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Universidade do Porto disponibiliza mais de 2.000 documentos de Herberto Helder

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Mais de duas mil imagens de documentos do acervo do poeta Herberto Helder estão disponíveis digitalmente para consulta, na biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).

O professor jubilado Arnaldo Saraiva explicou à agência Lusa que o processo de digitalização teve início depois de um primeiro contacto entre a viúva de Herberto Helder e o docente, do qual resultou a decisão de passar para digital os documentos do espólio do poeta, de modo a que não viessem a perder-se, em caso de um qualquer acidente, e para que pudessem ser de mais fácil acesso para investigadores interessados, o que aconteceu depois de contactada a Fundação Calouste Gulbenkian, cujo Conselho de Administração, liderado por Artur Santos Silva, aprovou o projeto.
O espólio é composto por manuscritos e datiloscritos, incluindo “hipóteses de poemas que constituiriam um livro com alguns títulos adiantados”, um outro livro já estruturado, que teria como possível título “Para tempos pobres”, composto por pequenos capítulos, um estudo sobre sonetos e alguma correspondência.
Para Arnaldo Saraiva, “a obra de Herberto merece bem estudo e leitura permanente e também se pode dizer que a letra dele, no caso de manuscritos, era bem mais clara do que a de Fernando Pessoa”.
“O problema era facultar a possibilidade, não só a um ou dois estudiosos, [de acesso] ao espólio, mas também a possibilidade de um número alargado de investigadores poder aceder a ele”, afirmou o académico, que realçou que os pedidos são dirigidos à biblioteca da FLUP, para posterior aprovação pela família de Herberto Helder, que mantém a posse física dos documentos.
Nascido na Madeira, em 1930, Herberto Helder viveu quase sempre no continente, teve vários ofícios – operário, repórter de guerra, editor, empacotador, bibliotecário – mas o da escrita foi o mais constante, desde que publicou o primeiro livro, “O Amor em visita”, em 1958.
Herberto Helder deu a última entrevista em 1968, recusou o Prémio Pessoa em 1994, e editou, em 2014, o livro “A morte sem mestre”.
Em 2015, após a sua morte, foi publicado o último livro organizado pelo autor, “Poemas canhotos”, a que se sucedeu, já este ano, “Letra aberta”, conjunto de trinta e três poemas inéditos, escolhidos pela viúva do escritor.

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