
A 21.ª edição do FEST – Festival Novos Realizadores, Novo Cinema arranca este sábado, 21 de junho, em Espinho, e estende-se até 29 de junho, com cerca de 250 filmes em exibição e uma forte presença de obras realizadas com recurso a Inteligência Artificial (IA).
Com um orçamento de 180 mil euros, o festival do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto apresenta este ano 80 filmes em competição, incluindo um thriller erótico português, várias obras sobre habitação e uma secção dedicada exclusivamente a trabalhos desenvolvidos com IA.
“O ano passado já havia muitos filmes com IA, mas este ano nota-se um salto gigante nesse domínio, inclusive ao nível das bandas sonoras, e temos uma secção específica só para obras com essa tecnologia”, declarou o diretor do FEST, Fernando Vasquez, à agência Lusa. “A IA está a ter um grande impacto na produção cinematográfica e avança a um ritmo tão rápido que as diferenças são abismais”, sublinhou. via (Porto Canal)
Longas em destaque e presença internacional
Entre as 10 longas-metragens da competição oficial, destacam-se títulos como Manas, de Marianna Brennaud, descrito como “o grande filme brasileiro do momento”, Mad bills to pay (or Destiny, dile que no soy malo), do dominicano Joel Alfonso Vargas, e Peacock, do austríaco Bernhard Wenger, vencedor do FEST em 2018 e premiado em Veneza em 2024.
A atualidade política também se reflete na seleção, com obras como Lesson Learned, do húngaro Bálint Szimler, centrado no sistema educativo sob o governo de Viktor Órban, e Happy Hollidays, do palestiniano Scandar Copti, sobre a discriminação vivida por famílias árabes em Israel.
No documentário To close your eyes and see fire, os austríacos Nicola von Leffern e Jacob Carl Sauer retratam as feridas abertas pelas explosões no porto de Beirute em 2020, numa análise profunda à situação no Líbano e no Médio Oriente.
Cinema português e crise da habitação em foco
De acordo com o Porto Canal, a competição nacional, com 23 filmes, aborda maioritariamente o tema da habitação, refletindo as dificuldades atuais nos grandes centros urbanos. Um dos exemplos é Agente imobiliário sem casa para viver, de Filipe Amorim, em registo mockumentary, e C’est pas la vie en rose, primeira longa de Leonor Bettencourt Loureiro, sobre gentrificação em Lisboa.
Outros títulos em estreia incluem First Date, comédia romântica de Luís Filipe Borges, e Arriba Beach, de Nishchaya Gera, que segundo Fernando Vasquez será “o primeiro thriller erótico nacional, com conotação LGBT”.
“A influência de profissionais estrangeiros a viver em Portugal está a trazer muitas coisas boas para o nosso cinema”, afirmou o diretor do festival. “Nos anos anteriores isso notou-se sobretudo com a influência brasileira e agora percebe-se também com os profissionais de outras partes do mundo, que têm contribuído para trazer mais variedade de estilos e formatos ao que se faz em Portugal”, acrescentou.
Formação, música e arte contemporânea
Além da exibição de filmes, o FEST 2025 inclui um programa formativo com workshops e masterclasses liderados por profissionais nacionais e internacionais, sessões de pitching com agentes do setor audiovisual e uma programação paralela com concertos, festas e exposições, no âmbito da 8.ª Bienal Internacional de Arte de Espinho.
Apesar da expansão da programação e do aumento do público jovem, que representa cerca de 20% da audiência total, estimada em 15 mil pessoas em 2024, a organização destaca as dificuldades relacionadas com o preço do alojamento em Espinho. “Temos dificuldade em negociar com os técnicos que queríamos ter ao serviço no festival porque […] o preço do alojamento é tão caro que nos impede de os contratar”, lamentou Vasquez.
Com cerca de 200 estreias nacionais e uma panorâmica dedicada à produção cinematográfica da Geórgia, o FEST volta a afirmar-se como um dos principais palcos para novos talentos do cinema mundial.