A Câmara de Gaia vai comprar a quinta da Lavandeira, o que permitirá duplicar o parque natural da Lavandeira e reabilitar uma estufa em ferro fundido do século XIX.
“A principal razão da compra é ir a tempo de preservar uma das duas estufas de ferro fundido que existe na Península Ibérica”, declarou o autarca Eduardo Vítor Rodrigues à agência Lusa, acrescentando como segundo objetivo “duplicar a atual área do parque natural da Lavandeira”.
De salientar que a técnica de engenharia da estufa em ferro fundido é a mesma do antigo Palácio de Cristal que foi demolido no Porto.
O valor da compra rondará os 2,5 milhões de euros, sendo que o valor para a reabilitação da estufa ainda não foi estimado.
“A família [dona da quinta e da estufa] mostrou-se empenhada e a câmara vê esta aquisição como uma mais valia tanto simbólica, como histórica e por ampliar um espaço que transmite qualidade de vida”, disse Eduardo Vítor Rodrigues.
Segundo a Rádio Nova, as negociações com os donos da quinta e estufa da Lavandeira estão a decorrer e a proposta de compra deverá ser avaliada e discutida em reunião de câmara a meio de outubro.
“No mesmo ano, 2018, conseguimos enriquecer o património municipal com compras muito simbólicas. A Cerâmica das Devesas [que vai acolher o Museu da Cidade e um auditório municipal] e a estufa da Lavandeira e todo o terreno envolvente são peças muito importantes para Gaia”, disse ainda o autarca.
Segundo a autarquia, a estufa pesa 38 toneladas, tem 24 metros de frente, 12 de altura no centro e 12 de fundo.
A estrutura foi mandada construída por Silva Monteiro, descrito como um conde que esteve ligado à Associação Comercial do Porto e ao arranque da construção do porto de Leixões, bem como da linha de caminho de ferro Porto/Póvoa de Varzim.
Já a estufa da Lavandeira foi executada pela empresa Fundição de Ouro de Luiz Ferreira Cruz e Irmão. “Os rendilhados da cobertura são todos de ferro e de uma leveza tão extraordinária que mais parecem recortes feitos em papel transparente. O corpo principal é sustentado por quatro arcos, nos quais se observa o mesmo estilo da parte exterior que recorda muito o gótico”, descreve o jornal Comércio do Porto, com data de agosto de 1883.
O terreno da estufa e da quinta é de cerca de 5.000 metros quadrados, dos quais cerca de 2.000 têm construção.