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Projeto “Ai Maria”

Projeto “Ai Maria”

Assim, até meados de outubro, Marias de África, do Brasil, da Ásia e da portuense freguesia da Sé dão corpo e alma ao retrato mosaico da “Maria Tripeira, unida pela mestiça língua portuguesa”.

Lançar histórias de realidade aos olhos do público em vários cantos da rua é um dos objetivos do projeto que, de acordo com Susana Neves, pretende “tornar visíveis os diferentes papéis que a mulher representa” e mostrar “o que é que ela acrescenta de valor na sociedade atual”. “Não fomos nós a afixar os cartazes nas ruas, no entanto, pedimos que concentrassem as fotografias das mulheres pelos centros do Porto e de Gaia, de forma a que os transeuntes pudessem cruzar-se com elas várias vezes no seu percurso pela cidade”, explicou a fotógrafa, em declarações à Viva.

maria3Revelar a diversidade cultural existente no Porto

A exposição, que apresenta mulheres de várias idades e realidades, está centrada em duas comunidades femininas: a do Centro Histórico do Porto e a da lusófona na diáspora. De acordo com o diretor artístico da 10pt – Criação Lusófona, Miguel Pinheiro, o trabalho representa uma oportunidade de as “pessoas, na rua, comunicarem enquanto mergulham em imagens que retratam, nestas mulheres, vários arquétipos da condição feminina.

As Marias saíram, então, à rua para revelar “a diversidade cultural que habita a cidade”, com a língua portuguesa como pano de fundo. “Por serem comunidades que poucas vezes se misturam e partilham a sua cultura, quisemos uni-las numa exposição fotográfica”, avançou Susana Neves, salientando que ir ao encontro das pessoas “foi fascinante”. “Conseguimos cheirar e sentir África no Porto e já somos recebidos na freguesia da Sé como sendo parte da família”, acrescentou.

maria2O projeto fotográfico surge, assim, no seguimento da ação da 10pt – Criação Lusófona, empenhada em “resgatar a riqueza imaterial de comunidades mais à margem” das que pertencem ao espaço da língua portuguesa pelo mundo. “Os diferentes sons de português que se reuniram neste trabalho acrescentaram uma múltipla diversidade e uma diferente perceção do que compõe a figura da Maria Tripeira. No final, todas elas partilharam deste mistério do que é ser mulher”, notou o diretor artístico.

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Exposição coletiva inaugurada no dia 6 de outubro

Ainda no âmbito do “Ai Maria”, o Convento Corpus Christi, em Gaia, vai revelar, a partir de sábado, dia 6, o resultado final de quatro “passeios fotográficos” realizados por mais de meia centena de pessoas (oriundas da zona histórica, da diáspora lusófona no Porto ou residentes no Norte do país). Os participantes da oficina aceitaram o desafio de “resgatar a Maria Tripeira” e, apesar de não serem fotógrafos profissionais, alinharam na interpretação do conceito de “amador” como “aquele que ama” e que, por isso, se entrega à paixão da fotografia. “Juntos, deambulámos pelos locais que dão alma ao burgo. Aos poucos, fomos perdendo o medo de ver, arriscando e capturando estas nossas Marias, de um e do outro lado do Douro. Em exposição estarão diversos retratos da mulher, os espaços físicos que ela ocupa e a sua invisível presença”, esclarece a plataforma multidisciplinar. Em declarações à Viva, Miguel Pinheiro acrescentou ainda que, além da exposição coletiva, a 10pt – Criação Lusófona está também a trabalhar a possibilidade de criação de um documentário.

Aliás, o projeto incluiu ainda uma vertente de performance de intervenção urbana, na qual os moradores da freguesia da Sé tiveram, mais uma vez, um papel relevante. “As pessoas da Sé integraram várias etapas deste projeto, a começar por um dos membros da nossa equipa, o fotógrafo Rui Sousa. Parte do estudo de campo e pesquisa para o maria5projeto foi baseada na comunidade da Sé e a oficina/passeio fotográfico do “Ai Maria”, orientado pela fotógrafa Susana Neves, decorreu quase na sua totalidade na freguesia da Sé”, esclareceu o responsável, acrescentando que ”várias mulheres (e homens) foram captados em fotografia, quer para a exposição de rua quer para a exposição coletiva”. Além disso, no passado fim de semana, cerca de uma dezena de mulheres daquela freguesia portuense participaram, como atrizes e cantoras, num espetáculo de teatro, realizado no Largo dos Grilos, na Sé.

A arte como instrumento de transformação de vidas

Pela experiência que teve na concretização de todo o processo que deu origem ao “Ai Maria”, Miguel Pinheiro reconheceu aos intervenientes do projeto uma grande vontade de recuperarem e representarem as suas vidas, de serem participativos “na transformação do seu dia a dia”. “Existe também um forte desejo da parte deles para que outras ações criativas possam acontecer. A valorização da arte como elemento fundamental no desfrutar da vida e na construção de um futuro mais humano foi um dos bonitos reconhecimentos que recebemos das pessoas que participaram ou assistiram aos eventos”, concluiu, com satisfação.

Mariana Albuquerque
Fotos: Susana Neves e António Santos

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