O Teatro Nacional São João (TNSJ), encerrado desde janeiro, devido ao confinamento e a obras de reabilitação, orçadas em 2,35 milhões de euros, volta a abrir as portas ao público no próximo dia 22 de outubro. O momento será marcado pela estreia da próxima produção própria da casa, “Lear”.
Num palco novo, mas sem perder de vista o reportório clássico, Nuno Cardoso, diretor artístico do São João, leva a cena uma das obras mais aclamadas de Shakespeare, dirigindo um elenco que combina a companhia “quase residente” com outros atores que já fizeram história na Casa, revelou o São João.
Na conferência a propósito da programação 2021/2022 do equipamento, o São João revelou que se propõe a “recuperar parte do programa que a pandemia adiou”, sob o mote “O Centenário acaba aqui”. No total, a nova temporada traz nove estreias, incluindo duas produções próprias, quatro espetáculos internacionais, um deles em estreia nacional, e 14 coproduções.
Em outubro, será também inaugurada a exposição “10 Atos 100 Anos”, com curadoria de Gabriella Casella. A mostra retrata, em 10 momentos marcantes, os últimos 100 anos do edifício-sede do São João e estará patente no Salão Nobre do Teatro São João até março do próximo ano. A entrada é livre.
O São João vai encerrar o Centenário de “olhos postos no futuro”, com um colóquio internacional, uma exposição, o lançamento de três novos “Cadernos do Centenário” e uma mesa-redonda dedicada a mais de 200 anos de história do “primeiro teatro da cidade”. De 22 a 24 de outubro, o TNSJ e o Mosteiro de São Bento da Vitória acolhem uma série de conferências subordinadas ao tema “Teatros Nacionais: missões, tensões, transformações”. O evento vai contar com a presença de figuras como Marvin Carlson, teatrólogo e historiador norte-americano, ou da ensaísta polaca Elzbieta Matynia, fundadora e dirigente do Transregional Center for Democratic Studies (Nova Iorque) e também será de entrada livre.
A propósito dos “Cadernos do Centenário”, o São João revelou que estes vão contar com três novos volumes até ao final do ano: “O Caderno de Obra”, que será lançado a 4 de novembro, sendo uma edição dedicada aos que se empenharam na tarefa de reabilitar o edifício desenhado por Marques da Silva, e “Desenho de Luz” e “Identidade Reescrita”, o quarto e quarto e quinto volumes, que serão lançados no dia 11 de dezembro. “No primeiro volume é explorada a residência artística de António Jorge Gonçalves no Teatro São João. Por sua vez, “Identidade Reescrita” foca-se na identidade visual da Casa, concebida pela designer Maria Ferrand”.
No dia 27 de novembro, estarão em destaque os mais de dois séculos de história do Teatro São João, numa mesa-redonda, intitulada “O Real Teatro de São João”. Por sua vez, entre 9 e 19 de dezembro, regressa o espetáculo “À Espera de Godot”, uma produção própria do São João, estreada em março, em formato live streaming, e em janeiro de 2022, entre os dias 7 e 22, a peça “O Balcão”, de Jean Genet.
A segunda produção própria a estrear-se na nova temporada do São João inspira-se na última comédia da obra de Gil Vicente: Floresta de Enganos, em cena entre 16 de março e 3 de abril. Num regresso a casa, o encenador João Pedro Vaz, “carregado de visões, vicentinas e outras”, propõe um regresso a um passado longínquo, na “era do Senhor de 1536 anos”.
A nova temporada do São João conta também com a sexta edição do MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade, que passa pelo Teatro Carlos Alberto entre 18 e 21 de setembro, com o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP), nos dias 7, 23 e 24 de outubro e ainda a estreia do espetáculo “O Pecado de João Agonia”, entre 11 e 21 de novembro, e “Porque é Infinito”, também no TeCA”, entre 1 e 4 de dezembro.7
Em dezembro, o TeCA recebe também “O Começo Perdido: Mixtape #1” e as estreias de “Menina Júlia” e “A Estética da Resistência”.
Conheça toda a programação da nova temporada do Teatro Nacional São João no seu site oficial.
Recorde-se que o Teatro São João está a ser renovado, no âmbito de uma operação de reabilitação do interior com um investimento total de 2,35 milhões de euros, incluído no programa operacional NORTE 2020. As principais mudanças prendem-se com a “melhoria das condições de segurança e de acesso ao edifício” e com a requalificação da “mecânica e da arquitetura de cena do São João”, mas envolvem também a “atualização do parque técnico e um reforço da programação artística, entre outros projetos”.