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Ao encontro da escrita na Póvoa de Varzim

Ao encontro da escrita na Póvoa de Varzim
correntes_2De acordo com Luís Diamantino, vereador da Cultura da autarquia, o encontro “acaba por marcar o início do ano literário em Portugal”. “Em Fevereiro, na Póvoa de Varzim, lançar uma média de 30 livros, todos os anos, em quatro dias, é muito livro, o que significa que é um evento que tem dado muita expressividade à leitura”, afirmou.
O “Prefácio” desta edição foi feito pelo antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio. Apesar de admitir que não aprecia prefácios, que lhe lembram “buracos de fechadura”, o ex-ministro discursou durante meia hora, fazendo referência a escritores como Eduardo Lourenço, Nuno Júdice e José Tolentino de Mendonça. Para o jurista, um livro é “uma coisa privada” e promove um encontro “nesse lugar onde o escritor, quando escreve, e o leitor, quando lê, se encontram no pensamento”.

correntes_4A sessão de abertura do encontro ficou também marcada pela atribuição dos quatro prémios literários. Pedro Tamen venceu, com a obra “O Livro do Sapateiro”, o Prémio Literário do Casino da Póvoa, que contou com mais de 150 concorrentes. O poema “Esquecimento”, de Ana Filipa Reis, conquistou o Prémio Correntes d’Escritas/Papelaria Locus. Como o encontro é também aberto aos mais novos, o prémio Conto Infantil Ilustrado foi atribuído à turma 15 da EB1/JI de Medo, de Riba de Âncora, Vila Praia de Âncora, que apresentou o conto “O sonho da Violeta”. O quarto prémio (Dr. Luís Rainha), e mais recente, foi para “Sete Histórias do Vento Salgado”, de Ana Paula Mateus.

Ainda no primeiro dia do “Correntes d’Escritas”, a “poveira de coração” Luísa Dacosta foi homenageada na décima edição da revista associada ao encontro. Trata-se, segundo Luís Diamantino, de um agradecimento “à mulher que escreve poesia que dói” e que é, ainda, uma “escritora pouco lida”.

Presenças internacionais

Até sábado, a Póvoa de Varzim vai receber mais de 60 escritores de todo o mundo. Ricardo Menéndez Salmón é um dos escritores mais aclamados da nova literatura espanhola, mas garante que não se deixa afectar pela “euforia”, escrevendo para si mesmo. “O único compromisso que o escritor tem quando escreve é consigo mesmo”, defendeu o escritor, em declarações à Lusa.

Apesar da expectativa que se gerou à sua volta desde a publicação de “A Ofensa”, tranquilidade parece ser a palavra de ordem do dia-a-dia de Ricardo Menéndez Salmón. “Tento viver o reconhecimento com naturalidade, talvez porque me custou editar em editoras de primeira linha”. (…) Se o sucesso e o reconhecimento me tivessem chegado com uma primeira novela e com 30 anos, em vez de 36, estaria mais despido diante de todas estas tentações. Ao ter este percurso prévio e ao estar comprometido com este tipo de literatura, que não é para o grande público, posso estar muito tranquilo”, salientou. “O Revisor”, livro apresentado no “Correntes d’Escritas”, é inspirado nos atentados de 11 de Março de 2004, em Madrid. “É um livro ao qual cheguei impelido pela própria realidade que me tocou viver. Foi um livro que se me impôs”, afirmou.

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O escritor brasileiro João Paulo Cuenca foi outra personalidade em destaque no segundo dia do encontro. Em resposta ao repto “Eu começo depois da escrita”, o autor afirmou que a escrita, ao contrário da narração, é o processo mais artificial que pode ser levado a cabo pelo Homem. “Narrar, mais do que escrever, define o que é humano. Narrar é muito natural. Escrever é a coisa mais artificial e mais antinatural que se pode fazer”, defendeu.

correntes_3Para a escritora cubana Karla Suarez, escrever é a única forma de ser várias personagens e nenhuma, ao mesmo tempo.”Na infância, pensei que para viver outras vidas teria de ser actriz. O único problema é que todas as personagens teriam a mesma cara que eu. Para dar a vida a uma personagem, teria de desaparecer”, explicou ao público.

A cubana descobriu, então, que se fosse ela a escrever as histórias, “a situação podia ser muito mais interessante”.

Homenagem ao pintor Malangatana

Agendada para o dia do encerramento das “Correntes d’Escritas” está uma homenagem ao pintor Malangatana, que esteve presente no encontro do ano passado e faleceu recentemente. “Guardamos para sábado à tarde, na sessão de encerramento, uma pequena surpresa, em estilo de homenagem, ao Malangatana. Já estávamos habituados a ele e deixa-nos muitas saudades”, afirmou o vereador da Cultura, Luís Diamantino.

Mariana Albuquerque

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