As celebrações do centenário do Teatro Nacional São João (TNSJ) prosseguem até março de 2021, com uma “programação intensa” que contempla um “elogio” aos diretores artísticos que passaram pela Casa e que “contribuíram para a criação e desenvolvimento do tecido teatral do Porto e do país”, anunciou, na terça-feira, a instituição. São eles Nuno Cardoso, que assumiu o cargo no início de 2019; Nuno Carinhas, que desempenhou a função de diretor artístico entre 2009 e 2018; e Ricardo Pais, o “ideólogo” do primeiro Teatro Nacional criado a Norte e no pós-25 de Abril, responsável pela direção do Teatro Nacional São João (TNSJ) durante 12 anos.
Três produções próprias, 15 estreias e quatro produções internacionais, além de um reforço das propostas do Centro Educativo, estão entre os espetáculos programados pelo Teatro Nacional São João (TNSJ) para a temporada 2020/2021 que arranca já no próximo mês de agosto, depois de ter sido interrompida, devido à pandemia de covid-19.
O arranque está marcado para o dia 6 de agosto, com a estreia de “O Burguês Fidalgo”, a partir de Molière, uma coprodução da companhia portuense Teatro da Palminha Dentada e TNSJ que estará em cena no Teatro Carlos Alberto (TeCA) até 23 de agosto.
Entre 20 de agosto e 12 de setembro, sobe ao palco a produção própria do TNSJ “Castro”, de António Ferreira, com encenação de Nuno Cardoso. Aquele que é chamado “o primeiro exercício da companhia quase residente” prossegue, depois, uma longa temporada fora de portas, com apresentações em Coimbra (no Convento São Francisco, no dia 15 de outubro) e em Braga (no Theatro Circo, no dia 23 de outubro).
No início do próximo ano, o espetáculo pode ser visto em Lisboa (no Centro Cultural de Belém, entre os dias 21 e 22 de janeiro) e embarca em “voos” internacionais, entre 5 e 6 de fevereiro, apresentando-se no Luxemburgo, no Teatro Nacional daquele país.
Ainda no que diz respeito a produções próprias, o encenador Nuno Cardoso levará ao palco do TNSJ, entre 4 e 21 de novembro, aquela que é considerada “uma das obras mais ambíguas e terríveis” de Jean Genet, “O Balcão”, descrita como um “misto de comédia erótica, drama metafísico e farsa fúnebre”.
No dia 7 de março de 2021 – um ano após o arranque das comemorações do centenário –, estreia-se, no TNSJ, “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett, que ficará em cena até dia 27 de março, data em que se assinala o Dia Mundial do Teatro.
Além de “O Burguês Fidalgo”, os espaços geridos pelo Teatro São João – TeCA e Mosteiro de São Bento da Vitória – acolhem ainda as estreias “reagendadas” dos espetáculos de algumas das mais emblemáticas companhias da Invicta. Assim, numa coprodução ASSéDIO e TNSJ, o encenador Nuno Carinhas regressa para, juntamente com João Cardoso, estrear “Comédia de Bastidores”, de 1 a 11 de outubro.
Nos dias 17 e 18 de dezembro, o São João recebe “Bajazet, considerando o Teatro e a Peste”, de Frank Castorf, histórico diretor do teatro Volksbühne, em Berlim, que propõe um teatro da palavra a partir dos textos de Jean Racine e Antonin Artaud. Já entre 8 e 9 de janeiro, o TNSJ acolhe “Qui a tué mon père”, uma “história biográfica de um pai, com base nas turbulentas memórias de infância de um filho”.
O palco do TNSJ prepara-se para acolher também a nova criação de Tónan Quito, que mais uma vez se “serve” de Anton Tchékhov, desta feita da adaptação de quatro das suas peças, para apresentar “A Vida Vai Engolir-vos”. O espetáculo-maratona, que convoca as peças maiores do repertório tchekhoviano, divide-se em duas partes que se apresentam, alternadamente, nos palcos do São João, a 18 e 19 de setembro, e do Rivoli, em Lisboa, nos dias 17 e 19.
Depois de apresentar uma das mais marcantes produções do TNSJ, Turismo Infinito, Ricardo Pais regressa ao São João com “talvez… Monsanto”, de 3 a 5 de dezembro. “Esta coreografia de sinais, gestos, imagens e sons, que representa a imensa tristeza e ao mesmo tempo alegria de ser português, resulta de uma expedição pela aldeia histórica da beira”, refere o TNSJ, adiantando que o espetáculo conta com a atriz Luísa Cruz e o fadista Miguel Xavier.
Entre outras atividades, o TNSJ anunciou ainda o regresso do ciclo “Dancem!” no próximo ano, que congrega três espetáculos, e o reforço do projeto educativo. Entre as várias iniciativas agendadas, como é o caso de espetáculos, leituras, oficinas ou ações de formação, serão ainda apresentados publicamente os resultados dos Clubes de Teatro Sub-18 e Sub-88, com “Once Upon a Time”, nos dias 11 e 13 de dezembro, no São João.
Já o projeto “Visitações”, que mobiliza alunos, professores e equipa artística do TNSJ, arranca em novembro e terá como tema “Liberdade”, estando as sessões públicas agendadas para 24 e 25 de abril, no Mosteiro de São Bento da Vitória.
Em dezembro, o TNSJ vai também inaugurar uma exposição sobre os seus 100 anos, que contemplará diversos eixos temáticos – “da arquitetura à história do edifício e dos seus usos, passando pela relação com a cidade e a história do país”. O encerramento da exposição, em março de 2021, coincidirá com a publicação de um catálogo com documentos escritos, testemunhos, registos fotográficos e objetos encontrados.
Nesta nova temporada, o TNSJ coloca ainda em movimento “a Empilhadora”, uma nova coleção que reúne títulos de história e estética teatral, ensaio e biografia, arrancando com dois títulos: “O Repúdio do Conhecimento em Sete Peças de Shakespeare”, de Stanley Cavell, e “Olhai a Neve a Cair”, de Roger Grenier.