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A VIVA! esteve à conversa com Benjamim e Samuel Úria, que vão dar concerto no Porto

A VIVA! esteve à conversa com Benjamim e Samuel Úria, que vão dar concerto no Porto

Na antecâmara do espetáculo de Benjamim e Samuel Úria, no Teatro Sá da Bandeira, esta quarta-feira, dia 8 de novembro, a partir das 21 horas, a VIVA! esteve à conversa com os dois artistas. Desde a amizade dentro e fora dos palcos, àquilo que o público do Porto pode esperar do espetáculo, os artistas contaram alguns detalhes sobre o concerto.

Começando por abordar a vossa relação de amizade: como é que se conheceram e qual foi o momento em que perceberam que, se calhar, fazer projetos em conjunto era uma boa ideia?

Benjamim (B): Nós conhecemo-nos no MySpace. Era uma rede social pré-Facebook, muito virada para a música. Tinhas um player, onde punhas as tuas músicas, criavas ligações, amizades. Houve muita malta que começou a divulgar música através do MySpace. Recordo-me, inclusive, que o B Fachada mostrou-me uma canção do Samuel que eu adorei. A partir daí, fiquei fã e comecei a mandar-lhe mensagens de fã no MySpace (risos).

Samuel Úria (S): O curioso do MySpace é que, daqui a 20 anos, se calhar, vai-se falar numa geração da música portuguesa que está muito baseada em pessoas que se conheceram e começaram a partilhar canções no MySpace. Esse estreitar de relações passou do virtual para o real de forma muito fácil, na medida em que havia uma avidez muito grande, não só em divulgar a música, mas também em estar com as pessoas que nós ouvíamos no MySpace. Depois, começamos todos a tocar nas bandas uns dos outros, assim como em lugares emblemáticos em que tocávamos, como a Maxime, a Livraria Trama, por exemplo. Os circuitos eram muito semelhantes e tornou-se muito simples conhecermos as pessoas com quem nos cruzávamos no MySpace. Daí até eu chegar ao Benjamim foi bastante simples e fazemos parte de uma geração que ainda hoje se dá e faz coisas em conjunto, tanto a nível musical como social. Esse trabalho de conhecimento com o Luís (Benjamim) foi um aproximar natural e efervescente, dado que queríamos estar juntos, fazer coisas juntos. Nós queríamos ter legitimidade para fazer alguma coisa, mesmo estando fora da indústria. Isso juntou muita malta, como o B Fachada, o Diabo na Cruz, o João Coração, entre muitos outros. Os Capitão Fausto, por exemplo. Ainda hoje, somos todos amigos e fazemos coisas juntos!

Diriam que, na música, mesmo a um nível profissional, é preciso haver amizade para que as coisas saiam bem? Ou basta serem todos excelentes músicos?

S: Há casos de coisas que correm muito bem e as pessoas não se dão assim tão bem. Eu e o Benjamim somos ambos profissionais, no entanto nós somos a primeira geração que entra na música, numa altura em que a indústria já não simboliza riqueza óbvia. Já não se vendem discos. Quando nós começamos, insistimos na nossa produção, de forma inevitável. Fazíamos isto, mesmo que a música não nos garantisse subsistência. Eu acho que isso molda personalidades e não falo mal de parcerias anteriores a isto, em que as pessoas tinham uma procura muito mais industrializada, em que se pensava mais no negócio, antes das parcerias. No nosso caso, é o contrário. Partilhamos este espírito de missão e de recriação, que são semelhantes na nossa abordagem na música. Para solidificar parcerias, acho que tem de haver uma grande identificação com a pessoa, mais do que achar que se vai fazer muito dinheiro a partir da junção dos nossos esforços. A parceria com o Benjamim é exemplo disso. Fazemos, na medida em que gostamos muito da discografia e das canções um do outro, gostamos de estar um com o outro, de partilhar palco. Não é propriamente uma forma de fazermos um super grupo, para nos beneficiarmos profissionalmente. De alguma maneira, isto resume aquilo que é a nossa geração e a amizade que comungamos com as pessoas do nosso tempo.

