
Alertando que o concurso público previsto pelo Governo pode atirar a conclusão da obra “para daqui a quatro, cinco, seis ou sete anos”, a associação pediátrica do Hospital de São João defende o “ajuste direto” da Ala Pediátrica, revela o Público.
“Ninguém consegue garantir uma data. Mas quanto mais depressa a obra começar, mais depressa está pronta. Antes de abril, o arquiteto não vai ter o projeto revisto. Depois, é preciso começar a obra. Nisso é que queremos o ajuste direto. É a única forma de avançar de imediato”, afirmou Jorge Pires, porta-voz da Associação Pediátrica Oncológica (APOHSJ), em declarações à Lusa.
Jorge Pires critica o internamento pediátrico em contentores “miseráveis” no hospital do Porto, alertando que, com o concurso público previsto pelo Governo, “ninguém pode aferir uma data concreta ou dizer se demora meses ou anos” a concluir a Ala Pediátrica. “Podemos estar a falar de quatro, cinco, seis ou sete anos”, avisou.
Refira-se que em causa está “o internamento das crianças todas e de uma parte sensível das crianças com cancro” em contentores provisórios há cerca de sete anos, num hospital que acolhe menores “de todo o Norte” do país. “A nossa luta é que a obra se faça o mais rapidamente possível e a única forma é um ajuste direto”, descreveu.
“Criamos esta associação para irmos à Assembleia da República mostrar a urgência em fazer obra e a resposta que temos, do primeiro-ministro e da ministra da Saúde, é ‘vamos fazer um concurso mas não sabemos a data'”, lamentou.
Jorge Pires reportou-se às declarações feitas a 24 de outubro pelo primeiro-ministro a dizer que o reforço do orçamento da Saúde permitirá “avançar com o lançamento” do concurso para a ala pediátrica, ao passo que a nova ministra da tutela, Marta Temido, afirmou ainda não haver data para o procedimento.
Jorge Pires admite criar um “movimento do país real” para se candidatar a eleições, “se for preciso já nas próximas eleições legislativas [em 2019], caso não avance a Ala Pediátrica. A intenção é “ter uma voz ativa na política”.
De acordo com Jorge Pires, citado pelo Público, as “7.500 assinaturas” necessárias para criar um movimento que se candidate a eleições são “o mais fácil”. “Pessoas de vários setores de atividade em Portugal têm falado comigo sobre como se sentem injustiçadas pela forma de fazer política em Portugal”, descreveu.