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A casa onde se filmou “Aniki Bóbó” é hoje uma clínica de referência no país

A casa onde se filmou “Aniki Bóbó” é hoje uma clínica de referência no país

A Clínica Médica da Foz (CMF) – Médicos em Casa foi fundada em 1986 e conta com uma vasta oferta de serviços em mais de 30 especialidades, nomeadamente, o serviço de atendimento médico ao domicílio, que deu início à história desta instituição que se tornou uma referência em Portugal.

O fundador da casa, Paulo Pessanha, médico especialista em hipertensão pela Sociedade Europeia de Hipertensão e em medicina geral e familiar, partilhou com a VIVA! não só a história da CMF, como também algumas das peripécias relacionadas com esta ao longo destes 37 anos de existência.

A ideia de começar o serviço de “Médicos em Casa” surgiu, inspirada no conceito “soins gradué au domicile” (cuidados graduados ao domicílio, em francês), trazido de França pelo, também pioneiro da clínica, João Luís Costa Leite.

Os dois colegas, na altura recém-formados, decidiram implementar o conceito em Portugal, com o objetivo principal de prestar o serviço durante 24 horas por dia. “Ir a casa dos doentes ainda havia uma ou outra clínica que o fazia, mas 24 horas sobre 24 horas ainda não. Era uma novidade”, conta-nos Paulo Pessanha. Ao longo do tempo, os dois foram convidando “pessoas de confiança” para se juntarem ao projeto e, assim, nasceu o grupo de fundadores, composto por 12 médicos.

Paulo Pessanha

Trabalhavam durante 24 horas, por turnos, naquele que era um “trabalho muito pesado”. “Hoje temos cerca de 30 a 40 médicos a fazer esse serviço, mas na altura éramos só os 12”, recorda, sublinhando que eram necessários dois médicos para cada visita prestada.

A fim de dar resposta à procura, era necessário construir uma “central de chamadas” e, para isso, essencial arranjar um espaço. “O pai do meu cunhado tinha uma casa, que tinha um rés-do-chão que estava devoluto (…) Foi muito simpático e emprestou-nos [a asa] durante 6 meses para ver se o negócio corria bem ou não”. Sendo uma das habitações mais antigas da zona da Foz, eram necessárias algumas obras, que foram feitas pelo grupo de médicos.

“O chão era terra, pusemos umas tijoleiras”, detalha. Concluídos os trabalhos, a futura clínica era composta por um pequeno hall, que funcionava como receção, um corredor, “do lado direito tinha uma salinha pequenina, a seguir um consultório, e ao fundo havia um quarto onde nós dormíamos, sem condições nenhumas, nem janela tinha”.

A casa pertencia a Carlos Montenegro, reconhecido como “benfeitor da clínica” pelo ato de bondade que demonstrou, e outrora havia sido cedida a Manoel de Oliveira, para realizar o aclamado filme “Aniki Bóbó”, que viria a tornar-se uma referência no cinema português. “A janela era a montra da loja onde estava a boneca” que Teresinha, uma das personagens principais da longa-metragem, cobiçava ter, e a qual desempenhou um papel importante no enredo da história.

Foto: Facebook Clínica Médica da Foz

O realizador Manoel de Oliveira, que vivera até aos 106 anos, curiosamente, passou a ser cliente da Clínica Médica da Foz e “doente” pessoal de Paulo Pessanha, que recorda com carinho o momento em que o cineasta lhe chegou “às mãos” e, sem o reconhecer no imediato, lhe pergunta “o senhor sabe que esta casa tem uma história ligada ao cinema? Foi aqui filmado o Aniki Bóbó”, ao qual o realizador responde “pois sei, fui eu que o filmei”, conta-nos, entre risos.

Descreve, ainda, o ambiente “muito familiar”, característica de uma “zona muito humilde”. “A Dona Julieta levava rissóis e bolos para os médicos que estavam a trabalhar”, nunca pedindo nada em troca.

Anos passaram e a equipa de doze médicos pouco ou nada ganhava com as consultas. O dinheiro servia apenas para “investimento na clínica”, a fim de, aos poucos, comprarem o que era necessário para a evolução da mesma. Entretanto, adquiriram a casa ao Sr. Montenegro e fizeram obras. “Foi tudo abaixo, ficaram só as paredes e construiu-se a Clínica Médica da Foz, onde passamos a ter consultas de várias especialidades, nomeadamente enfermagem 24 horas por dia”.

Durante os 32 anos em que exerceu a função de diretor clínico, Paulo Pessanha contratou profissionais de saúde com os quais mantinha uma boa relação, dando à clínica o espírito “familiar” que a distinguia.

Viagem no tempo

Contextualizando de forma cronológica, a ideia surgiu em janeiro de 1986 e a clínica teve a sua inauguração oficial a 5 de maio de 1986, após as obras realizadas na casa antiga. Receberam a primeira chamada às 15h30 do dia 5 do mês 5, na qual o médico Pereira Alves, que viria a especializar-se em oftalmologia, respondeu ao primeiro domicílio.

Foto: Facebook Clínica Médica da Foz

Ao início, os estudantes de medicina eram pagos para fazer a triagem telefónica, numa espécie de “part-time”. Quando a clínica cresceu, foram contratadas rececionistas e os estudantes, agora doutores, ficaram a trabalhar na clínica nas suas especialidades.

