O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) foi premiado com 25 mil euros pela Sociedade Europeia da Coluna, com um projeto que visa o desenvolvimento de terapias contra a dor lombar. A mesma entidade internacional havia já reconhecido o i3S em 2017.
O projeto envolve investigadores do i3S e do Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar S. João e o financiamento agora obtido vai permitir melhorar as terapias com células estaminais já existentes, utilizando tecnologias inovadoras para regenerar o disco intervertebral.
Segundo a agência Lusa, e de acordo com a equipa premiada, a dor lombar afeta a maioria da população em algum momento da sua vida, sendo causada frequentemente pela degeneração do disco intervertebral que ocorre com o envelhecimento.
As opções de tratamento existentes passam por medicamentos para controlar a dor ou cirurgias bastante invasivas e que, em grande parte dos casos, não apresentam soluções a longo prazo.
Designado “Repurposing CRISPR for disc regeneration”, o projeto é liderado pela investigadora Joana Caldeira, do grupo “Microenvironments for New Therapies”. A ideia é “adaptar uma tecnologia de edição de genes (CRISPR-Cas9) à regeneração do disco”, disse a responsável, citada pela Lusa.
O objetivo é “utilizar esta ferramenta inovadora para recriar um microambiente fetal, que já se provou ter maior potencial regenerador”, explicou Joana Caldeira. “Deste modo, acreditamos ser possível melhorar as terapias já existentes com células estaminais, providenciando-lhes um ambiente ‘mais acolhedor’ para sobreviverem e desempenharem a sua função terapêutica”.
Apesar de não ser mortal, a dor lombar é a principal causa de invalidez/incapacidade em Portugal e responsável número um pela perda de anos de vida útil, à frente de outras situações como HIV, acidentes rodoviários, tuberculose, cancro de pulmão ou mesmo complicações associadas à gravidez e pós-parto. “Por todas estas razões, tem um impacto socioeconómico tremendo devido aos elevados custos associados ao tratamento e absentismo”, frisou a investigadora.
A equipa premiada refere “o elevado valor terapêutico desta estratégia para a medicina” e aponta “o tremendo potencial de impacto no dia-a-dia de muitas pessoas, numa era em que o envelhecimento da população já foi identificado como o problema de maior relevo para a sociedade europeia”.
O i3S já tinha recebido, em 2017, um prémio da Sociedade Europeia da Coluna.