Mais do que um catálogo de locais a visitar, pretende ser ‘um bom amigo’ dos turistas “que se interessam por arquitetura”, ajudando-os a encontrá-la quase que ao ritmo de um passeio. A arquiteta Conceição Melo e o fotógrafo Sérgio Jacques lançaram, recentemente, o livro “Roteiros de Arquitetura Contemporânea, Porto e Norte de Portugal”, disponibilizando uma série de percursos que desvendam três conjuntos reconhecidos como património mundial pela Unesco: os centros históricos do Porto e de Guimarães, a Região Vinhateira do Alto Douro e o Sítio Arqueológico do Vale do Coa. Além de apresentar um mapa simplificado com as obras aconselhadas, o livro fornece ainda indicações quanto às distâncias a percorrer e a duração estimada para cada trajeto.
“A arquitetura portuguesa contemporânea e, sobretudo, a arquitetura relacionada com a Escola do Porto é cada vez mais procurada por turistas. E o turismo cultural, associado a outras experiências e vivências, vem assumindo uma importância cada vez maior”, sublinhou Conceição Melo, justificando, assim, a aposta neste guia, num momento em que, atraídos “pelos voos low-cost, baixo custo de vida, clima e gastronomia”, os visitantes chegam ao Porto “em grandes quantidades para absorver o máximo em pouco tempo”. “É [um roteiro] muito simples e operativo. Tem os horários de visita, os contactos, as coordenadas geográficas e esquemas orientativos. Associa a esta informação um pequeno texto, de linguagem simples, e algumas imagens que nos mostram pontos de vista especiais das obras a visitar”, descreveu.
A Avenida dos Aliados, o Elevador dos Guindais e o Museu dos Transportes, no Porto; a Estação de Metro Parque Maia e a Quinta da Gruta, na Maia, e ainda o Hotel Vidago Palace e o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Trás-os-Montes e Alto Douro, são apenas alguns exemplos dos locais destacados. O facto de se tratar de um livro “pequeno“ e dirigido “a turistas e não especificamente a arquitetos” é, para os autores, uma das suas grandes mais-valias. “É facilmente transportável, tem um papel e um design gráfico simples e apelativo e é económico. Possui uma seleção de obras significativa que, sendo inevitavelmente subjetiva, procura a representação das melhores obras de arquitetura contemporânea (posteriores a 1960)”, resumiu a arquiteta, Mestre em Planeamento e Desenho do Ambiente Urbano pela FAUP/FEUP.
Projeto “vivo” que poderá ser completado
Disponível em português, inglês, francês e espanhol, o roteiro apresenta ainda obras da autoria dos galardoados arquitetos Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura. “Propomos idas a Amares, ao Marco de Canaveses ou a Bragança unicamente com o objetivo de visitar obras-primas destes dois autores”, referiu Conceição Melo. Destaque ainda para a escolha de espaços que se articulam entre si segundo um tema (como o Metro do Porto) e de obras que se localizam em proximidade geográfica, permitindo a organização de percursos. Segundo apontou a arquiteta, se a listagem de referências arquitetónicas fosse elaborada hoje, possivelmente “não seria a mesma”. “Há obras que poderia acrescentar e outras que retiraria. Algumas, já terminadas, deveriam ser acrescentadas. Enfim, [este é] um projeto vivo”, sublinhou, admitindo que, se tudo correr conforme o esperado, haverá tempo para o atualizar.
“Olhar que foge à visão ortodoxa da arquitetura”
O grande interesse manifestado pelas autarquias dos concelhos onde se edificaram as obras apresentadas no roteiro é outro aspeto mencionado pelos autores. E, para Sérgio Jacques, o ‘segredo’ reside exatamente no facto de se tratar de um guia “com um olhar que foge à visão ortodoxa da arquitetura”. “[Um livro] que nos informa como turistas interessados mas não especialistas ou conhecedores”, acrescentou. Os visitantes poderão encontrá-lo nas livrarias portuenses Lello e Latina, nas Fnac’s e nas plataformas online da Porto Editora.
Texto: Mariana Albuquerque | Fotos: Sérgio Jacques