“A festa nasce com o Dia Mundial da Animação, instituído em 2002 pela Associação Internacional do Filme de Animação (ASIFA), com o propósito de promover a uma voz a extraordinária diversidade e beleza que existe neste género de cinema”, salientou Vanessa Ventura, da organização. E já é em uníssono que, um pouco por todo o globo, se canta o poder do movimento das formas animadas. À França, Alemanha e Reino Unido, os “grandes europeus” do sector, juntaram-se, por exemplo, o Brasil e a Índia.
A nostalgia da alma portuguesa
Hoje, o cenário da animação portuguesa é bem distinto do das décadas de 80 e 90. Na opinião de Vanessa Ventura, “não há assim tantas diferenças” entre a animação portuguesa e estrangeira. “Tal como em todos os países europeus (com excepção dos grandes), a produção de curtas de autor [no nosso país] é contida, mas a qualidade é crescente”, assegurou à Viva. “Além do domínio da expressão gráfica e cinematográfica, há a questão da história que se pretende contar, e é aí que se reflecte um quê da nostalgia da alma portuguesa”, acrescentou.
Da lista de surpresas preparadas para esta edição da FMA constam “um western, um coração pensador e mais animação em volumes”. Um dos desafios propostos pela Casa da Animação é a descoberta da diversidade de técnicas, grafismos, texturas e abordagens narrativas dos novos filmes da animação portuguesa, tais como “Vacas”, de Isabel Aboim Inglez, “E se”, de Sandra Santos e “A única vez”, de Nuno Amorim.
Oficinas criativas
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Além das narrativas técnicas, que utilizam o desenho, a animação tradicional 2D, pintura, marionetas e tecido, a FMA convida os mais novos a colocar “as mãos na massa”, num conjunto de oficinas que servem de introdução ao mundo da animação. Em “Como se faz um desenho animado”, Tomé Moreira ajuda os participantes a descobrir a diversidade que o universo do cinema encerra, fazendo-lhes uma breve abordagem prática dos princípios da imagem animada.
Mas, afinal, até onde vai o poder de um cartoon? “Até ao infinito, só está limitado pela imaginação”, afirmou o formador à Viva. “Normalmente [as crianças] entusiasmam-se bastante, sobretudo quando vêem os resultados e percebem o potencial da experiência em animação”, acrescentou Tomé Moreira, que já marcou presença na edição passada da Festa.
Existe ainda a oficina “Areias movediças”, na qual cada participante tem a oportunidade de intervir num curto filme colectivo totalmente animado em areia; o espaço “I’m a cartoon”, “Conta-me coisas”, um encontro entre marionetas e a animação; “Xispa animada” e “Lindo como um quadro”, oficina na qual é possível não só desenhar um bigode na Mona Lisa, como também animá-lo.
“Casa da Animação resiste e existe”
Apesar da crise económica continuar a fazer das suas, a equipa da Casa da Animação está empenhada em lutar pelo seu projecto. “A Casa teve um apoio inicial importante, em 2001, mas quando finalmente abriu portas em 2002, num espaço adaptado ao seu projecto, a crise começou a fazer-se sentir, impossibilitando um crescimento maior e mais sustentado”, referiu Vanessa Ventura. “As actividades foram reduzidas em determinados períodos mais negros, há problemas por resolver, mas a casa resiste e existe”, acrescentou, com satisfação. Qual é o segredo? A imaginação, “sem limites”, diz.
Mariana Albuquerque
Reportagem Semanal – 29 Outubro a 4 Novembro 2010
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