B: Para fazer o que nós estamos a fazer tem de haver um grau de complexidade grande e de admiração e de amizade, para passar uma barreira de estar sempre a fazer cerimónia com a outra pessoa. Do género, “bora fazer assim, ou bora fazer de outra maneira”. Se as duas personalidades chocarem, acho que pode ser problemático. Pode ter bons resultados, claro, mas daquilo que é a experiência de produção que eu tenho, o produtor é o responsável por mediar a relação da banda. Todas as sessões têm de ser momentos agradáveis, para as coisas fluírem.

O que é que gostam mais um no outro, não só na forma de ser, mas também como artistas?

B: Eu admiro tudo no Samuel. É um privilégio tu poderes ter alguém a tocar contigo e que divide um espetáculo contigo que é alguém que tu admiras. Quando comecei a escrever canções em português, o Samuel era uma das referências que eu tinha. Acho que é importante olhar para os teus colegas que estão à tua volta a fazer coisas e perceberes que estás inserido num contexto. Eu sou um fã dele enquanto referência musical. Ao nível pessoal, também sou muito fã dele! Faz-me rir, fala muito bem, o que me deixa muito babado, tem um estilo impecável, portanto não há nada de mal a dizer.

S: Eu poderia dar a mesma resposta, na medida em que a plenitude das qualidades do Benjamim é o que o distingue. Estava, até, agora, a pensar que fazem 7 anos que faleceu o Leonard Cohen e a imprensa procurou-me muito para perguntar se achava que era melhor músico ou poeta. Para mim, era o melhor poeta dos músicos e o melhor músico dos poetas. Acho que era 100% das duas coisas. Com o Benjamim, tenho esse espírito, quando digo que ele é um dos produtores mais vincados que existem. Eu acho que a ideia de que um produtor em Portugal pode ser quase uma celebridade começa com o Benjamim, na produção de coisas que não dele. Por outro lado, é um grande escritor de canções, também. Se é mais uma coisa ou outra? As duas são indissociáveis e ele é o melhor produtor que escreve canções e é o melhor escritor de canções que é produtor. São qualidades perfeitas por si só, no entanto a junção delas, eu não só admiro como até, de uma forma saudável, invejo muito.

Estiveram recentemente no Teatro Tivoli, em Lisboa. Como é que sentiram a receção do público?

S: Eu ainda estou a receber amor nas redes sociais, o que é muito fixe. No dia, não falei assim com tanta gente, só com quem estava ao nosso lado. No entanto, é muito bom continuar a receber tanto amor nas redes sociais. Nós preparamos muito este concerto, no entanto, o facto de termos blindado muito do que vamos levar, é sempre curioso para perceber como é que o público, a cidade e a própria sala vai receber o espetáculo. Há coisas que, se calhar, nos vão motivar de forma diferente, por isso continuo muito confiante na defesa de algo que foi bem preparado e estou com expectativas altas. Não vamos simplesmente reproduzir algo que fizemos em Lisboa. Há sempre coisas a melhorar e já dizia o ditado, “tudo é melhor no Porto” (risos).

B: Eu, tal como o Samuel, ainda estou a processar o concerto e amanhã temos outro igual. O que é um bocado perigoso, isto de chegar e ficar “ah, ok, tenho de fazer isto outra vez” (risos). De manhã, passei bastante tempo a fazer versões de músicas do Samuel que eu toco. Estava meio nervoso. Queria aprendê-las melhor e estou a gravar versões da mesma música (risos). Tem sido um projeto mesmo muito entusiasmante. Estávamos os dois bastante confiantes com o concerto e trabalhamos muito bem, o que para mim, é meio caminho para estar descansado. Acho que defendemos muito bem aquilo em que acreditamos, nas semanas em que estivemos a ensaiar. Acho que o público percebeu isso e estou muito feliz com a maneira como as coisas estão a acontecer.

