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Afinal, quem foi a Ferreirinha que dará nome à nova ponte do Porto?

Afinal, quem foi a Ferreirinha que dará nome à nova ponte do Porto?

Que o Porto é uma cidade de beleza incomparável, isso já sabemos. Não somos muito grandes, é um facto, se estivermos a falar de dimensão. No entanto, em tudo o resto, somos gigantes e um foco atrativo devido a vários motivos. Para além de termos uma gastronomia ímpar e de já termos sido considerados o melhor destino da Europa, sabia que somos, também, a cidade com mais pontes na Europa?

Há, até, aquela velha piada que pergunta “Qual é a cidade europeia com tantas pontes como o Porto?”, à qual a resposta é, como não poderia deixar de ser, Gaia. E por falar em pontes, provavelmente já ouviu falar na Ponte da Ferreirinha, que unirá, em breve, o Campo Alegre (Porto) à Arrábida (Gaia). Posto isto, a questão que se coloca é: quem é, afinal, essa Ferreirinha?

Ora bem, para começar, que tal fazê-lo, literalmente, pelo início? Corria o ano de 1811, até que, no dia 4 de julho, nasce Antónia Adelaide Ferreira, no seio de uma família do Douro.

A Ferreirinha, nome pelo qual era carinhosamente tratada, era conhecida por ser alguém de uma generosidade ímpar, mas também pelo seu caráter muito vincado e pelo seu talento para ser empreendedora, algo revolucionário para a sociedade do século XIX, em que os negócios eram, geralmente, liderados por homens.

Na área dos vinhos do Douro, criou um império que ainda hoje perdura, tendo lutado contra a praga de Filoxera, que, na altura, afetou de forma drástica as vinhas de toda a Europa, tendo levado ao fim de muitas delas. A nossa Ferreirinha? Resistiu e não baixou os braços. Deslocou-se até Inglaterra, para obter conhecimentos mais aprofundados sobre a peste em causa, tendo conseguido, através de um grande investimento, salvar um dos principais negócios que o Douro e a cidade do Porto conhecem.

Depois de passar o “cabo bojador” dos vinhos, veio a bonança. O Douro, muito graças ao papel fundamental da Ferreirinha, conseguiu dar a volta e continuar a exportar centenas e centenas (e mais centenas!) de pipos de vinho até à cidade que dá o nome ao vinho, o Porto.

No entanto, nem tudo o que é bom dura para sempre, não fosse a vida uma constante de altos e baixos. Houve, depois, uma altura, em que a escoação de produto começou-se a fazer com mais dificuldades, o que fez com que muitas famílias de lavradores do Douro tivessem, também elas, dificuldades em manter as suas propriedades.

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Aí, mais uma vez, entra o coração de ouro da nossa Ferreirinha. A empresária de sucesso, de boa vontade, fez questão de as comprar, uma a uma, de forma a que os ingleses não se apoderassem daquilo que era das gentes do Douro, tendo, posteriormente, vendido o espaço de volta aos proprietários a preços simbólicos, ou, até, de graça, sem nada em troca.

Como é possível observar, a vida da Ferreirinha dava um filme. A empresária duriense sobreviveu, ainda, a um grande naufrágio, no Cachão da Valeira, onde morreu, por exemplo, o ilustre barão de Forrester. No entanto, o que dá sentido à vida é, de alguma forma, saber que ela tem um fim.

Dessa forma, em 1896, para tristeza de todos, faleceu Antónia Adelaide Ferreira, uma Mulher com M grande, sempre muito à frente do seu tempo, e que representa a emancipação feminina, numa altura em que a hegemonia dos homens era por demais evidente.

Os anos passaram, mas sempre que se falar no Douro, que se fale na Ferreirinha, que deixou cerca de 30 quintas vinícolas e um legado que ainda hoje se conta. Sabia, por exemplo, que a RTP exibiu, em 2004, uma série chamada “A Ferreirinha”? Sabia que esta grande Mulher, que irá dar nome à nova ponte, financiou o Hospital da Régua, sua querida e estimada terra?

Falar na Ferreirinha é falar em empatia, em superação, em exemplo e em história. Fica a certeza de que o legado de Antónia Adelaide Ferreira continuará a ser contado, não só em conversa, mas também através de uma ponte que liga a Invicta, não só a Gaia, mas também a uma das mulheres mais emblemáticas, associadas à região norte e ao Porto.

Fotografia: Wikipédia

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