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Um club no Pérola Negra

Um club no Pérola Negra

Pérola Negra foi sempre um nome que entoou com algum carisma, iconicidade e, salvaguarde-se, alguma indulgência no proibido. Reconhecido, sobretudo, pelas gerações que acompanharam na década de 80/90 o surgimento do primeiro espaço que, dizem, explorava a sexualidade como prática corrente e desinibida na sociedade portuense, vinda de um período ditatorial onde algo como este espaço seria impensável na vivência portuguesa.

Existem mais mitos urbanos sobre este espaço do que há memória, talvez pela componente negativa e emblemática que envolvem as práticas deste espaço. No entanto, foi desta carga que nasceu o intuito de desenvolver e mostrar que os espaços não são prisioneiros da sua recriação e que a vivência de quem os ocupa transforma hábitos, culturas e formas de estar.

A entrada para este projeto que usa o espaço do Pérola Negra surge na forma de convite no início de 2018. Este projeto envolvia começar do zero algo que pudesse traduzir um esforço conjunto, criar algo para a cidade, singular na sua forma de traduzir e gerar cultura. Desse convite nasceu uma equipa e uma intenção de traduzir diferenciação em todos os aspetos relacionados com esta prática.

Inicialmente a ideia era criar um espaço que combinasse a junção de esforços da comunidade artística local, assim como um posicionamento internacional de artistas relevantes, mais focado na música eletrónica contemporânea, mas que foi abrindo espaço para manifestações como o hip-hop e outras vertentes de música urbana.

A forma e o processo foram induzidos tendo como contexto e análise, espaços que acolheram e foram transformadores, na sua abordagem cultural, nas suas cidades.

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O papel da comunicação foi determinante na forma de olhar para o espaço como um meio de congregar diferentes públicos, cativar o interesse de acompanhar os projetos espelhados e de experienciar este espaço único em osmose de valores partilhados de igualdade e celebração.

Eis que após um crescimento (que também teve as suas dores e contratempos) surge a maior dificuldade de todas: a necessidade de parar por um bem maior – o da manutenção da saúde pública e do papel secundário ou terciário da cultura na sociedade portuguesa atual.

Agora, passo a passo, voltamos a percorrer o mesmo caminho que abraça os objetivos iniciais do club, com um esforço redobrado de querer acolher quem procura nos espaços de recriação cultural um novo fórum de celebração, partilha e enriquecimento pessoal e social.

Jonathan Tavares

Foto: Renato Cruz Santos

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