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A VIVA! esteve à conversa com José Pedro Gomes, sobre o espetáculo “Na Ponta do Nariz”

A VIVA! esteve à conversa com José Pedro Gomes, sobre o espetáculo

O Teatro Sá da Bandeira, no Porto, está prestes a receber, entre os dias 10 e 26 de novembro, o espetáculo “Pela Ponta do Nariz”, protagonizado por Aldo Lima e José Pedro Gomes. Sendo assim, a VIVA! esteve à conversa com José Pedro Gomes, com um enfoque particular nas 9 sessões do espetáculo na Invicta, sem nunca esquecer o percurso do ator e a sua forma de ver o humor.

O José Pedro Gomes é um nome incontornável da comédia portuguesa. É impossível falar no seu percurso, sem nos lembrarmos da “Conversa da Treta”, “Família Mata”, entre muitos outros projetos. Posto isto, coloca-se a seguinte questão: em tantos anos de comédia, aquilo que o fazia rir antes é o mesmo que o faz rir, hoje em dia?

Acho que sim. Eu gosto mais de um humor absurdo e subtil, no entanto também consigo achar alguma graça a ver uma pessoa a cair.

O público teve a oportunidade de o ver em “A Estudante e o Senhor Henrique”, uma peça em que, subjacente à comédia, havia uma mensagem bem mais profunda, que fez as pessoas divertirem-se, mas, ao mesmo tempo, pensar. Diria que essa é a melhor comédia? A que diverte, mas que suscita o pensamento? 

É o género de comédia que eu mais gosto de fazer, porque trata de questões complicadas de uma maneira bastante simples. Eu acho que isso é muito bom. Faz bem às pessoas e ao nosso público. Não diria que é uma comédia instrutiva, mas acho que é boa comédia. Eu gosto de caminhar por esse tipo de comédia, mas não tenho a pretensão de dizer que todos deviam fazer a mesma coisa.

O José Pedro Gomes já fez televisão, já fez cinema, no entanto há alguma mística que se associa sempre ao teatro. O que é que para si, enquanto ator, é tão diferente e tão aliciante no facto de fazer teatro?

São várias coisas. A primeira de todas é a presença do público. Isso é fundamental, na medida em que nós temos a reação imediata do público. Principalmente em comédia, aferimos logo se estamos a fazer bem ou mal. Se estou a dizer ou a fazer uma graça e as pessoas não se riem é porque eu fui mau. Não há outra maneira de encarar a coisa e depois o teatro tem outra coisa que também é boa, por ser uma zona de conforto. Nós andamos a ensaiar durante dois meses, para uma coisa que depois nós já sabemos como vai acabar. Sabemos que começa´, continua e acaba num sítio específico que nós sabemos qual é. No fundo, temos essa segurança. Eu sou uma pessoa muito insegura e o teatro dá-me essa segurança. Ainda assim, os espetáculos nunca são iguais. Com a experiência, aprendi a nunca fazer um espetáculo igual ao do dia anterior.

Dos três é o que mais gosta de fazer?

Sim. Acho que o cinema devia ser o equivalente ao teatro, na imagem. Devia ser algo tão trabalhada como o teatro, mas não é. Aqui, em Portugal, não é, pois não há dinheiro para isso. É uma questão de produção e dinheiro. A gente não imagina como os americanos fazem cinema. Só percebemos quando eles vêm cá e fecham cinco quarteirões de Lisboa para fazer uma cena de 10 segundos. Aqui, não há essa capacidade. Gosto muito de fazer cinema e televisão, mas o teatro é o tipo de trabalho que me permite ter controlo sobre as coisas todas. O ator é quem dirige a atenção do público sobre o espetáculo. E o encenador, claro. No entanto, nós sabemos quem está a dominar a atenção do público, em qualquer momento.

Quanto ao espetáculo “Pela Ponta do Nariz”, para os mais desatentos, o que é que podemos esperar desta nova peça?

Desde já, o título não tem nada a ver com o conteúdo. Eu não encontro ligação com o título e o assunto. No entanto, para quem não sabe o que é, eu faço de psiquiatra que vai ter uma consulta ao gabinete do primeiro-ministro, que vai fazer nesse dia o discurso de tomada de posse, que está com tiques, que eu defino como tiques espasmódicos. A maneira como ele fica é insuportável de se ver na televisão, portanto ele não pode fazer o discurso de tomada de posse. Já foi ao otorrino, já foi a todo o lado e agora está num psiquiatra. O espetáculo anda em volta do discurso do político, que ensaia várias vezes, mas que é interrompido por tiques que o fazem sentar-se. Só vendo!

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Já não é a primeira vez que trabalha com o Aldo Lima. Posto isto, a pergunta que se coloca é: entre os dois, qual é que é a receita do sucesso, para que seja uma fórmula que, passado tão pouco tempo, se repita novamente?

Temos uma química extraordinária. Temos uma noção muito parecida dos tempos. Temos um excelente entendimento como atores no palco. Entendemos o humor da mesma forma e, assim, é muito fácil trabalharmos juntos. Fácil, quer dizer… independentemente da dificuldade das peças, claro, que são difíceis. No entanto, a barreira do entendimento entre nós, como pessoas, ultrapassa-se, logo à partida.

Como é que descreve o processo de trabalhar a sua personagem, para o espetáculo “Pela Ponta do Nariz”?

Não foi fácil, porque eu tenho muita linguagem técnica. Logo, para mim, ao início, era ler páginas amarelas (risos). Tive de me inteirar do que as coisas queriam dizer e falar com pessoas que me ensinassem o que eu estava a dizer, profundamente. Neste momento, quase que podia dar consultas de psiquiatria! (risos)

O Teatro Sá da Bandeira está, assim, prestes a receber a genialidade de José Pedro Gomes e de Aldo Lima, com a peça “Pela Ponta do Nariz”, nos dias 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de novembro. Os espetáculos, entre os dias 10 e 26, acontecem sempre às 21h de sexta-feira e sábado, ou às 16h de domingo.

Os bilhetes estão à venda nos locais habituais.

Fotografia de capa: Pela Ponta do Nariz (Divulgação)

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