O Campus Paulo Cunha e Silva está a nascer na antiga Escola EB1 José Gomes Ferreira, no Porto, e vai acolher residências artísticas e técnicas, ensaios abertos, artist talks e atividades com a vizinhança. A inauguração está marcada para 9 de junho, data do aniversário de Paulo Cunha e Silva, vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto falecido em 2015.
Apresentado como um “novo centro de residências artísticas e espaço de trabalho para as artes performativas na cidade” do Porto, o Campus Paulo Cunha e Silva será um “espaço multidisciplinar, inclusivo e de liberdade à criação, voltando-se para o futuro e vivendo do feedback dinâmico da comunidade que o ocupa”, explicou o diretor artístico do Teatro Municipal do Porto (TMP), Tiago Guedes.
O projeto vai permitir colmatar uma lacuna há muito assinalada por artistas e agentes culturais. “Depois de colmatada a oferta cultural por parte do Executivo, existiam áreas que estavam por complementar, nomeadamente um espaço com qualidade para ensaios, para criação, para residências artísticas, para todo o trabalho que é necessário para que depois as obras sejam apresentadas nos teatros municipais e noutros na cidade e no país”, afirmou o diretor artístico.
Dirigido pelo TMP, e pretendendo evoluir “como um epicentro da vida cultural daquele bairro”, o Campus Paulo Cunha e Silva será um lugar com espaço e tempo para “a pesquisa, a criação, a remontagem e os ensaios, sempre com a missão de explorar e experimentar as disciplinas de dança, teatro, formas animadas, circo contemporâneo e qualquer formato híbrido que surja destes cruzamentos disciplinares”, assim como eventos de mediação organizados pelos residentes, e atividades de mediação entre residentes e vizinhança, explica a autarquia.
As residências artísticas e técnicas vão funcionar por open calls anuais. São dirigidas a artistas em pesquisa, novas criações ou ensaios de peças já existentes, privilegiando candidaturas de artistas locais. A atribuição máxima será de 500 euros por semana, estando assegurado o acompanhamento por mentores ou equipas técnicas.
O lançamento destas open calls, bem como a disponibilização dos restantes serviços, acontecerá a 9 de junho, data do aniversário de Paulo Cunha e Silva.
A programação inclui ainda a segunda edição do “Reclamar Tempo”, um programa lançado no primeiro confinamento para incentivar o trabalho de investigação dos artistas que se encontravam impossibilitados de apresentar os seus espetáculos e cujos projetos vencedores serão apresentados no Campus Paulo Cunha e Silva entre maio e junho.
Está ainda prevista, a partir de 15 de junho, a cedência de espaços de ensaio gratuito para criadores locais sem apoio financeiro ou técnico.
Em setembro terão início as aulas para profissionais das artes performativas, lecionadas por formadores locais e por outros artistas que estejam a integrar a programação do Teatro Municipal do Porto.
De referir que as obras de reabilitação da antiga Escola EB1 José Gomes Ferreira, assumidas pela Câmara do Porto, encontram-se na fase final.
O espaço dispõe de 900 m2 de área construída, dois pisos, jardim e pátio. Segundo adianta o jornal Público, os artistas terão acesso a quatro estúdios, salas de reuniões, área comum com cozinha e sala de estar e dois quartos, para colaboradores que venham de fora da cidade.
Foto: José Caldeira | CM Porto