Em 2019, 81% dos passageiros que passaram pelo aeroporto do Porto utilizaram outras companhias aéreas que não a TAP. Em Faro, chegaram quase aos 100%. Nas ilhas, 84% em Ponta Delgada e 73% no Funchal. Que país serve afinal a TAP quando mais de dois terços dos portugueses recorreram a outras companhias aéreas, que não foram obrigados a pagar?
A TAP serve Lisboa e, mesmo assim, 48% dos passageiros voaram no último ano em companhias internacionais. Entre as principais razões estão a competitividade dos preços e a maior oferta oferecida pelos concorrentes.
A providência cautelar que a Associação Comercial do Porto interpôs em tribunal para evitar a injeção de 1,2 mil milhões de euros do Estado pode ser o último motor para evitar que a TAP se despenhe em queda livre. A quase nacionalização já é má o suficiente.
Aguardamos, serenamente mas com preocupação, que uma decisão da Justiça possa pôr travão à injeção financeira que daria para pagar o novo aeroporto no Montijo mais a expansão da Portela. Esperamos o resultado que poderá pôr travão a uma Nova TAP, evitando um novo Novo Banco. Que a Justiça sirva para mostrar ao Governo que o resto do país importa e que não há portugueses de primeira e portugueses de segunda.
A Associação Comercial do Porto apresentou ainda um plano alternativo, que contempla um programa de apoio à criação de rotas, num investimento de 20 milhões de euros anuais, a repartir pelos aeroportos do Porto, Faro, Açores e Madeira. Este valor exclui, naturalmente, Lisboa, já que é na capital que se concentra toda a operação da TAP.
Termino como comecei: quantos milhões de portugueses já pagaram e continuarão a pagar dívidas e injeções de capital na companhia de bandeira nacional sem nunca terem pisado um dos seus aviões?
Nuno Botelho, empresário e presidente da Associação Comercial do Porto