A descoberta da cripta com as sepulturas, debaixo do altar-mor da igreja, aconteceu “por acaso” quando um trabalhador levantou parte do piso em madeira para colocar um fio elétrico e viu “algo estranho”, disse o presidente da Irmandade dos Clérigos, padre Américo Aguiar.
“Estamos curiosos para estudar as urnas e descobrir de quem são e, se porventura, uma delas é de Nicolau Nasoni”, explicou o clérigo
O ‘ex-líbris’ da cidade do Porto foi projetado, há mais de 200 anos, pelo arquiteto italiano. Por sua vontade, Nicolau Nasoni foi enterrado na Igreja dos Clérigos, mas não se sabe onde, pelo que a descoberta da cripta “aguçou a curiosidade”.
“Será que os meus antepassados na função, ao fazer-lhe [Nicolau Nasoni] o funeral, lhe dedicaram um espaço na cripta, em vez de o pôr no corpo da igreja?”, interrogou Américo Aguiar.
Arqueólogos e antropólogos vão agora trabalhar, em conjunto com a Direção-Geral de Cultura, para determinar de quem são as ossadas e se, num dos casos, se trata mesmo das do arquiteto italiano. Os trabalhos serão iniciados após a reinauguração da Igreja dos Clérigos, que acontece na sexta-feira, às 12h00. Com as obras, o monumento nacional terá uma nova entrada, elevador, acesso para pessoas com mobilidade reduzida e museus e será também palco para concertos de órgão de tubos.
Apesar de saber da existência da cripta, o arqueólogo responsável pela obra dos Clérigos, Artur Fontinha, não esperava encontra-la.
“Entrei lá [cripta] com a proteção devida e, à primeira vista e sem tocar em nada, parece ter cinco metros por cinco e cerca de oito sarcófagos em chumbo com esqueletos lá dentro, mas podem ser mais”, afirmou.
De acordo com o arqueólogo, o espaço está bem preservado, tal como algumas ossadas.
Artur Fontinha revelou ainda ter encontrado a latrina original (casa de banho) e o enrocamento (base de preparação de construção) do edifício.