
Em 2009 é disponibilizado “Slow Time Love”, o single de avanço de “Luna Park” e em março de 2010, “Snow Girl”, que antecipa a edição, em maio, do sexto álbum de originais. Temas que estiveram meses seguidos em airplay nas rádios.
Reconhecidos pela sua “ousadia” e sentido de percurso, os Blind Zero estão sempre disponíveis para um bom desafio.
Editado no final de abril de 2013, “Kill Drama” é o disco mais português dos Blind Zero, uma espécie de statement onde a introspeção dá lugar à realidade.
Gravado no estúdio Blackfox pelo produtor Nuxo Espinheira, “Kill Drama” reflete a “emoção, a espontaneidade e a eletricidade de um concerto”.

bio-17Um grupo em inovação contínua
O grupo ao longo destes anos foi-se adaptando ao boom da internet, participando em iniciativas inovadoras, como dar um concerto para um público virtual no Meo Like Music. “Foi de facto um momento muito especial. Estamos a falar de um concerto para ninguém, mas com milhares de pessoas a interagir. Não havia ninguém à nossa frente, nenhum assobio. Foi bastante engraçado”, recorda.
Quanto a esta revolução digital, Miguel Guedes também tece alguns comentários: “É fantástico que as pessoas possam ter acesso de uma forma mais rápida. E nesse sentido é uma revolução positiva. É difícil fazer um balanço porque estamos numa espécie de ‘olho do furacão’. Não há dúvidas de que as pessoas tenham cada vez mais acesso a músicas. Não sei até que ponto se podem perder…”
E continua: “É importante devolver à música algumas soluções. Outras plataformas que não as digitais. As rádios de maior audiência estão cada vez mais fechadas. A música portuguesa precisa de estar mais ligada às rádios”, apela Miguel Guedes.

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