
O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, deixou esta sexta-feira, 8 de maio, um aviso claro às empresas que operam a rede de autocarros Unir: se os incumprimentos persistirem, os contratos podem ser colocados em causa.
“Não é o que eu gostava, mas tenho de dizer que isso tem de estar em cima da mesa porque nós não podemos aguentar sete anos disto”, afirmou, no final da reunião do Conselho Metropolitano, onde estiveram presentes os 17 autarcas da região (via Porto Canal).
A AMP lançou recentemente uma empresa pública para reforçar a fiscalização e supervisão da operação da rede, que arrancou em dezembro de 2023. Apesar de algumas melhorias, continuam a registar-se falhas graves em determinados lotes. “Neste momento estamos nas mãos de um contrato e de um vencedor de um concurso que teve um período de tolerância e agora ou cumpre, ou vai embora e dá lugar a outro”, declarou o também presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia.
Durante a reunião, o presidente da Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), Marco Martins, apresentou um ponto de situação da operação. Um dos problemas abordados foi a ausência de viaturas substitutas quando há necessidade de inspeção. Eduardo Vítor Rodrigues sublinhou: “Não pode acontecer ter autocarros que, no dia em que vão à inspeção, deixam de operar”.
Operadores visados e falhas na comunicação de quilómetros
O presidente da AMP reconheceu que existem diferenças na qualidade do serviço entre os vários operadores: “Há lotes em que as coisas estão bem, há lotes em que as coisas estão menos bem e há lotes em que as coisas estão mal”.
O maior foco de preocupações recai sobre o lote 4 (Gaia e Espinho), explorado pela Transportes Beira Douro, pertencente à Auto Viação Feirense. Segundo Marco Martins, a empresa não tem comunicado os quilómetros percorridos, elemento essencial para o pagamento dos serviços. “Esta semana fiz uma diligência com o proprietário e ontem enviou os quilómetros, e se ele não reporta, a AMP não pode pagar”, explicou.
Sobre as críticas dos operadores quanto aos atrasos nos pagamentos, Martins contrapôs: “Os operadores queixam-se muito que não recebem, mas não é bem assim. A receita dos quilómetros são 92% da receita deles”.
Adicionalmente, o responsável apontou que ainda há verbas por transferir para a AMP, nomeadamente as receitas dos bilhetes vendidos a bordo. Ao mesmo tempo, o Estado continua em falta com os pagamentos relativos aos passes dos antigos combatentes.
A rede Unir está dividida em cinco zonas operacionais: Norte Nascente (Nex Continental), Norte Poente (Porto Mobilidade), Norte Centro (Vianorbus), Sul Poente (Transportes Beira Douro) e Sul Nascente (Xerbus).