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Quando Salazar não deixou que a Coca-Cola entrasse em Portugal

Quando Salazar não deixou que a Coca-Cola entrasse em Portugal

Criada em 1886 por John Pemberton, um farmacêutico de Atlanta, a Coca-Cola reuniu desde cedo muitos apreciadores, e em 1913 era já distribuída por 2.300 vendedores em mais de 415.000 lojas.
Em 1919 abriam as primeiras fábricas de engarrafamento na Europa, nomeadamente em Paris e Bordeus.

Apesar do sucesso alcançado em vários pontos do globo terrestre a conhecida bebida gaseificada teve muita dificuldade em estabelecer-se em Portugal, mas para perceber o melhor o facto de a Coca-Cola não ser vendida durante tantos anos no país, é necessário recuar a 1928.

Na época Portugal vivia num sistema político autoritário, marcado pela ditadura, em que todos os produtos comercializados precisavam de uma autorização prévia. O médico higienista Ricardo Jorge, amigo de Salazar, foi consultado sobre a bebida, e terá emitido um parecer, segundo o qual se o nome da marca correspondesse ao conteúdo da bebida (coca, de cocaína, e cola, fonte de cafeína) devia ser recusada, e se não correspondesse também, porque “não se deve anunciar no rótulo aquilo que o produto não contém”.

Ainda assim, segundo o historiador do Estado Novo, José Freire Antunes, num artigo da Visão, em 1996, a resistência de Salazar tinha outras razões. A primeira tinha que ver com o facto de os produtores de vinho temerem a concorrência, uma vez que beber vinho, segundo a propaganda do regime, era “dar de comer a um milhão de portugueses”.

Por outro, o nacionalismo de Salazar rimava com o seu «antiamericanismo», visto que os Estados Unidos da América representavam a modernidade, o progresso e a eficiência, tudo o que o presidente do Conselho não desejava para o país.

Assim, quando em 1927, o poeta Fernando Pessoa foi convidado para desenhar a campanha publicitária da bebida gaseificada, com a célebre frase “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, esta foi recusada e desaprovada.

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“A Coca-Cola cria dependência e é perigosa para saúde” foram as palavras proferidas pelo político, para justificar a recusa do seu consumo em Portugal.

A bebida só entrou no país, para ser produzida e apreciada, muito anos depois, mais precisamente três após a Revolução de Abril, em 1977. De acordo com a plataforma da Coca-Cola, a 3 de março é constituída a Refrige – Sociedade Industrial de Refrigerantes SA, localizada em Azeitão e de onde são engarrafas cerca de 90% das bebidas que chegam diariamente a todos os pontos de venda do país.

No dia 4 de julho, é vendida Coca-Cola pela primeira vez em Lisboa e o primeiro anúncio da bebida em Portugal, com o slogan “Coca-Cola, a Tal”, foi emitido também emitido pela primeira vez em 1977.

Apesar da entrada tardia no mercado português, já muita gente sabia o que era a Coca-Cola. A bebida começou a ser vendida em Espanha, a partir de 1950 e os portugueses, beneficiados pela proximidade territorial, deslocavam-se até ao país vizinho para experimentar a famosa bebida gaseificada. Nas antigas colónias portuguesas, principalmente em Moçambique e Angola, o refrigerante também já era conhecido.

Atualmente o Sistema Coca-Cola emprega 400 pessoas em Portugal e contribui para a criação de mais de 5 mil postos de trabalho diretos e indiretos.

Foto: Página oficial Coca-Cola

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