Em Portugal praticamente todos os jovens com menos de 25 anos aprenderam a jogar futebol em relvados sintéticos. Esta geração beneficiou durante toda a sua aprendizagem, ao contrário das gerações anteriores, da disseminação por todo o país de condições que fazem, nos dias de hoje, dos jogadores portugueses de futebol, uma referência em todo o mundo devido à sua qualidade.
Este esforço de acabar com os campos “pelados” em pouco tempo só foi possível devido a um grande investimento do poder autárquico junto dos pequenos clubes que por sua vez, com grande proximidade às populações, identificaram e trabalharam dia após dia, novos talentos muitas vezes somente por “paixão” à modalidade e à sua terra.
No entanto, o tempo corre mais depressa do que desejamos e as alterações climáticas exigem que os materiais usados neste género de relvados sejam substituídos pois a existência de partículas poluidoras nestes relvados requerem, segundo normas europeias, uma rápida substituição.
Mais uma vez, neste caso tal como em muitos outros, a Europa parece desconhecer a situação financeira e real destes pequenos clubes portugueses que são de grande importância para a formação desportiva dos jovens e que financeiramente já dão dores de cabeça a dirigentes que sem qualquer interesse pessoal, fazem “das tripas coração” para levar mais adiante o clube da sua terra.
O número de campos sintéticos em Portugal é enorme e é simplesmente impossível à maior parte dos pequenos e médios clubes cumprirem com as exigências de uma Europa que legisla nos gabinetes para países ricos sem terem a mínima noção do número de pequenos clubes portugueses que não conseguirão a substituição dos relvados sintéticos para um material “amigo do ambiente” em tão curto espaço de tempo.
Seria bom que a Europa ao legislar por uma boa causa, visitasse o terreno e soubesse porque é que um país pobrezinho chamado Portugal tem os melhores jogadores de futebol do mundo.
Seria bom que conhecesse a vontade e o querer de dirigentes, técnicos, autarcas e desportistas que todos os dias abdicam de tempo com grande sacrifício pessoal e económico em busca de resultados desportivos e em prol da formação dos jovens.
Não nos venha a Europa falar de proibições sem falar em ajudas e tentem entender o porquê de sermos os melhores…a não ser que queiram estragar o que foi bem feito e que deixemos de ser os melhores no futebol…essa ideia também já me ocorreu…
Será?
Paulo Freitas do Amaral
Professor de História