Uma verdadeira cidade da Moda
Depois da abertura no novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa, no passado dia 17, o 42º Portugal Fashion Outono/Inverno 2018-2019 prosseguiu entre 22 e 24 de março, no Parque da Cidade do Porto. Com muito futurismo, rock n’ roll e cores garridas, a elegância esteve garantida na cidade da moda.
Os desfiles tiveram lugar numa verdadeira cidade da moda, já que no maior parque urbano do país esteve instalada uma megaestrutura com três espaços de passarelle, bastidores, showroom, várias áreas sociais e de lazer, entre outras valências.
“Nesta edição seguimos a lógica organizativa dos grandes shows de moda internacionais, como as fashion weeks de Londres, Nova Iorque, Paris, que privilegiam a realização dos desfiles em megaestruturas amovíveis instaladas em locais nevrálgicos das cidades”, explicou o diretor de comunicação do Portugal Fashion, Rafael Alves Rocha.
“Em termos de conforto e funcionalidade, quer para os protagonistas dos desfiles, quer para os nossos convidados, é uma magnifica solução”, acrescentou o mesmo responsável.
Com efeito, estava dado o mote para o sucesso.
Dia 1, quinta-feira, 22 de março
Beatriz Bettencourt fez uma verdadeira ode à série “Stranger Things” e à personagem de Eleven. “Upside down” passa por várias fases, tal como a personagem.
Desde silhuetas mais masculinas, passando pelo garage/punk com flanela e vinil até às silhuetas mais femininas com tecidos acetinados.
Um pormenor: as modelos levaram inclusive o nariz sangrento de Eleven.
Anabela Baldaque apresentou a coleção “Aurora” inspirada na mãe. Destaque para as mangas elaboradas, franzidas, drapeadas e plissadas. Refira-se também os casacos longos, a serem apresentados na passerelle todos juntos com a intenção de concentrar o olhar de quem assiste. Bem como os vestidos feitos em organzas bordadas. Rosas, amarelos e pretos.
O futuro de Estelita Mendonça é colorido, uma boa forma de enfrentar os dias cinzentos! As cores vieram preencher as propostas da criadora portuguesa. Estelita não abandonou os plissados, técnica clássica da indústria da Moda.
Júlio Torcato, por sua vez, encerrou com uma coleção que misturou a alfaiataria com elementos desportivos, com laranja, bege, verde e preto a dominar… “RE/WIND” é a continuação de um manifesto sobre a intemporalidade, um regresso à essência do que realmente tem significado e o despojar do efémero com o vento, neste jogo de palavras. Uma análise da verdadeira essência do discurso de quem se questiona, de quem intervém, de quem participa, de quem se mobiliza.
Dia 2, sexta-feira, 23 de março
Luís Buchinho foi um dos destaques do segundo dia do Portugal Fashion no Porto. Na passarelle passaram ainda nomes como Miguel Vieira ou Inês Torcato.
Luís Buchinho não desiludiu com o equilíbrio entre uma visão futurista com uma coleção moderna. Um verdadeiro filme de ficção científica intitulado “Night Drive”. As saias e vestidos chegaram à passerelle propositadamente mais curtas.
Miguel Vieira foi outro dos nomes a considerar: com o espírito aventureiro do rock n’ roll como pano de fundo, apresentou uma coleção de homem e mulher com peças predominantemente em preto com alguns toques de dourado e verde seco.
Já Inês Torcato pegou nos códigos clássicos da alfaiataria e daquilo que é menswear e ‘atirou-os ao ar’, acabando por criar novas silhuetas, com elementos desconstruídos. A criadora portuense pensou numa coleção onde dominam tons pretos, castanhos, cinzas e beringela.
Dia 3, sábado, 24 de março
Diogo Miranda fez desfilar coordenados com silhuetas alusivas a um candelabro de cristais.
Diogo investiu em coordenados com mangas trabalhadas e repletas de brocados, silhuetas esguias, numa verdadeira ode às curvas femininas.
Nuno Baltazar apresenta as suas propostas para um outono-inverno que alterna entre o sofisticado e o despojado. Os vestidos, românticos e de princesa, ganham descontração na mulher despreocupada que os usa como se fossem peça do dia a dia. As tonalidades acompanham: dourados ricos, mas nunca excêntricos, cinzas, pretos, evoluem para tonalidades tijolo, castanhos, bege, azulão, ganhando brilho em tecidos lisos ou em texturas como brocados.
A nova coleção de inverno de Katty Xiomara apresenta um retrato abstrato do imaginário gestual, interpretando, de certa forma, a atual linha de pensamento baseada numa mistura de incerteza, alarmismo e otimismo. Um gesto que nos oferece um imaginário intuitivo de formas orgânicas, refletido em cada peça por assimetrias e contrastes, com diferentes texturas, volumes e janelas inesperadas de cor.
A palete de cores marca um conflito intenso entre o preto e o azul-escuro, que contrastam com rosa-choque, vermelho “tandoori spice”, rosa barroco, laranja, rosa-pálido, azul brilhante e azul-celeste. Os materiais são diversificados, desde seda, renda e algodão leve a camurça, veludo, tecido duplamente acolchoado, pelo sintético e burel, um produto tradicional português feito em 100% lã pura.