
Está, portanto, tudo a postos para que no dia 15 de Outubro, sexta-feira, Massimo Furlan pise, sozinho, o relvado do Estádio do Dragão para reproduzir, com a maior exactidão possível, todos os movimentos realizados pelo jogador Madjer durante o jogo que garantiu ao FCPorto o título de campeão europeu, em 1987. A peça “Furlan/número 8” marca, assim, o início de uma parceria entre Serralves e o Futebol Clube do Porto (FCP), que se mostrou disponível a “ser tramado”, tal como afirmou Isabel Pires de Lima, representante do Conselho Cultural do clube.
“Vivam o momento e tragam os rádios”
Nos ecrãs do recinto azul e branco vai ser projectada a partida (que terminou com a vitória do FCP sobre o Bayern de Munique, por 2-1). O público poderá acompanhar o relato através de pequenos rádios, observando a dança de Madjer, através do corpo de Furlan. Um dos momentos mais aguardados é a reprodução do toque de calcanhar do jogador argelino que deu a vitória aos dragões.
“Massimo Furlan trabalha a memória, o esquecimento, a biografia”, afirmou Cristina Grande, em conferência de imprensa, admitindo que a ambição da organização é levar oito mil pessoas ao estádio. A performance do artista sueco, que se apoia nas lembranças de uma geração, pretende explorar a dimensão coreográfica do futebol. “Ao público é pedido que viva o momento, simples mas espectacular”, apela Cristina Grande, referindo ainda que o ideal seria que todos levassem os rádios para acompanhar o relato que será transmitido na frequência 102.1 FM.
“Para o público dormir pouco”
Além de chegar ao Estádio do Dragão, o TRAMA vai ocupar o Clube de Bridge do Porto, o Atneu Comercial, Hotel D. Henrique, Teatro Helena Sá e Costa, Sala Estúdio Latino, Mosteiro de São Bento da Vitória, Almada Guest House, Lófte, Matéria Prima, Maus Hábitos, Passos Manuel e Praça dos Poveiros.
O festival estreia com “Electric Walks Porto”, uma performance de Christina Kubisch durante a qual é sugerido um percurso pela baixa da cidade onde são marcados os diferentes ambientes sonoros. O público tem, apenas, de colocar uns auscultadores e “detectar uma cidade invisível”, capaz de transportar “para uma realidade supra-humana, onde já não ouvimos os telemóveis, simplesmente ouvimos atentamente uma vida secreta…”.
Mariana Albuquerque