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Troca de livros escolares

Troca de livros escolares
Portugueses rendem-se aos manuais em segunda mão

A pouco tempo de as salas de aula voltarem a encher-se de alunos, com a típica folia do arranque de mais um ano letivo, a compra dos manuais escolares é já uma preocupação para muitas famílias. Os cortes nos rendimentos obrigam os pais a fazer contas de cabeça e o aumento de 2,6% no preço dos referidos livros só veio agravar ainda mais o peso da fatura. Contudo, há uma solução, cada vez mais apreciada pelos portugueses, para reduzir as despesas no momento da aquisição dos manuais escolares: a utilização de livros em segunda mão.

E foi há exatamente dois anos, em agosto de 2011, que o explicador Henrique Cunha criou, no Porto, o primeiro Banco do Livro Escolar, que viria a inspirar muitas outras cidades espalhadas pelo país, dando origem ao Reutilizar – Movimento pela Reutilização dos Livros Escolares. Neste momento, existem já 152 bancos portugueses, a comprovar a máxima de Henrique de que já ninguém deita ao lixo os antigos manuais.
“O Banco do Livro nasceu como uma iniciativa que eu promovia entre os meus alunos. Em agosto de 2011 publiquei no Facebook um artigo sobre o assunto e, sem saber como,  subitamente, centenas de pessoas aderiram à ideia”, contou o explicador, acrescentando que, nos 15 dias seguintes, a estratégia foi replicada em vários locais. O funcionamento da iniciativa é o mais simples possível: “os bancos de partilha de livros são locais onde qualquer pessoa pode entregar os livros de que já não precisa e também procurar os que necessita”. Na sequência da ação de Henrique Cunha e dos inúmeros bancos que começaram a ser dinamizados no país nasceu o Reutilizar, que visa lutar pela reutilização universal dos manuais em Portugal. De salientar que “toda a atividade dos bancos é gratuita, não envolvendo dinheiro em nenhuma das suas formas”.

Assim, em setembro de 2012, o Movimento pela Reutilização dos Livros Escolares lançou mãos à obra, atuando “junto do Governo, dos vários grupos parlamentares, das autarquias e das escolas” com vista à sensibilização da comunidade para o tema da reutilização. Aliás, foi graças ao trabalho do Reutilizar junto da autarquia portuense que nasceram bancos de manuais no Gabinete do Munícipe e no agrupamento de escolas Alexandre Herculano. “Nunca imaginei que a iniciativa tomasse esta dimensão”, confessou o explicador, realçando que muitos foram os cidadãos que se disponibilizaram a ajudar tanto na sede do Banco do Livro Escolar, na Boavista, como no movimento Reutilizar, apoio esse sem o qual “seria impossível manter a máquina em funcionamento”.

Uma “Troika”, mas das boas

banco_livro_escolar_2E numa altura em que os portugueses já revelam algum cansaço em relação à presença da “Troika” no país, Pedro Carvalho e António Vieira de Castro, do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), decidiram revolucionar o conceito, utilizando-o para dar nome a um projeto baseado na troca e venda de manuais usados. Em declarações à Viva, Pedro Carvalho explicou que o “Troika de Livros” permite a “colocação online dos livros que temos lá por casa, vendendo-os ou dando-os gratuitamente a quem precisa”. A iniciativa começou a ganhar forma depois de um desafio que o docente António Vieira de Castro lhe lançou na unidade curricular de Projeto/Estágio para a conclusão da Licenciatura em Engenharia Informática. Depois de vários estudos destinados a analisar, junto dos futuros utilizadores, os mecanismos associados aos processos de trocas, vendas e doações, a plataforma foi lançada, obtendo um feedback “fantástico”. Aliás, a resposta da sociedade foi de tal modo satisfatória que o ISEP decidiu criar uma bolsa de investigação para que o projeto pudesse continuar a ser desenvolvido.

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Segundo explica Pedro Carvalho, o funcionamento do “Troika de Livros” é “muito simples e intuitivo”. “Para usufruírem de todas as funcionalidades terão apenas de se registar. Se pretenderem vender livros, basta inserir os seus dados e o preço que pretendem; se quiserem comprar, enviam uma mensagem ao utilizador que está a vender. Para trocar livros também basta contactar o utilizador que tem o manual pretendido”, descreveu. Através do site do projeto é ainda possível doar livros, tanto a utilizadores do portal como a instituições de solidariedade assocadas ao “Troika”.

banco_livro_escolar_3_repO respeito pelo livro

Apesar de a grande maioria dos bancos não fazer qualquer registo dos livros entregues, o Reutilizar estima que um milhão de manuais tenha já passado pelos vários locais que lhe estão associados. A verdade é que, a cada ano que passa, o número de bancos aumenta, assim como o número de pessoas interessadas em fazer parte desta “comunidade”. “A crise é apenas uma das razões de sucesso dos bancos, não sendo a questão financeira a motivação principal deste movimento, mas sim a educação para o respeito pelo livro, a questão ambiental associada ao desperdício de milhões de livros escolares que anualmente ‘morrem’ numa estante ou vão para o lixo sem servir a mais ninguém”, referiu Henrique Cunha. No “Troika de Livros”, os registos também têm crescido “exponencialmente”, sendo indiscutível o impacto do aumento do preço dos manuais. “Naturalmente que, face à crise que o país atravessa, a maioria das pessoas pede algum dinheiro pelos seus livros, embora com preços muito convidativos. No entanto, existem vários utilizadores a colocarem livros para doar a outras pessoas”, notou Pedro Carvalho.

Pela experiência que tem tido no movimento Reutilizar, Henrique assegura que “a generosidade das pessoas é um imenso capital que não está em crise”. “Muita gente carrega caixas de livros para os bancos na expectativa de serem reutilizados sem nada quererem em troca. Muita gente se oferece para ajudar. Esse é o aspeto mais surpreendente”, confessou o explicador, que diz estar a viver um momento muito gratificante porque, afinal, é possível “melhorar um pouco o mundo onde vivemos”.

Texto: Mariana Albuquerque    |    Imagens: Reutilizar/Troika de Livros

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