O horário de funcionamento era das 15h00 às 08h00, sendo que após essa hora estava fechada para os médicos exercerem funções nos hospitais, uma vez que estes estavam abertos apenas de manhã.
Como trabalhavam 24 sob 24 horas e rodavam no fim-de-semana, entre os turnos da CMF e das urgências do hospital, Paulo Pessanha chegou a passar quatro dias sem ir a casa. “Dormia lá, atendia o telefone por vezes às 3 e 4h da manhã”, chegando a deparar-se com “algumas situações complicadas, como em bairros conhecidos pelo consumo de droga”. “Sentia muito medo”, conta, mas apesar disso, a vontade de servir as necessidades dos seus pacientes prevalecia.

Todo o corpo clínico partilhava da mesma motivação. Uma equipa de doze que, nem que chovesse ou fizesse frio, procurava sempre “não falhar”.

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Naquela altura, “o INEM já existia, mas não ia a casa”, atuando assim só em ocorrências na via pública. Quando havia uma situação de emergência em casa, durante a noite, os doentes tinham de deslocar-se pelos próprios meios, por vezes inexistentes, para as urgências, sendo que a equipa da CMF perante situações graves fazia o serviço de transporte dos pacientes para o hospital no próprio carro.

Não havia telemóveis nem GPS, pelo que encontrar o domicílio dos pacientes era um verdadeiro desafio. Além de solicitarem indicações a quem passava, andavam “com moedas no bolso” para quando estivessem na área de residência procurarem uma cabine telefónica e ligarem às pessoas para receberem novas instruções. Outra solução, era marcar uma hora num dos “pontos de referência” próximos à casa dos doentes.

Levávamos “pastas grandes, feitas por nós, onde tínhamos todos os medicamentos que fossem necessários, sobretudo injetáveis”. Recorda, ainda, uma situação em que teve de aplicar uma injeção intracardíaca num doente que não conseguia reanimar.

Numa altura em que o norte foi invadido por uma “epidemia de gripe”, a CMF teve 110 serviços de domicílios num só dia, chegando a ter “seis médicos a trabalhar” no mesmo turno.

“Uma vez, uma senhora reclamou de um médico”, relata. “O médico era especializado em pulmões, mas fazia clínica geral ao domicílio”, e a senhora reclamou por este “entrar pela casa adentro, a meio da noite, de camisa”. “As pessoas ainda ligam ao aspeto, mas naquela altura, ainda mais”, constata. Assim, e dada as idades do corpo clínico que se compreendiam entre os 25 e 26 anos, ficou estipulado que iam sempre trabalhar “de casaco e gravata”. Dessa forma, podiam também parecer “mais velhos e mais experientes”.

Até surgir a concorrência, meses depois da inauguração da clínica, nunca tinham feito publicidade à exceção de anunciar a abertura em alguns jornais. “Fizemos também uns panfletos em papel vegetal, e andávamos nós e as nossas mulheres a meter nas caixas do correio, aqui, à noite, para ninguém nos ver”, conta-nos entre risos.

Os concorrentes Anjos da Noite e Batas Brancas começaram a “montar bancas à porta de estabelecimentos comerciais”, mas, ainda assim, a CMF não seguiu por esse caminho. “A ideia não era ganhar dinheiro, a ideia era prestar um serviço”, afirma Paulo Pessanha, ainda hoje mantendo o conceito de servir os pacientes a um preço justo.

A clínica disponibilizava um sistema de “sócios”, ainda em vigor, em que os pacientes pagavam uma quantia fixa por mês ou por ano e os domicílios passavam a ser muito baratos.

A Nova Era

Dos 12 fundadores, quatro mantêm-se ao serviço na Clínica Médica da Foz: Paulo Pessanha, João Luís Costa Leite, Manuel Viana e Paulo Ferreira da Silva. Aos cargos que alicerçam a clínica, juntaram-se Edmundo Ribeiro, exercendo a função de CEO, e Paulo Amado, atual diretor clínico.

Após a entrada de Edmundo Ribeiro, em 2018, houve a necessidade de ampliar o espaço e os serviços da clínica dada a maior afluência de clientes. Sita na Rua de Sobreiras nº. 636, a nova Clínica Médica da Foz conta com uma vista privilegiada sobre o Rio Douro.

Graças à experiência do CEO, conseguiram potencializar a clínica com uma equipa profissional e formada. De entre os vários acontecimentos que marcaram os últimos anos, destaca-se a parceria com os Anjos da Noite, a quem prestam o serviço noturno em formato outsourcing; as sessões de fisioterapia e a aposta na especialidade da medicina desportiva, incentivada pela experiência do médico Paulo Amado, tendo sido a clínica escolhida pelo clube Vitória de Guimarães para cuidar dos jogadores.

Paulo Amado e Edmundo Ribeiro

Quando questionado acerca do balanço do percurso da CMF, Paulo Pessanha afirma ser um “muito positivo”. Além da evolução supra mencionada, passaram de sete para mais de 20 consultórios, sendo que o crescimento tende a ser constante.

Mas, ainda que a sua expansão seja exponencial, os sócios da clínica continuam a usufruir de muitas vantagens. Por um preço praticamente simbólico, os pacientes têm “acesso prioritário ao serviço médico urgente, na Clínica ou no conforto da sua casa”, “renovação gratuita de medicação crónica segundo registo atualizado” e ainda “preços especiais em todas as consultas e serviços da Clínica”, podendo abranger todo o agregado familiar nestas regalias.

“Médicos em Casa” continua a ser a base deste espaço emblemático no Porto, de mãos dadas com a vontade de servir a população e cuidar dos seus pacientes.

“É a minha segunda casa”, conclui Paulo Pessanha.

Foto de capa: Facebook Clínica Médica da Foz

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