
Apesar do projeto ainda não estar concluído, Alexandre Alves Costa revelou que pretende também recuperar dois frescos do pintor Júlio Pomar, que foram “tapados, picados” antes da inauguração do Batalha, em 1947, bem como colocar de novo no lugar um martelo que existia fora do edifício, e que foi também retirado antes da inauguração do Cinema.
Revelando que tem andado a estudar a vida e obra do arquiteto Artur Andrade, que projetou o Cinema Batalha e “juntou um grupo de artistas” – “gente de esquerda” – para aquele trabalho, Alves Costa disse que aquele edifício “foi uma obra moderna, absolutamente extraordinária à época” e que “tem uma expressão extremamente atual, muito mais à frente do que se estava a fazer na altura”.
“Houve uma grande unidade de pensamento na ideia de fazer [o Batalha como] uma espécie de manifesto moderno sobre a 7.ª arte”, disse o arquiteto, considerando que o Batalha é “quase como um monumento da resistência do Porto ao fascismo”.
O arquiteto explicou ainda que pretende recuperar o espaço da Sala Bebé para uma sala polivalente.
“A plateia e a tribuna, bem como uma pequena parte do 2.º balcão, serão conservados”, dando uma sala de cinema para mais de 600 pessoas, mas o seu projeto passa por construir uma segunda cabine na parte de trás do 2.º balcão e assim fazer uma segunda sala de cinema, com capacidade para 150 lugares.
Alves Costa tem “o maior interesse em que a obra de faça rapidamente”, mas ainda lhe falta “terminar o projeto”.
O arquiteto pretende também colocar no edifício um elevador, em vidro, que terá como funções dar acesso às pessoas com mobilidade reduzida e permitir a utilização do terraço do Batalha, e ali fazer uma esplanada.
A 13 de janeiro, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, revelou que pretende transformar o Cinema Batalha numa Casa do Cinema, com espaços para projeção de filmes, investigação e divulgação da história e uma “colaboração ativa” com a Cinemateca. O autarca referiu na altura que será difícil reabrir o equipamento antes de 2018.
A Câmara do Porto vai pagar uma renda mensal de 10 mil euros aos proprietários do imóvel durante 25 anos e o investimento na recuperação do edifício será “seguramente suportável pelo erário municipal”.
Construído na década de 1940 e classificado como Monumento de Interesse Público em 2012, o Cinema Batalha fechou duas vezes nos últimos 17 anos.
Propriedade da empresa Neves & Pascaud, o imóvel foi sala de cinema até 2000, altura em que foi encerrado. Manteve-se fechado até 2006, quando reabriu como espaço cultural pelas mãos da Associação de Comerciantes do Porto (ACP).
No fim de dezembro de 2010, a ACP acabaria por entregar as chaves do edifício devido a “prejuízos mensais avultados”.