A Fundação de Serralves deu “carta-branca” ao arquiteto Álvaro Siza Vieira para programar um ciclo sobre “as representações da casa no cinema”, que tem início esta sexta-feira e decorre até 12 de outubro.
Concebido pela recém-inaugurada Casa do Cinema Manoel de Oliveira, projetada por Álvaro Siza, o programa contempla a exibição, no auditório do museu, de cinco filmes que estabelecem um diálogo com a exposição “Álvaro Siza in/disciplina”, atualmente no Museu de Serralves para celebrar os 20 anos daquele espaço, também projetado pelo arquiteto matosinhense.
O ciclo tem início esta sexta-feira com a projeção de “O Arquiteto e a Cidade Velha”, um documentário de Catarina Alves Costa, que vai ser apresentado pelo próprio Siza, já que o filme documenta a coordenação do projeto de recuperação da Cidade Velha, na ilha cabo-verdiana de Santiago, coordenada pelo próprio. “A Cidade Velha é um local histórico: anteriormente chamada Ribeira Grande, foi a primeira cidade fundada pelos portugueses em Cabo Verde (em 1462). Todo este processo suscita na população local grandes expectativas quanto à melhoria das suas condições de vida”, lê-se na sinopse da obra de 2003.
No sábado, será exibido “A Dama de Chandor”, documentário de 1999, realizado por Catarina Mourão e que será apresentado pela autora. “Aida, a Dama de Chandor, tem oitenta anos e vive sozinha num palácio perdido numa aldeia goesa. Este documentário conta a sua história, acompanhando o seu esforço diário para preservar a todo o custo esta casa, símbolo visível e palpável da sua identidade, que sente ameaçada. A Dama de Chandor e a sua casa confundem-se. Aida terá de viver até garantir que a casa lhe sobrevive”.
No domingo, será apresentado uma cópia restaurada de “A Janela Indiscreta”, um dos grandes filmes de Alfred Hitchcock, apresentado por Nuno Grande e destacado como tendo “a arquitetura como personagem central” através do olhar do fotógrafo interpretado por James Stewart, que observa a vida de vizinhos pelas suas janelas.
“The Apartment”, filme de 1960 de Billy Wilder que venceu cinco Óscares, é apresentado por Luís Urbano pelas 18h de dia 11 de outubro. Um empregado (Jack Lemmon) procura subir na hierarquia da empresa, cedendo o seu apartamento para as aventuras extraconjugais dos seus patrões. Até que se apaixona por uma das suas conquistas: Shirley MacLaine.
O ciclo encerra, no dia 12, com “Vale Abraão” (1993), um dos mais conhecidos trabalhos de Manoel de Oliveira e que conta a história de Ema e dos três amantes com que se cruza ao longo da trama. O filme será apresentado por Alexandre Alves Costa.
De referir que a exposição “Álvaro Siza – In/Disciplina”, patente até 2 de fevereiro de 2020, serve para comemorar o 20.º aniversário do Museu de Serralves, cruzando seis décadas de trabalhos, entre 1954 e 2019, da trajetória do arquiteto que recebeu o Prémio Pritzker em 1992.
Programa:
4 outubro, 18h: O Arquitecto e a Cidade Velha – Catarina Alves Costa
5 outubro, 18h: A Dama de Chandor – Catarina Mourão
6 outubro, 18h: Rear Window – Alfred Hitchcock
11 outubro, 18h: The Apartment – Billy Wilder
12 outubro, 18h: Vale Abraão – Manoel de Oliveira