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S. João no Porto

S. João no Porto

saojoao_2“Ver o sol nascer, apanhar as orvalhadas e saltar às fogueiras”

As verdadeiras origens da festa estão intimamente ligadas ao culto do sol, da natureza, do fogo e da fecundidade. Segundo Hélder Pacheco, as referências às festas de S. João começaram a sentir-se nitidamente no século XIX. “A cidade era, então, mais pequena”, recorda, explicando que, na altura, o S. João consistia em três festas: uma no Bonfim, uma na Lapa e outra em Cedofeita.
Ainda assim, rapidamente se transformou numa “festa de ruas, ruelas e bairros”. Hélder Pacheco contou até que estão arquivados, na cidade, centenas de milhares de pedidos de autorização para a realização de arraiais, nos mais diversos sítios.

Apesar de, atualmente, o cheiro a sardinhas assadas ser um dos odores mais fortes do S. João, “o prato típico era o anho ou o cabrito assado com batatas”. “A sardinha nada tem a ver com a tradição do S. João do Porto. É a feira popular que a adiciona à festa”, garantiu. O historiador revelou ainda que, no espírito original da festividade, “o S. João é ver o nascer do sol, apanhar as orvalhadas e saltar às fogueiras”, ações ligadas aos cultos da natureza e da fertilidade. De salientar ainda a forte presença do culto das plantas, que atribuiu uma simbologia a cada uma delas. “O alho porro transformou-se num protetor e o cravo, por exemplo, era oferecido pelos homens às mulheres, tendo um significado erótico”, contou Hélder Pacheco.


saojoao_5O arraial nas Fontainhas

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Já no fim do século XIX, começou a ser organizado um arraial de S. João nas Fontainhas, “que se confundiu, durante algum tempo, com o S. João do Porto”. “Havia uma fonte onde, segundo a tradição, as pessoas iam beber água, molhar o rosto e as mãos e onde, no fim, entravam mesmo, em representação do culto das águas”, contou o investigador das tradições populares do Porto.

Entre as décadas de 20 e 30, a comissão organizadora da festa nas Fontainhas adquiriu “a um sargento do regimento de Coimbra as figuras da cascata”, que se converteu numa grande tradição. “De Gaia vinham multidões para ver o S. João no Porto. A ponte até abanava com as dezenas de milhares de pessoas que vinham de Gaia”, declarou o investigador.

Nos anos 40, a autarquia decidiu constituir uma comissão para organizar a festa, que se juntou aos arraiais dos bairros e das ruas. Só na década seguinte é que as multidões começaram a concentrar-se na baixa da cidade, sendo que a passagem pelas Fontainhas era sempre obrigatória.


saojoao_1Uma festa de “gente ordeira”

Hélder Pacheco consegue identificar no S. João dos nossos dias a “folia” da festa de antigamente. Ainda assim, aponta o historiador, “o S. João nunca foi de cervejolas nem de pancada, era de gente ordeira”, pelo que considera que a festividade se degenerou. “Podia ser uma das grandes marcas da cidade, devia ser internacionalizado”, defendeu.
Ainda assim, apesar de alguns não saberem, ao certo, o que estão a festejar, é com despreocupação e alegria que as avenidas, largos e vielas do Porto se enchem para aquela que é a festa da espontaneidade e do povo.

Texto: Mariana Albuquerque
Fotos: Rui Oliveira

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