
“É fundamental que os pais tenham consciência de que o crescimento saudável das crianças está, em grande parte, dependente da forma como eles as educam”, salientou à agência Lusa Orlanda Cruz, uma das coordenadoras do projeto “Implementação do Triplo P numa população em desvantagem social”.
Segundo a responsável, é frequente que ambos os pais trabalhem longe de casa e a tempo inteiro (e às vezes de forma precária e com horário alargado), sendo pouco o tempo de qualidade passado com os filhos.
“O que fazer quando a criança não cumpre regras, não respeita os limites ou simplesmente não obedece? Esta é a grande questão para um grande número de pais. Por um lado não querem usar da força e bater nas crianças, o que aliás é proibido em Portugal desde 2007, mas por outro lado, não sabem o que fazer”, explicou, acrescentando que o castigo físico e os berros surgem frequentemente em resultado da dificuldade em manter o autocontrolo e em associação com um sentimento de impotência para lidar com os filhos.
O programa Triple P – Promovendo a Parentalidade Positiva – pretende ensinar aos pais estratégias educativas comprovadamente eficazes, de acordo com os estudos que têm sido feitos em diversos países.
Pretende-se verificar se este programa é igualmente eficaz com um conjunto de mães portuguesas provenientes de meios socioeconómicos desfavorecidos e apoiadas pela Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, onde o projeto está a ser dinamizado pela técnica e investigadora Sandra Nogueira.
O programa Triple P é composto por oito sessões, sendo cinco presenciais e realizadas em grupo (oito a 12 pais) e as restantes três individuais e por telefone.
Os pais vão aprender a utilizar estratégias que promovem comportamentos adequados a ter com as crianças e estratégias que diminuem os comportamentos inadequados.
Assim, ao longo do programa, os pais percecionam-se a si próprios como mais capazes e mais eficazes a lidar com os filhos.
Para verificar a eficácia do Triple P, na investigação colaboram dois grupos de pais: um que recebe a intervenção e um grupo de controle.
Sendo ambos os grupos avaliados antes e depois do programa, a verificação de melhorias no grupo que recebeu a intervenção vai permitir concluir que o programa é eficaz no contexto nacional, confirmando o que já foi evidenciado noutros países.
“É suposto que as mudanças se mantenham a longo prazo e para isso fazemos avaliações de seguimento, que podem ser seis, nove ou doze meses depois do final do programa”, esclareceu Orlanda Cruz.
O projeto conta ainda com a coordenação da investigadora Isabel Abreu-Lima e a colaboração da investigadora Cátia Sucena, da FPCEUP.