A música dos grandes génios do romantismo regressa esta sexta-feira a Matosinhos. O recital, que terá início às 21h30, no Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery, vai incluir peças de Robert Schumann e do seu discípulo Johannes Brahms, dois nomes incontornáveis da história da música, nomeadamente o “Arabesque, op.18” e a “Fantasia, op.17”, de Schumann, e “Sonata em Fá menor, op.5”, de Brahms. Jorge Moyano faz as delícias desta viagem no tempo.
Na sua origem, a “Fantasia op.17” (1836) foi concebida como uma sonata e seria a contribuição de Schumann para o monumento de homenagem a Beethoven, a erigir em Bona por iniciativa de F. Liszt.
Já “Fantasia” expressa a tensão resultante da separação forçada de Clara Schumann – a jovem pianista prodígio com quem viria a casar em 1840 –, cujo pai havia proibido qualquer contacto entre ambos.
“Só podes compreender a ‘Fantasia’ se recuares àquele infeliz verão em que renunciei a ti (…). O primeiro andamento é aquilo que de mais apaixonado escrevi, é um lamento dilacerante pela tua ausência”, escreveu Robert a Clara anos depois.
Levando consigo algumas sonatas para piano, em outubro de 1853, um jovem de 20 anos de idade bateu à porta do casal Schumann. Tratava-se de Johannes Brahms e, ao ouvi-lo, “Schumann pressente nele um génio, palavra que anota no seu diário. Na revista de crítica musical que dirige escreve que J. Brahms (1833-1897) transforma o piano numa orquestra e que as sonatas são como que sinfonias disfarçadas. Isso é particularmente evidente na terceira sonata, op.5, a qual, pela sua dimensão e pelo modo como os temas são tratados, desenvolvidos e variados, pode considerar-se uma digna sucessora das últimas sonatas de Beethoven”, revela nota enviada nas redações.
Refira-se que Jorge Moyano nasceu em 1951 e concluiu em 1968 o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional de Música de Lisboa. Detentor de diversos prémios nacionais, exerce atualmente funções docentes e mantém atividade como concertista com atuações em diversos países. Tem, ainda, atuado com variadas orquestras, nomeadamente a Gulbenkian, a Sinfónica Portuguesa, a Nacional do Porto, a Metropolitana de Lisboa, a Sinfónica de Tóquio e a Orquestra de Câmara da Comunidade Europeia. Editou um CD com obras de Robert Schumann.