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Através das fotografias que divulgaram do espetáculo, percebeu-se que para além das vozes, fizeram-se acompanhar essencialmente de guitarra e também piano. Diriam que há uma certa magia neste tipo de concerto? Diriam que uma abordagem acústica chega de forma mais intensa às pessoas?

S: Uma das reações muito fixes que recebemos foi da Joana Gama. Ela tem um podcast diário e falou da experiência quase sensorial que teve no concerto e que aborda muitas coisas. Acho que parte da singeleza com que nos apresentamos, dado que somos só dois e arranjamos sempre maneira de nos multiplicarmos. Muitas vezes por questões sonoras e tecnológicas com que conseguimos como o som se amplie, mas também a parte das luzes, da abordagem das canções, a forma como o público se identifica com o que está a ser dito e partilhado, ajuda a que o espetáculo cresça em torno de uma coisa tão pequena, ainda que não sejamos assim tão pequenos, na dimensão física literal (risos).

B: O concerto é uma grande viagem. Existe uma história nas canções, mas também no som e na abordagem. A viagem é bem mais dinâmica do que aparenta. Há momentos muito íntimos com o público, o que gera grande proximidade com o público, muitas vezes a fazer coro, ou a sentir as palavras que nós dizemos baixinho. Ao mesmo tempo, a qualquer momento, também viramos a coisa ao contrário e há um sound system a fazer as pessoas vibrar.

Na quarta-feira, 8 de novembro, vão estar no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. É frequente dizer-se que o público da Invicta é especialmente caloroso. Dá-vos um gosto especial enquanto artistas atuar no Porto?

S: A mim dá, porque eu vivo em Lisboa há muito tempo. Então, ir para o Porto é ir para fora de pé, de alguma maneira. Ainda assim, sou sempre acolhido como se estivesse em casa. Tem sido uma das cidades onde é mais gratificante tocar. Fosse eu desconhecido, ou num momento mais “afamado”, o Porto sempre foi muito generoso, não só na forma como iam aos concertos, mas também como me acolhiam. O Porto faz sempre parte dos sítios onde temos de ir.

B: Eu tenho uma costela do Porto, dado que a minha mãe nasceu aí. Eu tenho uma experiência diferente da do Samuel, mas que eu gosto. O que eu gosto muito no Porto é que o público também tem de ser conquistado. Há um lado de desconfiar, também. É desafiante. A primeira vez que toquei no Porto, tinha uma banda e fomos tocar à Ribeira, sendo que tínhamos para aí 3 pessoas a ver-nos. Dormimos no carro, numa altura em que a Ribeira era um sítio muito mais hardcore do que hoje em dia. Tenho memórias muito fortes do Porto. Um público muito caloroso, que tem de ser conquistado. Acho que é o feitio da cidade. Para nós que somos de fora, ainda mais somos postos à prova.

Em termos de repertório, o que é que o público do Porto pode esperar? Há alguma novidade que possam revelar acerca do concerto?

S: Agora que demos o primeiro concerto, já não há propriamente segredos. Vamos partilhar canções, molhar o bico em canções um do outro. A única canção nova no alinhamento é o “Raros”, uma canção mote do que estamos a fazer. O Benjamim está muito avançado no seu disco novo. Eu estou ainda a planear o meu próximo disco. Ele, se calhar, até tinha novidades, mas não as vai esbanjar (risos). É a primeira vez que damos concertos em nome próprio, logo este “tocas tu”, “toco eu”, já é uma novidade, logo não fazia sentido colocar mais coisas novas, num espetáculo que, por si só, é uma novidade.

B: Não é uma questão de guardar. A questão é que já temos tantas canções, que às vezes o problema é mesmo tirar canções. 

Para acabar, pedia-vos para cada um completar a seguinte frase: “Na quarta-feira, dia 8 de novembro, às 21h, devo ir ao Teatro Sá da Bandeira, porque…”

S: (…) vai lá estar o Benjamim em grande!

B: (…) vai lá estar o Samuel Úria em grande forma!

Fotografias: Força de Produção

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